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Cruzamentos sem padrão confundem pedestres

Pesquisa aponta que há 52 tipos diferentes na cidade de São Paulo

Os motoristas e as campanhas de respeito aos pedestres também são prejudicadas, afirma especialista

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Há cruzamentos sem faixa de pedestre; outros a têm em algumas ou todas as direções. Há aqueles com semáforos de veículos, de pedestres, os com botões para acioná-los; os que têm rotatórias, mão dupla e por aí vai.

E esse é o problema. Sem padrão, é mais difícil se acostumar e "entender como funcionam" as esquinas.

Um mapeamento feito nas ruas de São Paulo mostrou que há nada menos que 52 tipos diferentes de cruzamentos na cidade, o que torna a vida do pedestre bem mais complicada.

O estudo, feito por Luiz Carlos Néspoli, superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), conclui que tantas configurações confundem o pedestre e o motorista, e contribuem para o desrespeito da preferência ao pedestre.

Além disso, prejudicam a eficácia de campanhas educativas, como o Programa de Proteção ao Pedestre, lançado pela prefeitura há 16 meses, que reduziu em 10,7% o número de pedestres mortos no município no primeiro ano.

Os cruzamentos concentram a maior parte das faixas de travessia de pedestres, por isso são os locais de maior complexidade e risco de atropelamentos.

PADRÃO

A Folha circulou por cinco cruzamentos na última semana, na região central: rua Pamplona com alameda Rio Claro, Barão de Tatuí com Baronesa de Itu, Antônio Carlos com Augusta, Fernando de Albuquerque com Bela Cintra e Pará com Bahia.

Em todos eles, em menos de um minuto foi possível flagrar desrespeito à preferência do pedestre, como motoristas avançando o sinal com pedestres sobre a faixa. "É mais fácil educar quando as regras são claras", diz Néspoli.

Há casos em que o tempo de espera para a travessia vai até 4 minutos e outros bem menores. Para Néspoli, esse desequilíbrio explica por que os pedestres acabam aproveitando as "brechas" entre carros para atravessar, mesmo com o semáforo vermelho.

Ele atribui a profusão de sinalizações diferentes aos projetos da prefeitura serem historicamente mais focados na fluidez do trânsito do que na segurança do pedestre e às diferentes políticas e projetos ao longo dos anos.

Para padronizar os cruzamentos, a médio prazo, Néspoli sugere medidas como faixas de pedestre em todas as esquinas; semáforos para pedestres em todo local que tiver o de veículos; fim das botoeiras e recuo da faixa em direção ao meio da quadra.

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