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Teatro Paiol reabrirá com 'ares verdes' no centro

Ecossustentável, sala reestreia em outubro

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Em setembro de 1971, o número 164 da rua Amaral Gurgel, no centro de São Paulo, vivia uma noite de glamour. Convidados, como os cônsules dos EUA e da Áustria, assistiam à primeira exibição da peça "Abelardo e Heloísa", um dos espetáculos de maior sucesso daquele ano.

Na década de 1990, as mesmas cadeiras outrora usadas por nobres convidados acomodavam apreciadores de filmes pornográficos. Já nos anos 2000, estavam vazias: o local caiu no abandono, vítima da decadência do centro.

Em 2012, o espaço do teatro Paiol, palco de atores como Paulo Goulart e Nicette Bruno, estava ameaçado de virar um estacionamento.

Quando soube disso, o ator Marcelo Mendes decidiu alugar o espaço e formar uma força-tarefa para transformá-lo no primeiro teatro "ecossustentável do país", conta.

A reforma, coordenada por Mendes, pelo Instituto Cio da Terra e pelo Estúdio Orígo, tem a proposta de aproveitar materiais reciclados e reutilizar os recursos gerados ali.

O grupo segue o conceito da permacultura -manejo sustentável dos recursos naturais para causar o menor impacto ambiental possível.

As barreiras acústicas no teto, por exemplo, são feitas com massa de gesso, papel, cola e farinha. O banheiro terá um sistema de reaproveitamento de água. O sistema de refrigeração usará água da chuva e luz do sol.

Tudo isso feito com a ajuda de voluntários e pouco dinheiro -história similar à do início do espaço, lembra a atriz Miriam Mehler.

Foi ela, ao lado do então marido Perry Salles, que criou o Paiol, em 1969. O projeto do arquiteto Rodrigo Lefèvre também tinha ares sustentáveis: as cadeiras eram reaproveitadas e a acústica foi melhorada por meio de buracos feitos nos tijolos.

"Não tínhamos mais dinheiro. Mas a acústica ficou perfeita", lembra Miriam, que em 1979 passou o Paiol para Goulart e Nicette, que ficaram lá até os anos 1990.

A parede de tijolos furados continua intacta e poderá ser conferida a partir de 6 de outubro, quando o Paiol reabre.

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