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Venda de terreno em Perdizes revolta comunidade polonesa

Área que reunia descendentes foi vendida e agora eles querem saber o destino do dinheiro

Espaço é avaliado em R$ 10 mi e dará lugar a uma loja de carros; nova sede para o grupo ainda não foi comprada

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

A casa grande e cercada de árvores na esquina da avenida Sumaré com a rua professor João Arruda, em Perdizes (zona oeste), servia para encontros da comunidade polonesa e abrigava idosos desde 1976. Avaliada em R$ 10 milhões, a área agora dará espaço a uma loja de carros.

Seria só mais um exemplo do boom imobiliário não fosse a polêmica iniciada entre poloneses e descendentes. Eles acionaram o Ministério Público e o Consulado da Polônia para que uma nova sede seja providenciada.

A comunidade busca saber, desde 2009, o paradeiro do dinheiro obtido na venda da área onde funcionava a Casa Sanguszko de Cultura Polonesa, fundada pelo príncipe polonês Roman Sanguszko.

O casarão que existia no terreno de 3.427 m² foi demolido e uma empresa faz a terraplanagem para a construção de uma concessionária Caoa.

Na prefeitura, o alvará para a obra foi concedido à Sociedade Sanguszko de Beneficência. A entidade disse à Folha que a venda ainda não foi concluída (leia nesta pág.). A rede de concessionárias Amazonas, porém, confirmou que comprou a propriedade e já a revendeu para a Caoa.

REALEZA

O terreno foi adquirido em 20 de junho de 1973 pelo príncipe e registrado em nome da Sociedade Sanguszko de Beneficência. A inauguração, em 1975, teve a presença do nobre, que vivia no Brasil e era descendente da realeza polonesa do século 14.

Em maio de 2009, organizações polonesas (Coral Polonês da Cidade, ex-combatentes, escoteiros, entre outros) assinaram um protocolo de intenções para a nova estrutura da entidade.

Só que cinco meses depois, o local foi posto à venda. As entidades polonesas foram orientadas a tirar seus objetos (um piano, tapetes e outras peças de decoração).

A proposta de compra foi do grupo Amazonas: R$ 10 milhões, em dez vezes. A negociação teria sido encabeçada pelo príncipe Paulo Sanguszko, também chamado de Paul François Prince Sanguszko, neto do fundador.

Pelo estatuto da entidade, a nova sede deveria ser comprada, o que ainda não ocorreu. Segundo membros da comunidade, Paulo Sanguszko não revelou o que foi ou será feito com o dinheiro nem providenciou a nova casa.

Preocupados, descendentes de poloneses procuraram o Ministério Público, que arquivou o caso, informando que não era de sua alçada.

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