'Gafanhoto' do mar, peixe-leão deve chegar ao Brasil

Uma grave ameaça vem do mar e fatalmente deve chegar ao Brasil. Trata-se do peixe-leão, típico dos oceanos Índico e Pacífico.

Exótico, o animal colorido, com longas nadadeiras, é muito procurado por amantes de aquário.

Atrás do vidro, ele pode encantar, mas no mar do Atlântico o peixe-leão, venenoso, praticamente não encontrou predador e tem comido todo tipo de peixe, lagosta e camarão que encontra pela frente.

Estudos no Caribe mostram que ele come uma variedade de até 50 tipos de peixe e crustáceo. O apetite do peixe-leão já prejudica de maneira grave a pesca na América Central.

Mais uma vez, a suspeita dos pesquisadores é que o homem seja o culpado pela introdução do peixe-leão no Atlântico -aquaristas teriam soltado o peixe no mar, perto de Miami.

Segundo Tommaso Giarrizzo, coordenador do Grupo de Ecologia Aquática da UFPA (Universidade Federal do Pará), os primeiros registros do animal no Atlântico foram em 1985.

Outra hipótese é que o furacão Andrew, em 1992, tenha arrastado o peixe para o meio marinho.

Geralmente solitário, vive mais no fundo do mar. Por ter uma toxina, acaba por repelir predadores potenciais.

O desequilíbrio que tem provocado na América Central está sendo discutido por pesquisadores e revistas especializadas no mundo todo.

E a ameaça não está tão longe: o peixe-leão foi visto na Venezuela, a 1.500 km da foz do Oiapoque, no Amapá. Giarrizzo diz não ser possível prever quando o peixe chegará ao Brasil.

"Mas se levou 12 anos para sair de Miami e ocupar esse trecho na América Central, para percorrer os 1.500 km até o Brasil podem ser cinco ou dez anos", afirma.

Entre os peixes comerciais, potenciais vítimas, estão os de grande porte -já que o peixe-leão come os peixes que seriam alimento deles e também a lagosta, de alto valor comercial.

Pela falta de predador, países da América Central têm promovido uma "caçada", estimulando a captura do peixe-leão.