Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Risco de atraso na limpeza do Tietê faz Estado cobrar Sabesp

Cetesb exige que estatal cumpra prazo estabelecido por decreto de Alckmin

Agência pede que haja revisão do cronograma de obras para que a 3ª fase do Projeto Tietê seja concluída em 2015

EMILIO SANT’ANNA
DE SÃO PAULO

A possibilidade de atraso nas obras de despoluição do rio Tietê levou a Cetesb (agência ambiental paulista) a cobrar formalmente a Sabesp, estatal de saneamento ligada ao governo de SP, para que os prazos sejam cumpridos.

Em documento, enviado no dia 3 deste mês à presidente da Sabesp, Dilma Pena, a Cetesb pede a "readequação do cronograma de obras" para que a terceira fase do Projeto Tietê seja concluída até 2015.

O projeto prevê a despoluição total do rio até 2020, quando ele deverá deixar de receber esgoto in natura. Até 2015, quando deve acabar a terceira fase, a meta é elevar a coleta de esgoto na Grande São Paulo de 85% para 87%, e o tratamento de 72% para 84%.

No ofício, a Cetesb pede a apresentação do novo cronograma e questiona a Sabesp quanto ao cumprimento do prazo, fixado em decreto de junho de 2012 do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

O decreto institui a "Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável do Estado de São Paulo 2020", com base nas premissas traçadas pela Rio+20, conferência ambiental ocorrida este ano no Rio.

Segundo a Cetesb, a Sabesp precisa concluir a fase 3 até 2015, apesar de a empresa de saneamento ter dito que o decreto não estabelece metas e sim "diretrizes", que não demandam a mudança do cronograma das obras.

O documento da Cetesb foi assinado pelo então diretor-presidente em exercício da agência, Nelson Bugalho.

PROMOTORIA

"Desde o final da etapa 1 do Projeto Tietê, a Sabesp vem postergando o cronograma estabelecido. Em razão disto, foi estabelecido um decreto estadual", diz o promotor responsável pelo caso, José Eduardo Ismael Lutti.

O documento da Cetesb é parte do inquérito civil instaurado pelo Ministério Público. "A Sabesp, mais uma vez, pede prorrogação. O que ela está dizendo para a Cetesb é 'não vou cumprir e não quero que você me multe'."

Sabesp, Estado, Prefeitura de São Paulo e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) -que financia o projeto- são alvos de uma ação civil pública movida pela Promotoria do Meio Ambiente.

A ação pede reparação de R$ 11,5 bilhões por danos ambientais causados pelo despejo de esgoto sem tratamento nos rios da região metropolitana de São Paulo.

A ação foi proposta após o fracasso da tentativa de assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta entre a Sabesp e a Promotoria.

Dos R$ 11,5 bilhões da indenização pedidos pelo Ministério Público, R$ 4,5 bilhões são referentes aos danos ambientais causados pelo não tratamento do esgoto.

Os R$ 7 bilhões restantes são referentes ao potencial de energia elétrica que a usina hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão, deixou de gerar desde 1992, ano em que o Projeto Tietê começou a ser implantado pelo governo.

A usina deveria ser abastecida pela represa Billings, mas como a água do Tietê não pode ser bombeada para a represa -devido à poluição-, não há vazão suficiente para produzir energia elétrica.

No dia 4 deste mês, a Justiça negou liminar ao Ministério Público, mas o mérito da ação ainda será julgado.

PROMESSAS

Iniciado há 20 anos, o Projeto Tietê recebeu investimentos de R$ 3,2 bilhões até hoje. A fase 3 tem aporte previsto de mais R$ 3,6 bilhões.

A meta original era chegar a 100% do esgoto coletado e tratado na região metropolitana em 2018. Após uma revisão, a data foi alterada para 2020.

Nesse tempo, não foram poucas as promessas em relação ao rio. Em 1992, o então governador Luiz Antonio Fleury Filho disse que um dia beberia a água do rio e que na sua gestão a poluição do Tietê seria reduzida em 50%.

No mês passado, Alckmin anunciou que o rio deve perder o seu mau odor até 2015, ano em que também será possível encontrar ao menos um tipo de peixe, mais resistente, nadando em suas águas.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.