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Bondinho, 100

Em cem anos, completados hoje, o famoso teleférico já levou aproximadamente 40 milhões de pessoas pelos céus do Rio de Janeiro

Marcelo Cortes/Fotoarena/Folhapress
O bondinho do Pão de Açúcar, na quarta-feira passada
O bondinho do Pão de Açúcar, na quarta-feira passada

FABIO BRISOLLA
DO RIO

O equipamento funciona como um teleférico, mas por sua semelhança com os bondes que circulavam pelas ruas do Rio de Janeiro no início do século passado acabou sendo reconhecido assim pelos cariocas e, posteriormente, por todo o mundo.

Inaugurado em 27 de outubro de 1912, o bondinho do Pão de Açúcar completa hoje cem anos.

Na data de inauguração, o teleférico importado da Alemanha ia até a metade do caminho. Não chegava ao morro do Pão de Açúcar.

Partia da praia Vermelha, no bairro da Urca (zona sul), e subia por 220 metros de altura até o morro da Urca.

Três meses depois, em 18 de janeiro de 1913, o bondinho passou a fazer também o percurso do morro da Urca ao topo do Pão de Açúcar, um paredão rochoso com 396 metros de altura, que, mesmo antes da construção do teleférico, era uma referência da cidade.

O enorme rochedo -batizado de Pão de Açúcar em referência ao cone usado para armazenar açúcar, chamado de pão de açúcar pelos navegadores que transportavam este tipo de carga no século 16- é das paisagens mais pintadas e fotografadas da cidade, desde os primeiros viajantes como o francês Jean-Baptiste Debret e o austríaco Thomas Ender.

Por sua localização estratégica, na entrada da baía da Guanabara, tem em seu redor fortalezas construídas pelos portugueses durante a colonização.

Foi o engenheiro brasileiro Augusto Ramos quem teve a inusitada ideia de conectar os morros ainda quase inexplorados.

Formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Ramos recorreu a figuras conhecidas da alta sociedade carioca (como Eduardo Guinle e Raymundo Ottoni de Castro Maya) para promover o projeto dos teleféricos, ainda raros mesmo na Europa, onde eram fabricados.

REFORMULAÇÃO

Administrado pela Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, empresa criada pelo próprio Ramos, o bondinho passou por uma grande reforma 60 anos após a fundação.

Em outubro de 1972, uma segunda linha, paralela, foi inaugurada; os cabos de aços e os bondinhos foram trocados. Importadas da Itália, as novas cabines tinham capacidade para 75 passageiros. A versão original comportava no máximo 22 pessoas.

Com mais espaço e dois bondes em funcionamento, o fluxo aumentou de 115 para 1360 passageiros por hora.

Hoje, para que haja maior conforto, a capacidade foi reduzida para 65 pessoas, o que resulta em uma média de 1.200 passageiros/hora na alta temporada.

Ao longo de cem anos, aproximadamente 40 milhões de passageiros embarcaram nos bondinhos.

007 E EQUILIBRISTA

O responsável pela expansão dos equipamentos foi Cristóvão Leite de Castro, engenheiro que chegou à presidência da companhia e assumiu a concessão sobre a gestão do teleférico no fim dos anos 1960.

Contou ainda com alguns "passageiros" fora dos padrões.

O personagem James Bond interpretado por Roger Moore apareceu em uma cena de luta no alto do bondinho com o vilão Dentes de Aço no filme "007 Contra o Foguete da Morte" (1979).

Pouco tempo antes, o equilibrista Steven McPeak caminhou sobre o cabo de aço, no trecho mais alto do percurso do bondinho.

TERCEIRA LIGAÇÃO

O projeto original previa uma terceira ligação entre os morros de Urca e da Babilônia (que fica no Leme), descartada por cruzar uma área considerada de segurança nacional.

Cem anos depois, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) cogita negociar a instalação dessa linha com o governo federal, responsável pela área, protegida também pelo patrimônio histórico.

Na bilheteria é possível constatar que trata-se de patrimônio valorizado: a entrada custa R$ 53,00.

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