São Paulo, segunda-feira, 01 de janeiro de 2007

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Bônus da AL sobem pelo 5º ano seguido

Papéis de países da região têm em 2006 valorização superior à dos mercados de títulos de renda fixa na Europa e na Ásia

Bônus latino-americanos duplicaram de valor nos últimos cinco anos, segundo levantamento do JPMorgan Chase

LESTER PIMENTEL
VALERIE ROTA

DA BLOOMBERG

Os bônus latino-americanos subiram pelo quinto ano consecutivo em 2006 e registraram valorização superior à dos mercados de títulos de renda fixa na Europa e na Ásia, uma vez que as exportações recorde de petróleo, cobre e ouro ajudaram os governos da América Latina a quitar suas dívidas.
Os títulos da região denominados em dólares aumentaram 12,4% no ano passado, empurrando os rendimentos para baixas recordes em relação aos títulos do Tesouro dos EUA, segundo dados compilados pelo JPMorgan Chase.
Foi o melhor desempenho desses papéis desde 2004, quando a dívida mobiliária da América Latina rendeu um retorno de 13,3%. Os bônus latino-americanos duplicaram de valor nos últimos cinco anos, de acordo com o levantamento do JPMorgan Chase.
""Vimos esses países agirem com responsabilidade", afirmou Kristin Ceva, estrategista de títulos de renda fixa da Payden & Rygel, empresa que administra mais de US$ 50 bilhões em ativos. ""Alguns [desses países] não tiveram essa atitude nos surtos cíclicos de crescimento anteriores."
Os governos da Argentina e do Brasil quitaram mais de US$ 25 bilhões em dívidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em dezembro de 2005, rompendo duas décadas de dependência em relação à instituição de crédito sediada em Washington.
A alta de seus títulos poderá se desacelerar neste ano, pressionada por preocupações de que o ágio de rendimento em relação ao dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos está baixo demais para remunerar os riscos enfrentados pelos investidores ao aplicar nos mercados emergentes.
Os bônus em dólares dos mercados emergentes renderam em 2006, em média, 1,67 ponto percentual mais do que os títulos do Tesouro americano, uma queda em relação aos 2,45 pontos percentuais de retorno vigentes no final de 2005 e aos 11,2 pontos percentuais registrados no final de 2001, quando a Argentina descumpriu os compromissos de sua dívida.
Os bônus latino-americanos denominados em dólares deram mais retorno no ano passado do que qualquer outro mercado de títulos de renda fixa negociados em dólares. Os bônus em dólares comercializados por países do Leste Europeu, da África, do Oriente Médio e da Ásia subiram 8,1%, segundo o JPMorgan Chase.
Os bônus dos governos dos países europeus desenvolvidos deram um retorno de 11,7% em dólares, de acordo com dados da Merrill Lynch, enquanto os títulos do Tesouro dos Estados Unidos tiveram valorização de 3,2%.
As exportações desencadearam a aceleração do crescimento econômico dos países latino-americanos, além de aumentarem a arrecadação fiscal e as reservas cambiais de seus bancos centrais. Os governos de Brasil, Colômbia, México e Venezuela empregaram os afluxos de dólares para reduzir a dívida externa antes do prazo.
""Os preços das commodities fizeram alguns dos emitentes de títulos dos mercados emergentes parecerem melhores créditos", disse Arthur Byrnes, presidente do conselho administrativo da Deltec Asset Management, empresa que administra cerca de US$ 800 milhões em ativos. Ele pretende em 2007 deslocar mais recursos para bônus dos mercados emergentes denominados em moeda local para impulsionar os retornos.


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