São Paulo, terça-feira, 01 de março de 2005

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RETOMADA

IBGE divulga hoje crescimento da economia no ano passado; mercado interno ampliou papel em relação às exportações

Analistas prevêem alta de 5% no PIB de 2004

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira cresceu aproximadamente 5% no ano passado; neste ano, o crescimento deve ser menor, algo mais próximo de 3,5%, apontam as estimativas de analistas.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga hoje os números do PIB (Produto Interno Bruto -soma dos valores de todos os bens e serviços finais produzidos no ano) de 2004. Se confirmadas as avaliações de analistas e consultorias, a taxa de crescimento do ano passado ficou em cerca de 5%, depois de um 2003 em que a economia ficou praticamente estagnada, com expansão de modesto 0,54%.
Os números que serão revelados hoje devem mostrar um padrão muito diferente de crescimento. Até 2003, a economia era sustentada pelas exportações. De fato, naquele ano, as vendas externas evitaram uma retração do PIB. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), por exemplo, estima que, em 2003, a contribuição do mercado interno para o crescimento tenha sido negativa (-1,1 ponto percentual), enquanto a da demanda externa foi positiva em cerca de 1,6 ponto percentual, o que garantiu o crescimento de 0,54% registrado naquele ano.
Em 2004, ainda segundo estimativas do Ipea, a contribuição do mercado interno para o crescimento foi muito mais relevante: ele deve ter sido responsável por quatro pontos percentuais do crescimento estimado em 5,2%.
No último trimestre do ano, ainda segundo o Ipea, o que surpreendeu os analistas foi a inesperada queda da taxa de crescimento dos investimentos. Eles devem ter crescido bem menos de 10%, número inferior aos 13,7% estimados pelo instituto em dezembro. "Vários dados divulgados após aquele período mostram uma desaceleração do ritmo do investimento", diz Estêvão Kopschitz, economista do Ipea.
Os economistas da Tendência também esperam desaceleração do investimento, mas fazem a ressalva de que, ainda que o resultado seja ruim no último trimestre, a alta no ano é considerável. Em 2004, mostram as estimativas da consultoria, os investimentos devem ter crescido algo em torno de 8,6%, o que elevaria a taxa de investimento para 19% do PIB, ainda baixa, mas superior aos 17,8% de 2003.
Neste ano, também segundo a Tendências, o resultado deve ser mais moderado, com a economia se expandindo apenas 3,5%. "[Indicadores como] o movimento das estradas, a produção de veículos e de papel ondulado apontam queda em janeiro em relação a dezembro", lembra Juan Jensen, analista da consultoria.
Ele avalia que parte da queda é explicada pelo movimento forte de dezembro, que levou produtores a se ajustarem no mês de janeiro. Ainda assim, ele estima que a desaceleração da indústria e a alta de juros devam contribuir para que o crescimento deste ano seja mais modesto.
Sérgio Vale, da MB Associados, também projeta crescimento maior neste ano, quando a economia deve se expandir, na avaliação dele, 3,5%. Vale espera que o IBGE divulgue hoje taxa de crescimento muito próximo aos 5% para 2004. " A política monetária, que estendeu a alta de juros por mais tempo do que o esperado [anteriormente], vai ter impactos negativos no nível de atividade no segundo semestre", disse Vale.


Colaborou Maeli Prado, da Reportagem Local

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