São Paulo, terça-feira, 01 de março de 2005

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EMPRESAS

Para estatal, alta no consumo de petróleo pode adiar planos de antecipar meta para este ano; produção caiu 3% em 2004

Petrobras vê auto-suficiência só em 2006

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras já reconhece que o aumento do consumo de derivados de petróleo -de 5% no ano passado- pode atrapalhar seus planos de antecipar a meta de auto-suficiência (a empresa ainda importa uma pequena parte do petróleo) para o final de 2005.
"Se mantiver o mesmo ritmo de crescimento, é possível que só seja mesmo alcançada em 2006", afirmou o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella.
A meta foi originalmente concebida para 2006, mas a atual gestão da companhia trabalhava com a perspectiva de atingir o objetivo ao final deste ano.
A previsão da companhia é que a produção de óleo chegue a 1,850 milhão de barris/dia no fim de 2005, contra a média de 1,493 milhão de barris/dia em 2004. A projeção, porém, já é menor do que o volume médio consumido em 2004 -1,879 milhão de barris-, sem considerar a expansão do consumo.
A estatal prevê crescimento médio de 2,4% no consumo até 2010, mas já admite rever essa projeção para cima. No ano passado, a produção nacional de petróleo caiu 3% (a primeira retração desde 1992), o que fez crescer em 62% as importações.
O incremento da produção ocorrerá em razão da entrada em operação de duas plataformas e do aumento dos volumes produzidos de outras três, que acabaram de iniciar suas atividades ou passaram por problemas técnicos no ano passado.
Somadas, essas unidades acrescentarão uma capacidade nominal (que não será alcançada totalmente neste ano) de 580 mil barris/dia.
Para 2005, a Petrobras prevê investir cerca de R$ 30 bilhões, o maior volume da história da empresa. No ano passado, o total ficou em R$ 21,7 bilhões.
Segundo o diretor financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a expansão dos investimentos será possível graças ao aumento da geração de caixa da companhia.

Efeito cambial
Ao comentar os resultados do balanço divulgado na sexta-feira, Gabrielli disse, em entrevista, que o principal impacto negativo foi o efeito cambial, que elevou as despesas fincarias da companhia em R$ 3,7 bilhões.
O motivo foi a menor apreciação do real em 2004 -de 8%, ante 18% em 2003. Isso afetou especialmente o caixa da companhia, pois a empresa aplica boa parte de suas sobras em títulos cambiais. O objetivo é fazer "hedge" (proteção), já que tem custos em dólar.
O lucro da Petrobras cresceu, em 2004, apenas 0,37%. Passou de R$ 17,795 bilhões para R$ 17,861 bilhões. Diferentemente de especialistas, Gabrielli não relacionou o desempenho à defasagem dos preços em relação ao mercado internacional.
Outros fatores que afetaram o desempenho da companhia, segundo ele, foram os aumentos dos custos com equipamentos de exploração e produção por causa da alta do aço e do aquecimento do setor de petróleo no mundo e a elevação da taxa de juro nos EUA. No caso dos juros americanos, o impacto recai sobre cerca de 50% das dívidas da empresa, que estão atreladas aos juros americanos.


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