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EMPRESAS
Para estatal, alta no consumo de petróleo pode adiar planos de antecipar meta para este ano; produção caiu 3% em 2004
Petrobras vê auto-suficiência só em 2006
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras já reconhece que o
aumento do consumo de derivados de petróleo -de 5% no ano
passado- pode atrapalhar seus
planos de antecipar a meta de auto-suficiência (a empresa ainda
importa uma pequena parte do
petróleo) para o final de 2005.
"Se mantiver o mesmo ritmo de
crescimento, é possível que só seja
mesmo alcançada em 2006", afirmou o diretor de Exploração e
Produção da Petrobras, Guilherme Estrella.
A meta foi originalmente concebida para 2006, mas a atual gestão
da companhia trabalhava com a
perspectiva de atingir o objetivo
ao final deste ano.
A previsão da companhia é que
a produção de óleo chegue a 1,850
milhão de barris/dia no fim de
2005, contra a média de 1,493 milhão de barris/dia em 2004. A projeção, porém, já é menor do que o
volume médio consumido em
2004 -1,879 milhão de barris-,
sem considerar a expansão do
consumo.
A estatal prevê crescimento médio de 2,4% no consumo até 2010,
mas já admite rever essa projeção
para cima. No ano passado, a produção nacional de petróleo caiu
3% (a primeira retração desde
1992), o que fez crescer em 62% as
importações.
O incremento da produção
ocorrerá em razão da entrada em
operação de duas plataformas e
do aumento dos volumes produzidos de outras três, que acabaram de iniciar suas atividades ou
passaram por problemas técnicos
no ano passado.
Somadas, essas unidades acrescentarão uma capacidade nominal (que não será alcançada totalmente neste ano) de 580 mil barris/dia.
Para 2005, a Petrobras prevê investir cerca de R$ 30 bilhões, o
maior volume da história da empresa. No ano passado, o total ficou em R$ 21,7 bilhões.
Segundo o diretor financeiro da
Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a
expansão dos investimentos será
possível graças ao aumento da geração de caixa da companhia.
Efeito cambial
Ao comentar os resultados do
balanço divulgado na sexta-feira,
Gabrielli disse, em entrevista, que
o principal impacto negativo foi o
efeito cambial, que elevou as despesas fincarias da companhia em
R$ 3,7 bilhões.
O motivo foi a menor apreciação do real em 2004 -de 8%, ante
18% em 2003. Isso afetou especialmente o caixa da companhia, pois
a empresa aplica boa parte de suas
sobras em títulos cambiais. O objetivo é fazer "hedge" (proteção),
já que tem custos em dólar.
O lucro da Petrobras cresceu,
em 2004, apenas 0,37%. Passou de
R$ 17,795 bilhões para R$ 17,861
bilhões. Diferentemente de especialistas, Gabrielli não relacionou
o desempenho à defasagem dos
preços em relação ao mercado internacional.
Outros fatores que afetaram o
desempenho da companhia, segundo ele, foram os aumentos
dos custos com equipamentos de
exploração e produção por causa
da alta do aço e do aquecimento
do setor de petróleo no mundo e a
elevação da taxa de juro nos EUA.
No caso dos juros americanos, o
impacto recai sobre cerca de 50%
das dívidas da empresa, que estão
atreladas aos juros americanos.
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