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Sem crédito, cliente cancela pedido de avião
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
A falta de crédito para financiamento de aviões é o
principal componente da
crise responsável pelo impacto nos negócios da Embraer, que demitiu cerca
de 4.200 funcionários.
De acordo com funcionários da empresa que pediram para não ser identificados, cerca de 80% dos
clientes que optaram por
adiar o recebimento de
aviões encomendados tomaram a decisão depois
que bancos negaram empréstimos. Em alguns casos, o dinheiro estava garantido, mas a instituição
voltou atrás.
Os outros 20% pediram
o adiamento alegando previsão de queda na demanda por voos. Mais de 90%
da produção é destinada
ao mercado externo, principalmente América do
Norte (45%) e Europa
(17%), regiões fortemente
afetadas pela crise.
Com o grande número
de pedidos de adiamento,
a Embraer reviu para baixo a previsão de entrega de
aeronaves em 2009 para
142 -foram 204 em 2008.
Na aviação comercial, que
responde por 63% da receita da empresa, devem
ser entregues 115 jatos.
Se confirmado, o resultado vai representar um
recuo de 29% em relação a
2008, quando a Embraer
entregou 162 aviões comerciais. Levando-se em
consideração o preço
(US$ 33 milhões) do modelo 170, o mais barato da
família 170/190 de jatos
comerciais da fabricante, a
diferença de 47 aeronaves
representa cerca de
US$ 1,5 bilhão (R$ 3,5 bilhões) a menos no caixa.
Antes do agravamento
da crise, em setembro, a
Embraer previa entregar
até 350 aviões neste ano.
Para dar conta dos pedidos, a empresa aumentou
o número de funcionários,
que saltou de 19,2 mil em
2006 para 23,7 mil em
2007, e abriu um terceiro
turno de produção.
A Folha apurou que o
terceiro turno em São José dos Campos pode acabar. Via assessoria, a Embraer disse que essa alteração "não está em vista".
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