São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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TURBULÊNCIA

Entidade internacional recomenda teto menor para iniciar estoques de emergência; banco vê ameaça de "superpicos" no preço

Agência dá alerta sobre riscos do petróleo

DA REDAÇÃO

A IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês) vai divulgar no próximo mês um estudo em que defende que os países importadores de petróleo devem fazer estoques de emergência do combustível, caso a oferta mundial do produto caia em 1 milhão ou 2 milhões de barris/dia.
Esse limite fica bem abaixo do teto oficial para começar esse tipo de racionamento, que é de 7% da oferta mundial de petróleo, ou 6 milhões de barris por dia. A queda sugerida como teto pela IEA equivale à que aconteceu durante a Guerra do Iraque (2003) e durante a greve na Venezuela (2002), por exemplo. A agência sugere que os países implantem políticas de restrição de demanda, como rodízio de carros ou semanas de trabalho mais curtas.
O petróleo subiu 2,6% e passou de US$ 55 ontem na Bolsa de Nova York, após um relatório do Goldman Sachs afirmando que o combustível entrou em um período de "superpicos" e pode atingir US$ 105.
A alta foi causada também pela preocupação com estoques menores de gasolina antes do verão americano, quando aumenta a demanda, e pelo movimento de compra devido à queda do dólar.
O barril de referência da Bolsa de Nova York fechou a US$ 55,40, mas atingiu pico de US$ 56,10 durante o dia. Em Londres, o barril do tipo Brent fechou com cotação de US$ 54,29, alta de 4,2%.

"Superpicos"
Segundo o relatório do Goldman Sachs, divulgado ontem o petróleo entrou em um movimento de "superpicos", o que significa um período de vários anos com uma faixa de preços alta o suficiente para reduzir o consumo de energia. Com isso, eventualmente seria alcançada uma capacidade excedente confortável, que tranqüilizaria os mercados e levaria os preços a registrar queda.
O banco também aumentou a sua previsão para o preço do barril de petróleo da Bolsa de Nova York, para este ano e o próximo, para US$ 50 e US$ 55, respectivamente, ante previsão anterior de US$ 41 e US$ 40.
O petróleo registrou um preço médio de US$ 50,02 até agora neste ano, contra média recorde de US$ 41,48 no ano passado.

Recorde da Petrobras
A Petrobras divulgou ontem que bateu recorde na produção diária de petróleo no Brasil, com 1.650.947 barris. O feito ocorreu pouco antes do previsto.
No último dia 16, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, já afirmava que a estatal deveria bater o seu recorde de produção diária, mas a previsão era para este mês. Na ocasião, Dutra reafirmou que a auto-suficiência em petróleo pelo Brasil só deve ser alcançada em 2006.
O novo recorde de produção representa um aumento de 10,5% em relação à média diária de 2004.
Em nota, a Petrobras informou que o recorde foi obtido por causa da entrada em operação das plataformas P-43 (campo de Barracuda), em dezembro 2004 e P-48 (campo de Caratinga), em fevereiro último, além da "elevada" eficiência operacional das demais plataformas da bacia de Campos.
O anúncio do recorde de produção ocorreu no dia em que os petroleiros iniciaram uma paralisação de 24 horas para pressionar a Petrobras a elevar a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) paga aos trabalhadores.
A assessoria da Petrobras informou que não existe hipótese de haver desabastecimento de combustíveis no país por causa da paralisação dos trabalhadores.


Colaborou a Folha Online


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