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Instituição prevê inflação acima do centro da meta
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central aumentou
suas previsões para a inflação
em 2010 e 2011, que já estavam
acima da meta de 4,5% fixada
pelo governo. No Relatório Trimestral de Inflação divulgado
ontem, o BC projetou uma taxa
de 5,2% para o aumento dos
preços em 2010. Em dezembro,
a projeção estava em 4,6%.
Para 2011, a inflação ficaria
em 4,9% se os juros fossem
mantidos no patamar atual
(8,75% anuais), mas cairia para
4,4% se a taxa básica (Selic) subisse, conforme previsto pelo
mercado financeiro.
Há duas semanas, o BC decidiu deixar para abril o início do
novo ciclo de aumento dos juros esperado para este ano. No
mercado financeiro, a expectativa é que a Selic comece a subir
no próximo mês, para terminar
o ano em 11,25% ao ano.
O novo diretor de Política
Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos, que assumiu ontem o cargo em substituição a Mário Mesquita, afirmou que a demanda dos consumidores voltou a crescer mais
do que a oferta de produtos, o
que "certamente tem impactos
inflacionários". Disse também
que, se a capacidade produtiva
da economia brasileira não se
esgotou, está perto do limite.
O BC também vê com preocupação aumentos de salários
em alguns setores, o que pode
afetar preços. "[O aumento da
inflação no início do ano] se deve a fatores sazonais e também
à demanda mais aquecida do
que imaginávamos, que cresce
em um ritmo maior do que a
oferta pode atender", afirmou.
Para o BC, o maior risco neste momento é que a alta recente da inflação se torne um movimento permanente. Se isso se
confirmar, "os custos necessários para se trazer a inflação de
volta à trajetória das metas podem ser significativos". Isso
significa aumento de juros, ou,
como diz o BC, "ações tempestivas de política monetária".
Apesar dessa possibilidade, o
diretor do BC disse que o aumento de juros projetado no
mercado está de acordo com as
sinalizações da instituição.
Para o economista Roberto
Padovani, do Banco WestLB, o
BC indicou no relatório que a
decisão de subir a taxa Selic não
será adiada novamente, mas
também não deve alcançar uma
magnitude muito além do previsto pelos economistas.
"O relatório deixa claro que a
taxa de juros atual é completamente insustentável, gera crescimento inflacionário. Mostra
também que, se o BC elevasse
os juros muito cedo, em março,
poderia deixar a inflação de
2011 muito abaixo da meta, o
que também não é desejável."
Em dezembro, o BC estabeleceu uma "estratégia de saída"
das medidas de estímulo para
sair da crise, a ser implementada nos primeiros meses do ano.
Os três diretores que votaram
pelo aumento dos juros em
março defenderam a antecipação desse cronograma.
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