São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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Em 20 anos, indústria passa de arroz a celular

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial brasileira ficou mais sofisticada no intervalo de 20 anos entre 1979 e 1999. Produtos que nem sequer eram fabricados no país, como microcomputadores e telefones celulares, estão entre os cem mais fabricados. Aviões e motocicletas também estão agora entre os cem.
Mas as mudanças não foram suficientes para alterar o perfil estrutural da produção. "A estrutura da indústria brasileira segue sendo de bens intermediários e de bens de consumo não-duráveis, apesar da evolução", disse ontem Sílvio Sales, chefe do Departamento de Indústria do IBGE.
Sales participou da divulgação da Pesquisa Industrial Anual por Produto 1998-1999, cujos dados foram comparados com os do levantamento de 1979. A última pesquisa foi feita em 1981. Os dados servem, principalmente, para definir a estrutura de peso da PIM (Pesquisa Industrial Mensal) feita pelo IBGE. A base da atual PIM é o Censo Econômico de 1985.
A pesquisa de 1999 envolveu um universo de 16 mil indústrias, responsáveis por vendas no valor de R$ 308,57 bilhões, equivalentes a cerca de 70% das vendas industriais do país naquele ano.
As cem maiores atividades industriais correspondiam a R$ 149,52 bilhões, ou 48,46% do universo pesquisado. Em 1979, as cem maiores respondiam por 42,8% da pesquisa.
Embora mudanças de nomenclaturas e desmembramentos de produtos em várias denominações expliquem, em parte, a perda de importância relativa de vários itens, é fácil observar que a produção se sofisticou.
"Mesmo entre os bens de consumo não-duráveis, perderam espaço relativo produtos menos manufaturados, como o arroz beneficiado", disse Sales.
O arroz passou do 13º para o 59º lugar de 1979 a 1999. Alguns produtos pouco elaborados ainda entre os 20 mais vendidos em 1999 estão ligados ao complexo exportador, como o açúcar cristal e do suco de laranja concentrado.
Os automóveis, de diferentes potências de motores, são os três itens de consumo durável que fazem parte da lista dos 20 mais fabricados em 1999. O grupo dos intermediários caiu para oito e o dos não-duráveis subiu para oito.
Somadas as três categorias de automóveis produzidas em 1999, elas representaram vendas totais de R$ 12,7 bilhões, ou 4,25% do universo da pesquisa. Em 1979 os automóveis representavam 1,9% do total pesquisado.
Os combustíveis continuaram no topo da produção industrial do país após 20 anos. Considerados os automóveis em separado, o óleo diesel (combustível de caminhões e ônibus, principalmente) ficou em primeiro lugar em 1999, saltando do segundo lugar que ocupava em 1979.
A gasolina, o combustível dos automóveis, foi quem perdeu o primeiro lugar para o diesel, passando à terceira colocação. Estão ainda entre os 20 maiores de 1999 a nafta petroquímica e o óleo combustível, derivados de petróleo como a gasolina e o diesel.



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