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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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ORÁCULO DE WASHINGTON

Presidente do Fed vê retomada, mas teme queda nos gastos de empresas e critica corte de impostos

Baixo investimento preocupa Greenspan

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana tem tudo para voltar a crescer de maneira mais acelerada, agora que a Guerra do Iraque chegou ao fim, disse Alan Greenspan, o presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA). Mas a retração dos investimentos continua a representar a principal trava à retomada do país.
"A economia está preparada para crescer a um ritmo notadamente melhor do que no ano passado", afirmou ontem Greenspan, em depoimento à comissão de assuntos financeiros da Câmara dos EUA, em Washington.
Mas o presidente do Fed disse que, "infelizmente", os indicadores disponíveis apresentam "sinais mistos" e ainda não dá para prever quando a atividade recuperará seu antigo vigor. E advertiu: "Precisamos estar atentos à possibilidade de que a manutenção da cautela das empresas possa ser um empecilho à melhora do desempenho econômico".
De fato, a então iminência de uma guerra no Iraque havia abalado a confiança tanto de consumidores como de empresários. A queda do regime de Saddam Hussein reabilitou a expectativa da população sobre as condições econômicas. Mas as empresas do país seguem reticentes.
Segundo números divulgados pouco antes das declarações do presidente do Fed, o índice dos gerentes de compra da região de Chicago caiu ao menor nível dos últimos seis meses. Para os analistas, a deterioração prenuncia que o índice sobre a atividade industrial, a ser divulgado hoje, também mostrará um declínio.
Greenspan voltou a criticar o projeto de redução de impostos proposto pelo presidente norte-americano, George W. Bush. "Não mudei de opinião."
O presidente do Fed afirmou que a eliminação da dupla cobrança de impostos sobre dividendos de ações, como quer Bush, teria efeitos benéficos no longo prazo. Mas agora não seria o momento de reduzir a arrecadação tributária -o que só poderia se feito com a contrapartida de um corte nos gastos do governo.

Novo mandato
As críticas de Greenspan ao projeto despertaram a ira dos republicanos mais conservadores. Alguns chegaram a sugerir que Bush não deveria indicar o atual presidente do Fed para um novo mandato, quando o atual se encerrar, no ano que vem. Mas, na semana passada, o presidente dos EUA já disse que defenderá a permanência de Greenspan.
O presidente do Fed deixou a porta aberta para um novo corte nos juros. "Ainda temos espaço na política monetária."
A taxa de curto prazo do Fed para empréstimos a instituições financeiras está hoje em 1,25% ao ano, a menor desde 1961. A próxima reunião do conselho de política monetária do BC dos EUA ocorrerá na próxima terça-feira.
Em um outro sinal de que poderá ocorrer um novo corte nos juros, o presidente do Fed demonstrou certa receito com uma possível deflação. "Com a inflação já em níveis baixos, uma queda mais acentuada seria indesejada, porque ameaçaria as margens de lucros e impediria a retomada do ciclo de investimentos", afirmou.
Greenspan disse ainda que, por ora, a Sars tem efeitos limitados, atingindo sobretudo o turismo.


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