São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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LUÍS NASSIF

O caminho do Oriente

É bom que os olhos do país se desviem um pouco da China e passem a olhar com mais carinho o Oriente Médio.
Em fevereiro de 2003, a Câmara de Comércio Árabe Brasileira apresentou a Lula um estudo que demonstrava a possibilidade de as exportações brasileiras para a região saltarem de US$ 2,6 bilhões para US$ 7 bilhões até o final do governo. Para este ano, as perspectivas são de US$ 3,6 bilhões.
No primeiro trimestre do ano, as exportações cresceram 56%. Para o primeiro quadrimestre, devem saltar para mais de 60%.
Ponto central nessa reviravolta foi a visita de Lula a Dubai. A visita teve o condão de atingir um ponto sensível da cultura árabe: o coração. A espontaneidade do visitante, a maneira como se referiu às relações entre as culturas espalharam-se como um raio pela região, na avaliação do presidente da Câmara, Paulo Sérgio Atallah.
Não existe uma "porta de entrada" para o Oriente Médio, conforme vulgarmente se supõe. As vendas para a região dependem apenas de visitar a região. Há um grande potencial na Arábia Saudita. Mas quem está se tornando o ponto de referência na região é Dubai, um dos sete Emirados Árabes Unidos, região, aliás, que está na mira da Método Engenharia.
Há 15 anos o xeque Muhamad Maktoun começou revolução na cidade. As reservas de petróleo se esgotaram, e o xeque utilizou os recursos para contratar consultores internacionais para dar um rumo econômico à cidade.
A visão de marketing pode ser observada na proposta feita para sediar a reunião anual do FMI. O xeque fez todos os investimentos requeridos e deu visibilidade internacional ao emirado.
A visão de negócios e a estabilidade política passaram a atrair todos os setores de ponta da região. O xeque criou um bairro de nome Midia City, que passou a unificar todos os escritórios de agências de notícia da região. Depois, a Internet City atraiu todos os desenvolvedores de sistemas. O Health City atraiu os principais hospitais de ponta da região, assim como especialistas estrangeiros.
Em Jebel Ali, houve investimentos que ajudaram a construir um dos portos mais modernos do mundo. Hoje é o maior porto de desembarque de produtos Sony do mundo.
Dubai já está atraindo empresas brasileiras, como a Método Engenharia. E foi lá que Lula teve um almoço que está mudando as relações comerciais com o Oriente Médio.

Algodão e Itamaraty
O ex-chanceler Celso Lafer entra em contato para comentar as informações da coluna de ontem, sobre a relutância do Itamaraty em abrir o painel na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra os subsídios ao algodão norte-americano.
Para a abertura de painéis, há a necessidade de modelagens econométricas para mensurar o prejuízo causado pelas práticas de dumping. No caso da soja, o desafio era maior, porque não se tratava de prejuízos, mas de lucros cessantes, cuja comprovação exige estudos mais complexos.
Decidiu-se entrar com o painel do algodão contra os Estados Unidos, pelo fato de o setor ser mais frágil no Brasil. Depois, o próprio Itamaraty sugeriu a abertura de um painel contra a União Européia, com a Camex (Câmara do Comércio Exterior) definindo-se pelo açúcar.

E-mail - Luisnassif@uol.com.br


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