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LUÍS NASSIF
O caminho do Oriente
É bom que os olhos do país
se desviem um pouco da
China e passem a olhar com
mais carinho o Oriente Médio.
Em fevereiro de 2003, a Câmara de Comércio Árabe Brasileira apresentou a Lula um estudo que demonstrava a possibilidade de as exportações brasileiras para a região saltarem
de US$ 2,6 bilhões para US$ 7
bilhões até o final do governo.
Para este ano, as perspectivas
são de US$ 3,6 bilhões.
No primeiro trimestre do ano,
as exportações cresceram 56%.
Para o primeiro quadrimestre,
devem saltar para mais de 60%.
Ponto central nessa reviravolta foi a visita de Lula a Dubai.
A visita teve o condão de atingir
um ponto sensível da cultura
árabe: o coração. A espontaneidade do visitante, a maneira
como se referiu às relações entre
as culturas espalharam-se como um raio pela região, na
avaliação do presidente da Câmara, Paulo Sérgio Atallah.
Não existe uma "porta de entrada" para o Oriente Médio,
conforme vulgarmente se supõe. As vendas para a região
dependem apenas de visitar a
região. Há um grande potencial
na Arábia Saudita. Mas quem
está se tornando o ponto de referência na região é Dubai, um
dos sete Emirados Árabes Unidos, região, aliás, que está na
mira da Método Engenharia.
Há 15 anos o xeque Muhamad Maktoun começou revolução na cidade. As reservas de
petróleo se esgotaram, e o xeque
utilizou os recursos para contratar consultores internacionais para dar um rumo econômico à cidade.
A visão de marketing pode ser
observada na proposta feita para sediar a reunião anual do
FMI. O xeque fez todos os investimentos requeridos e deu visibilidade internacional ao emirado.
A visão de negócios e a estabilidade política passaram a
atrair todos os setores de ponta
da região. O xeque criou um
bairro de nome Midia City, que
passou a unificar todos os escritórios de agências de notícia da
região. Depois, a Internet City
atraiu todos os desenvolvedores
de sistemas. O Health City
atraiu os principais hospitais de
ponta da região, assim como especialistas estrangeiros.
Em Jebel Ali, houve investimentos que ajudaram a construir um dos portos mais modernos do mundo. Hoje é o
maior porto de desembarque de
produtos Sony do mundo.
Dubai já está atraindo empresas brasileiras, como a Método Engenharia. E foi lá que
Lula teve um almoço que está
mudando as relações comerciais com o Oriente Médio.
Algodão e Itamaraty
O ex-chanceler Celso Lafer
entra em contato para comentar as informações da coluna
de ontem, sobre a relutância do
Itamaraty em abrir o painel na
OMC (Organização Mundial
do Comércio) contra os subsídios ao algodão norte-americano.
Para a abertura de painéis,
há a necessidade de modelagens econométricas para mensurar o prejuízo causado pelas
práticas de dumping. No caso
da soja, o desafio era maior,
porque não se tratava de prejuízos, mas de lucros cessantes,
cuja comprovação exige estudos mais complexos.
Decidiu-se entrar com o painel do algodão contra os Estados Unidos, pelo fato de o setor
ser mais frágil no Brasil. Depois, o próprio Itamaraty sugeriu a abertura de um painel
contra a União Européia, com
a Camex (Câmara do Comércio Exterior) definindo-se pelo
açúcar.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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