São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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TRABALHO

Na festa do 1º de Maio, CUT e Força Sindical pedirão ao governo medidas contra o desemprego e por mais salário

Centrais cobrarão mais emprego e renda

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical, centrais sindicais que informam representar juntas cerca de 40 milhões de trabalhadores, vão cobrar hoje do governo Lula, durante as comemorações do 1º de Maio, medidas para combater o desemprego e aumentar a renda do trabalhador brasileiro.
As duas principais centrais do país vão dar seu recado ao governo em duas megafestas em São Paulo. A CUT escolheu a avenida Paulista (região central), ao contrário de anos anteriores, quando fez eventos espalhados pela periferia da cidade. A Força Sindical fará sorteios e shows na praça Campo de Bagatelle (zona norte).
Enquanto a CUT pede soluções emergenciais para o desemprego e para melhorar a renda, a Força Sindical promete "bater" no reajuste do salário mínimo, que passa de R$ 240 para R$ 260 hoje, e na falta de ações do governo que resultem na expansão da economia.
O número de desempregados cresceu 8,4% e atingiu 2,7 milhões de trabalhadores em março, de acordo com pesquisa divulgada na última terça-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os dados mostram que, de um ano para o outro, houve expansão de 211 mil pessoas na quantidade de desempregados. A queda na renda, no mesmo período, foi de 2,4%. A pesquisa leva em conta seis regiões metropolitanas do país.

Emprego, o principal pedido
"Fizemos até um samba para o trabalhador cantar na festa. A música pede "chega de conversa, emprego é o que interessa". Esse é um governo de muita reunião e de pouca decisão", diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical. Para o sindicalista, ao optar pelo aumento de R$ 20 no salário mínimo, o governo perde a "credibilidade" da população.
Para Paulinho, o país vive uma situação "dramática, porque o governo Lula optou por fazer uma política econômica para beneficiar o sistema financeiro em vez de estimular a indústria e, como conseqüência, a criação de empregos. O governo precisa dizer não ao FMI [Fundo Monetário Internacional]", afirma.
Esse recado será dado pela Força durante os shows e os sorteios -de carros, apartamentos e bolsas de estudo- que a central vai realizar hoje a partir das 7h.

Frentes de trabalho
A CUT programou shows ao vivo e apresentações teatrais para debater temas relacionados ao desemprego, à perda do poder aquisitivo e à precarização das condições de trabalho no país.
"Temos muito do que reclamar. Ajudamos a eleger o governo federal e temos esperança a longo prazo. Mas são muitos problemas a curto prazo: renda, emprego, salário mínimo. E a CUT certamente vai cobrar o que não vem sendo cumprido pelo governo", diz Luiz Marinho, presidente da entidade.
A central defende a criação imediata de frentes de trabalho nas regiões metropolitanas para combater o desemprego e para iniciar o processo de recuperação de renda dos brasileiros, além de políticas de incremento da produção, redução na taxa de juros e revisão dos compromissos fiscais assumidos com o Fundo.
Correntes sindicais da CUT ligadas à oposição e a movimentos populares escolheram comemorar o 1º de Maio com protesto e passeata no centro da cidade. "A CUT escolheu fazer uma megafesta com shows. A Força, com sorteios. Não concordamos com isso. É desrespeito aos trabalhadores que estão passando por dificuldades devido à política econômica do governo Lula", diz José Maria de Almeida, presidente do PSTU e diretor da CUT.


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