São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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REAJUSTE

Ministro culpa "constrangimento orçamentário" e diz que elevação do poder aquisitivo depende do desempenho da economia

Mínimo não cresce por decreto, diz Berzoini

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) afirmou ontem que um maior aumento e o cumprimento da promessa de campanha de duplicar o poder aquisitivo do salário mínimo dependerá do crescimento econômico do país. Segundo ele, não é possível elevar o valor do mínimo apenas por decreto. "Nós não temos a ilusão de que o governo possa simplesmente por decreto aumentar o salário mínimo. Não adianta darmos um aumento com valor nominal alto e, em seguida, gerarmos inflação, e esse valor ser corroído", disse o ministro, que participou de um debate com deputados federais promovido pela TV Câmara.
Berzoini disse que um reajuste maior para o mínimo não é possível devido ao "constrangimento orçamentário" herdado pelo governo Lula. A partir de hoje, o mínimo vale R$ 260. O reajuste foi de 8,3% sobre os R$ 240 que estavam em vigor -aumento real de 1,21 ponto acima da inflação estimada para os últimos 13 meses.
Segundo ele, são dois os fatores que impedem a implementação imediata de um aumento maior do salário: o peso da dívida interna em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) e os gastos orçamentários. A dívida interna herdada (cerca de R$ 920 bilhões hoje), afirma, representava 60% do PIB e, agora, baixou para 57%. Na verdade, essa relação estava em 55,5% em dezembro de 2002.
"Queremos chegar ao final do governo com esse peso menor, crescendo o PIB e reduzindo um pouco a dívida. Isso permite que o país aloque mais recursos não apenas no salário mínimo, mas também em programas como o Bolsa-Família, o salário-família e para os programas de geração de emprego e renda."
Segundo Berzoini, o salário mínimo, criado em 1940, teve altos e baixos durante a sua história. Atingiu o seu pico durante o governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), com um poder de compra que seria equivalente a R$ 1.036, e seu pior valor durante o governo Fernando Henrique Cardoso -quando, em 1995, seu poder de compra chegou a R$ 207.
"Nós temos agora um salário mínimo no valor de R$ 240, se considerado o seu poder de compra. O que significa que nós estamos buscando uma recuperação, ainda que modesta. Há um aumento real tanto em 2003 quanto em 2004, mas um aumento modesto que precisa ser fortalecido."


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