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REAJUSTE
Ministro culpa "constrangimento orçamentário" e diz que elevação do poder aquisitivo depende do desempenho da economia
Mínimo não cresce por decreto, diz Berzoini
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Ricardo Berzoini
(Trabalho) afirmou ontem que
um maior aumento e o cumprimento da promessa de campanha
de duplicar o poder aquisitivo do
salário mínimo dependerá do
crescimento econômico do país.
Segundo ele, não é possível elevar
o valor do mínimo apenas por decreto. "Nós não temos a ilusão de
que o governo possa simplesmente por decreto aumentar o salário
mínimo. Não adianta darmos um
aumento com valor nominal alto
e, em seguida, gerarmos inflação,
e esse valor ser corroído", disse o
ministro, que participou de um
debate com deputados federais
promovido pela TV Câmara.
Berzoini disse que um reajuste
maior para o mínimo não é possível devido ao "constrangimento
orçamentário" herdado pelo governo Lula. A partir de hoje, o mínimo vale R$ 260. O reajuste foi de
8,3% sobre os R$ 240 que estavam
em vigor -aumento real de 1,21
ponto acima da inflação estimada
para os últimos 13 meses.
Segundo ele, são dois os fatores
que impedem a implementação
imediata de um aumento maior
do salário: o peso da dívida interna em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) e os gastos orçamentários. A dívida interna herdada
(cerca de R$ 920 bilhões hoje),
afirma, representava 60% do PIB
e, agora, baixou para 57%. Na verdade, essa relação estava em
55,5% em dezembro de 2002.
"Queremos chegar ao final do
governo com esse peso menor,
crescendo o PIB e reduzindo um
pouco a dívida. Isso permite que o
país aloque mais recursos não
apenas no salário mínimo, mas
também em programas como o
Bolsa-Família, o salário-família e
para os programas de geração de
emprego e renda."
Segundo Berzoini, o salário mínimo, criado em 1940, teve altos e
baixos durante a sua história.
Atingiu o seu pico durante o governo Juscelino Kubitschek
(1956-1961), com um poder de
compra que seria equivalente a R$
1.036, e seu pior valor durante o
governo Fernando Henrique Cardoso -quando, em 1995, seu poder de compra chegou a R$ 207.
"Nós temos agora um salário
mínimo no valor de R$ 240, se
considerado o seu poder de compra. O que significa que nós estamos buscando uma recuperação,
ainda que modesta. Há um aumento real tanto em 2003 quanto
em 2004, mas um aumento modesto que precisa ser fortalecido."
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