São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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MERCADO DE CAPITAIS

Número de clubes que reúnem empregados chega a 1.430, com patrimônio líquido de R$ 8,3 bilhões

Trabalhador aumenta investimento em ações

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A classe operária pode não ter chegado ao paraíso no Brasil, mas parte dela foi ao mercado de capitais -e se deu bem. Trabalhadores estão virando investidores ao comprar ações de suas empresas, em abertura de capital ou se reunindo em clubes de investimento.
Desde 2002, foram criados 1.093 desse tipo de clube, estimulados pela Bovespa. No total, há hoje 1.430 deles, com um patrimônio líquido de R$ 8,3 bilhões. Foram constituídos por empregados ou por entidades sindicais.
Lançado em maio do ano passado, AÍVale (Associação dos Investidores da Vale do Rio Doce) tem hoje patrimônio líquido de R$ 3,9 milhões e 270 participantes. "Estão no clube desde o maquinista até o gerente da empresa", diz Silvia Werther, diretora comercial da Ativa Corretora, que administra o clube, cujo aporte mínimo é equivalente a R$ 50.
Segundo Werther, "o potencial de crescimento é grande; pode chegar a 5.000 cotistas". O clube começou na unidade da Vale em Vitória (ES) e agora expande-se para as demais subsidiárias e coligadas da empresa.
Desde sua criação, o AÍVale acumula ganho de 65,54%, ante um Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) de 58,6%. Só neste ano, a valorização foi de 22,12%. "O objetivo do clube é complementar a aposentadoria dos trabalhadores, por isso a carteira de ações visa ganhos no longo prazo", explica Werther.
A política de investimentos dos gestores do clube é buscar papéis baratos com potencial de valorização futura. Hoje essa carteira tem entre 10 e 12 papéis, dos quais o carro-chefe é Vale PN seguida por Petrobras PN. Também carrega ações do setor siderúrgico, do setor elétrico e de bancos.
Outro clube criado no último ano é o Metal Invest, dos metalúrgicos de Osasco. Atualmente com 28 participantes, o clube acumula rentabilidade de 75% desde sua fundação, em 6 de dezembro de 2005, enquanto o Ibovespa teve variação de 20,2%.
Os trabalhadores começaram aplicando entre R$ 50 e R$ 100. "O clube busca desmistificar a aplicação em ações como coisa de gente rica", diz Manuel Lois, diretor de Investimentos da corretora Spinelli, administradora do clube.
A Spinelli também administra o clube dos aposentados da Petrobras, o "Ouro Negro", criado em janeiro deste ano. Além de uma participação relevante dos papéis da Petrobras, o clube investe também em Vale do Rio Doce e Arcelor, segundo Lois. Desde sua criação, acumula ganho de 14,3%, ante um Ibovespa de 13,7%.

Força
Um dos primeiros clubes criados quando a Bovespa iniciou a popularização da Bolsa foi o Força 1, que aglutina trabalhadores ligados à Força Sindical. "O clube começou muito pequeno, com R$ 500 de patrimônio. Nosso lema era "invista R$ 1 por dia e seja sócio das maiores empresas do país'", conta Daniel Doll Lemos, analista da Socopa Corretora, administradora o clube.
Depois de um ano, o Força 1 tinha patrimônio líquido de R$ 40 mil. Deslanchou após as ofertas de ações da Petrobras e da Vale, que atraíram a atenção dos trabalhadores por permitirem o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Hoje o Força 1 tem 97 cotistas e patrimônio líquido de R$ 182,8 mil. Desde sua criação, em 6 de novembro de 2002, até o último dia 26, acumula rentabilidade de 335%.


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