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MERCADO DE CAPITAIS
Número de clubes que reúnem empregados chega a 1.430, com patrimônio líquido de R$ 8,3 bilhões
Trabalhador aumenta investimento em ações
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A classe operária pode não ter
chegado ao paraíso no Brasil, mas
parte dela foi ao mercado de capitais -e se deu bem. Trabalhadores estão virando investidores ao
comprar ações de suas empresas,
em abertura de capital ou se reunindo em clubes de investimento.
Desde 2002, foram criados 1.093
desse tipo de clube, estimulados
pela Bovespa. No total, há hoje
1.430 deles, com um patrimônio
líquido de R$ 8,3 bilhões. Foram
constituídos por empregados ou
por entidades sindicais.
Lançado em maio do ano passado, AÍVale (Associação dos Investidores da Vale do Rio Doce) tem
hoje patrimônio líquido de R$ 3,9
milhões e 270 participantes. "Estão no clube desde o maquinista
até o gerente da empresa", diz Silvia Werther, diretora comercial
da Ativa Corretora, que administra o clube, cujo aporte mínimo é
equivalente a R$ 50.
Segundo Werther, "o potencial
de crescimento é grande; pode
chegar a 5.000 cotistas". O clube
começou na unidade da Vale em
Vitória (ES) e agora expande-se
para as demais subsidiárias e coligadas da empresa.
Desde sua criação, o AÍVale
acumula ganho de 65,54%, ante
um Ibovespa (Índice da Bolsa de
Valores de São Paulo) de 58,6%.
Só neste ano, a valorização foi de
22,12%. "O objetivo do clube é
complementar a aposentadoria
dos trabalhadores, por isso a carteira de ações visa ganhos no longo prazo", explica Werther.
A política de investimentos dos
gestores do clube é buscar papéis
baratos com potencial de valorização futura. Hoje essa carteira
tem entre 10 e 12 papéis, dos quais
o carro-chefe é Vale PN seguida
por Petrobras PN. Também carrega ações do setor siderúrgico,
do setor elétrico e de bancos.
Outro clube criado no último
ano é o Metal Invest, dos metalúrgicos de Osasco. Atualmente com
28 participantes, o clube acumula
rentabilidade de 75% desde sua
fundação, em 6 de dezembro de
2005, enquanto o Ibovespa teve
variação de 20,2%.
Os trabalhadores começaram
aplicando entre R$ 50 e R$ 100. "O
clube busca desmistificar a aplicação em ações como coisa de gente
rica", diz Manuel Lois, diretor de
Investimentos da corretora Spinelli, administradora do clube.
A Spinelli também administra o
clube dos aposentados da Petrobras, o "Ouro Negro", criado em
janeiro deste ano. Além de uma
participação relevante dos papéis
da Petrobras, o clube investe também em Vale do Rio Doce e Arcelor, segundo Lois. Desde sua criação, acumula ganho de 14,3%, ante um Ibovespa de 13,7%.
Força
Um dos primeiros clubes criados quando a Bovespa iniciou a
popularização da Bolsa foi o Força 1, que aglutina trabalhadores ligados à Força Sindical. "O clube
começou muito pequeno, com R$
500 de patrimônio. Nosso lema
era "invista R$ 1 por dia e seja sócio das maiores empresas do
país'", conta Daniel Doll Lemos,
analista da Socopa Corretora, administradora o clube.
Depois de um ano, o Força 1 tinha patrimônio líquido de R$ 40
mil. Deslanchou após as ofertas
de ações da Petrobras e da Vale,
que atraíram a atenção dos trabalhadores por permitirem o uso do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço). Hoje o Força 1
tem 97 cotistas e patrimônio líquido de R$ 182,8 mil. Desde sua
criação, em 6 de novembro de
2002, até o último dia 26, acumula
rentabilidade de 335%.
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