|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nos postos, gasolina deverá ter reajuste de 1%, prevê o setor
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Para o consumidor final, o
reajuste dos combustíveis
anunciado ontem pela Petrobras será menor: chegará a 1%
no caso da gasolina, estima a
Fecombustíveis (Federação
Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes).
O aumento de 10% da Petrobras será diluído na cadeia, pois
os percentuais divulgados pela
estatal são na refinaria, sem a
incidência de impostos. Além
disso, não incluem a mistura do
álcool à gasolina, adicionado à
proporção de 25% no derivado
de petróleo -como o produto
não foi reajustado, serve como
uma âncora de preço.
Contará ainda com a ajuda da
redução da Cide, anunciada ontem pelo ministro da Fazenda,
Guido Mantega. Com isso, o
impacto nas bombas seria nulo,
segundo o ministro. A Cide baixou de R$ 0,28 para R$ 0,18 por
litro na gasolina e de R$ 0,07
para R$ 0,03 no diesel. A desoneração vai gerar renúncia fiscal de até R$ 3 bilhões ao ano.
Para a Fecombustíveis, impacto maior terá o aumento de
15% do diesel, que poderá chegar a até 5% nas bombas. É que
o produto não tem adição de álcool e teve uma redução menor
de Cide.
Para Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, os
reajustes já eram previstos. "O
aumento era aguardado há algum tempo. Os preços estavam
bastante represados. O barril
do petróleo chegou perto de
US$ 120. Não havia mais como
segurar", diz Miranda.
A correção ficou, porém, no
teto da estimativa da entidade.
"Esperávamos um reajuste de
5% a 10% para a gasolina. Ou
seja, acabou ficando dentro do
que prevíamos."
No mercado, a expectativa
majoritária era de uma alta
mais próxima de 5%, já que o
país sofre com o impacto da inflação mais elevada neste ano.
Mas prevaleceu a estratégia
da estatal de corrigir agora boa
parte das perdas acumuladas
nos quase dois anos e meio em
que não reajustou a gasolina e o
diesel -o aumento anterior
ocorreu em setembro de 2005.
Adriano Pires, especialista
do CBIE (Centro Brasileiro de
Infra-Estrutura), diz que, apesar do reajuste, a defasagem
dos preços da Petrobras ante os
do mercado internacional persiste. Antes do aumento, era de
22% no caso da gasolina e de
30% no do diesel.
"O que a Petrobras fez foi só
descontar um pouco essa diferença, pois as perdas já estavam
chegando a um patamar insustentável."
Ainda assim, Pires e boa parte do mercado não acreditam
num novo reajuste neste ano, a
não ser que o preço do petróleo
suba numa escalada muito forte nos próximos meses.
A estatal deve segurar eventuais defasagem porque sofre
cada vez mais com a concorrência do álcool, cujo consumo já
supera o da gasolina e tende a
crescer ainda mais com o reajuste do derivado de petróleo.
Para Pires, a Petrobras acertou em corrigir seus preços,
mesmo que não tenha repassado toda a diferença ante as cotações internacionais. Errou,
porém, no modo de conduzir o
processo, pois passou a impressão de que o aumento foi determinado e negociado com o Planalto.
"Foi um retrocesso muito
grande. Parece que voltamos à
época da ditadura militar. Houve especulação. Anunciar numa véspera de feriado também
foi muito ruim."
Texto Anterior: Estimativa é de impacto menor no IPCA de maio Próximo Texto: Centrais sindicais fazem festa de R$ 6,5 mi Índice
|