São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Nos postos, gasolina deverá ter reajuste de 1%, prevê o setor

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Para o consumidor final, o reajuste dos combustíveis anunciado ontem pela Petrobras será menor: chegará a 1% no caso da gasolina, estima a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes).
O aumento de 10% da Petrobras será diluído na cadeia, pois os percentuais divulgados pela estatal são na refinaria, sem a incidência de impostos. Além disso, não incluem a mistura do álcool à gasolina, adicionado à proporção de 25% no derivado de petróleo -como o produto não foi reajustado, serve como uma âncora de preço.
Contará ainda com a ajuda da redução da Cide, anunciada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Com isso, o impacto nas bombas seria nulo, segundo o ministro. A Cide baixou de R$ 0,28 para R$ 0,18 por litro na gasolina e de R$ 0,07 para R$ 0,03 no diesel. A desoneração vai gerar renúncia fiscal de até R$ 3 bilhões ao ano.
Para a Fecombustíveis, impacto maior terá o aumento de 15% do diesel, que poderá chegar a até 5% nas bombas. É que o produto não tem adição de álcool e teve uma redução menor de Cide.
Para Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, os reajustes já eram previstos. "O aumento era aguardado há algum tempo. Os preços estavam bastante represados. O barril do petróleo chegou perto de US$ 120. Não havia mais como segurar", diz Miranda.
A correção ficou, porém, no teto da estimativa da entidade. "Esperávamos um reajuste de 5% a 10% para a gasolina. Ou seja, acabou ficando dentro do que prevíamos."
No mercado, a expectativa majoritária era de uma alta mais próxima de 5%, já que o país sofre com o impacto da inflação mais elevada neste ano.
Mas prevaleceu a estratégia da estatal de corrigir agora boa parte das perdas acumuladas nos quase dois anos e meio em que não reajustou a gasolina e o diesel -o aumento anterior ocorreu em setembro de 2005.
Adriano Pires, especialista do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), diz que, apesar do reajuste, a defasagem dos preços da Petrobras ante os do mercado internacional persiste. Antes do aumento, era de 22% no caso da gasolina e de 30% no do diesel.
"O que a Petrobras fez foi só descontar um pouco essa diferença, pois as perdas já estavam chegando a um patamar insustentável."
Ainda assim, Pires e boa parte do mercado não acreditam num novo reajuste neste ano, a não ser que o preço do petróleo suba numa escalada muito forte nos próximos meses.
A estatal deve segurar eventuais defasagem porque sofre cada vez mais com a concorrência do álcool, cujo consumo já supera o da gasolina e tende a crescer ainda mais com o reajuste do derivado de petróleo.
Para Pires, a Petrobras acertou em corrigir seus preços, mesmo que não tenha repassado toda a diferença ante as cotações internacionais. Errou, porém, no modo de conduzir o processo, pois passou a impressão de que o aumento foi determinado e negociado com o Planalto.
"Foi um retrocesso muito grande. Parece que voltamos à época da ditadura militar. Houve especulação. Anunciar numa véspera de feriado também foi muito ruim."


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