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SALÁRIOS
Déficit da Previdência e inflação menor que a prevista levam governo a desistir do reajuste de R$ 130 para R$ 140
Mínimo é reajustado hoje para R$ 136
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso reajustou em 4,61% o
salário mínimo -passa de R$ 130
para R$ 136. O novo valor começa a
vigorar no salário de maio, que é
pago em junho. O último reajuste
havia sido concedido em maio do
ano passado.
A inflação dos últimos 12 meses
deve fechar em 0,69%, de acordo
com o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (Fipe) da
Universidade de São Paulo.
Foi uma vitória dos argumentos
da equipe econômica. Ontem, o
ministro Francisco Dornelles
(Trabalho) minimizou a importância do mínimo na economia.
Dornelles disse que o salário mínimo perdeu importância devido à
desindexação -reajuste automático pela inflação passada- adotada pelo governo.
"Eu gostaria que o trabalhador
brasileiro ganhasse R$ 180, R$ 200,
R$ 300, R$ 500, R$ 1.000, mas isso
independente do salário mínimo.
É um problema de livre negociação", afirmou o ministro ao justificar o reajuste.
O reajuste ficou abaixo dos 7,6%
que foram estudados porque a inflação neste ano deve ficar abaixo
do que o governo projetava inicialmente (11% nos índices de preço
ao consumidor). Também contribuiu para a decisão de dar apenas
R$ 6 de aumento o déficit nas contas da Previdência Social maior
que o previsto no começo do ano.
Inflação muda planos
Em março, os técnicos do governo chegaram a estudar um aumento de até R$ 10 no valor do salário
mínimo. Nesse momento, a expectativa era que a desvalorização do
real em relação ao dólar iria puxar
para cima a inflação deste ano.
Como essas previsões não se
confirmaram e as atuais estimativas indicam que os efeitos da desvalorização sobre a inflação foram
pequenos, acabaram prevalecendo
os argumentos da área econômica
para conceder um reajuste menor.
O reajuste de 4,61%, por exemplo, foi definido a partir da inflação medida de maio de 1998 a abril
deste ano pelos indicadores de
preços ao consumidor. De acordo
com os dados do Ministério do
Trabalho, os principais indicadores de preços ao consumidor ficaram abaixo de 4,61% no período.
A MP (medida provisória) com o
reajuste para o salário mínimo e o
piso da Previdência Social será publicada no "Diário Oficial" da
União na próxima segunda-feira.
O texto foi divulgado ontem. Os
benefícios de maior valor no INSS
terão reajuste em junho, em percentual ainda não definido.
Segundo a última pesquisa do
IBGE por amostragem domiciliar,
feita há dois anos, 21,2% da população ocupada recebia um mínimo
ou quantia inferior. Como essa população era composta por 67,9 milhões de pessoas, recebiam um salário mínimo, ou menos, cerca de
14,4 milhões de pessoas. Esses números não incluem os aposentados do INSS que ganham o piso.
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