São Paulo, Sábado, 01 de Maio de 1999
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SALÁRIOS
Déficit da Previdência e inflação menor que a prevista levam governo a desistir do reajuste de R$ 130 para R$ 140
Mínimo é reajustado hoje para R$ 136

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso reajustou em 4,61% o salário mínimo -passa de R$ 130 para R$ 136. O novo valor começa a vigorar no salário de maio, que é pago em junho. O último reajuste havia sido concedido em maio do ano passado.
A inflação dos últimos 12 meses deve fechar em 0,69%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo.
Foi uma vitória dos argumentos da equipe econômica. Ontem, o ministro Francisco Dornelles (Trabalho) minimizou a importância do mínimo na economia.
Dornelles disse que o salário mínimo perdeu importância devido à desindexação -reajuste automático pela inflação passada- adotada pelo governo.
"Eu gostaria que o trabalhador brasileiro ganhasse R$ 180, R$ 200, R$ 300, R$ 500, R$ 1.000, mas isso independente do salário mínimo. É um problema de livre negociação", afirmou o ministro ao justificar o reajuste.
O reajuste ficou abaixo dos 7,6% que foram estudados porque a inflação neste ano deve ficar abaixo do que o governo projetava inicialmente (11% nos índices de preço ao consumidor). Também contribuiu para a decisão de dar apenas R$ 6 de aumento o déficit nas contas da Previdência Social maior que o previsto no começo do ano.

Inflação muda planos
Em março, os técnicos do governo chegaram a estudar um aumento de até R$ 10 no valor do salário mínimo. Nesse momento, a expectativa era que a desvalorização do real em relação ao dólar iria puxar para cima a inflação deste ano.
Como essas previsões não se confirmaram e as atuais estimativas indicam que os efeitos da desvalorização sobre a inflação foram pequenos, acabaram prevalecendo os argumentos da área econômica para conceder um reajuste menor.
O reajuste de 4,61%, por exemplo, foi definido a partir da inflação medida de maio de 1998 a abril deste ano pelos indicadores de preços ao consumidor. De acordo com os dados do Ministério do Trabalho, os principais indicadores de preços ao consumidor ficaram abaixo de 4,61% no período.
A MP (medida provisória) com o reajuste para o salário mínimo e o piso da Previdência Social será publicada no "Diário Oficial" da União na próxima segunda-feira. O texto foi divulgado ontem. Os benefícios de maior valor no INSS terão reajuste em junho, em percentual ainda não definido.
Segundo a última pesquisa do IBGE por amostragem domiciliar, feita há dois anos, 21,2% da população ocupada recebia um mínimo ou quantia inferior. Como essa população era composta por 67,9 milhões de pessoas, recebiam um salário mínimo, ou menos, cerca de 14,4 milhões de pessoas. Esses números não incluem os aposentados do INSS que ganham o piso.


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