CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

O governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), tentou ontem reabrir as negociações do Estado com a Ford, mas até o início da noite não tinha obtido sucesso.
O petista, agora ajudado por empresários e políticos da oposição, busca demover a montadora da decisão de não mais construir uma unidade em Guaíba (região metropolitana de Porto Alegre).
Em um dos telefonemas à Ford, o chefe de gabinete do governador, Laerte Meliga, falou com o diretor para Assuntos Legais da empresa, Waldemar Mussi. Este disse que o presidente da Ford no Brasil, Ivan Fonseca e Silva, estava ocupado e não poderia atender Olívio.
A informação foi passada pela assessoria do Palácio Piratini (sede do governo), que acrescentou que não ficou agendado nenhum encontro entre o governo e a Ford.
Olívio Dutra disse, em entrevista, que seus assessores ""vararam a noite (de anteontem) e a manhã (de ontem) tentando contato com a Ford. Olívio declarou que a proposta do governo é um ""enorme favorecimento" à companhia.
A proposta inclui empréstimo de R$ 70 milhões, execução de obras de infra-estrutura no valor de R$ 84 milhões e manutenção dos incentivos fiscais, calculados em R$ 3 bilhões.
A Ford, que esperava receber R$ 418 milhões, com base no contrato assinado com a administração anterior, além dos incentivos, encerrou as negociações na quarta e, no dia seguinte, anunciou sua desistência de construir a unidade.
O governo foi surpreendido pela medida. Políticos e líderes empresariais, como os senadores Pedro Simon (PMDB) e Emília Fernandes (PDT) e o presidente da Federação das Associações Comerciais, Mauro Knijnik, foram chamados ontem ao palácio por Olívio.
Knijnik disse acreditar que empresários poderiam constituir um fundo para cobrir a diferença entre o contrato e a proposta apresentada pelo governo. O governador disse que todas as propostas são ""bem-vindas". Para Simon, os recursos poderiam sair do BNDES.
Na próxima semana, uma comissão de políticos gaúchos deve procurar a Ford na tentativa de reabrir as negociações. A idéia, aprovada por Olívio, resultou de uma reunião ontem entre deputados estaduais, federais e senadores.


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