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COMÉRCIO EXTERIOR
Em menos de 30 dias, quatro navios não descarregam grãos por conter sementes com fungicida
China recusa novo carregamento de soja
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A China comunicou ontem ao
governo brasileiro que mais um
navio foi impedido de descarregar soja no país, por conter sementes tratadas com fungicidas,
que são impróprias para o consumo humano. Em menos de 30
dias, esse foi o quarto navio com
soja brasileira que as autoridades
chinesas impedem de entrar no
país pelo mesmo motivo.
O novo caso deixou preocupado o secretário de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano, pois o navio, ao contrário dos demais, saiu
do porto de Santos. Os outros deixaram o país pelo porto de Rio
Grande (RS).
"Claro que o alastramento sinaliza escape na classificação", disse
o secretário, ao comentar que carregamentos contaminados com
sementes tratadas estão ocorrendo em mais de um ponto do país.
As autoridades do maior comprador de soja do Brasil já proibiram sete empresas de entrarem
com soja brasileira na China: Trevisan, Noble Grains, Cargill,
ADM, Bianchini, Louis Dreyfus e
Libero Trading.
Segundo Tadano, o governo deverá editar, até o final da semana,
uma instrução normativa que estabelecerá padrões mínimos de
qualidade para a venda de soja ao
exterior. O objetivo é evitar novos
constrangimentos com a China.
Ele não descarta a hipótese de
vendedores brasileiros estarem
misturando sementes aos grãos
intencionalmente. "Se for um volume significativo, é intencional.
É alguém que quer colocar e comercializar sementes", disse ele,
que ainda não foi informado da
quantidade de sementes encontrada nos carregamentos.
No momento, um grupo de trabalho criado na sexta-feira discute quais são os índices de impurezas e de mistura de sementes que
devem constar da legislação brasileira. A China já avisou às autoridades brasileiras que só aceitará
carregamentos que não contenham nenhum vestígio de sementes tratadas com fungicida.
"A China tem uma posição, até
agora, bastante inflexível em relação à tolerância zero", afirmou o
ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues, em entrevista coletiva,
concedida por telefone, do Japão.
Rodrigues disse que pediu um
levantamento de quais são as regras internacionais sobre a qualidade da soja. "Se existem regras
com outro grau de tolerância, é
possível voltar a discutir o assunto
[com os chineses]." Ele, no entanto, afirmou que o comprador tem
todo o direito de exigir o nível de
qualidade da soja que deseja.
Segundo ele, desde a decisão da
China de não receber o produto
brasileiro misturado com sementes, o setor de soja enfrenta prejuízos. A estimativa do governo é de
perdas de cerca de US$ 3 bilhões
neste ano devido aos grãos rejeitados e à queda do preço da soja
no mercado internacional.
Questionado se a posição chinesa não era uma estratégia para diminuir o preço da soja, Rodrigues
disse que não faria nenhum comentário. Afirmou, no entanto,
que, "se existe uma manobra diversionista, com o objetivo de baixar os preços internacionais, a
única coisa inaceitável é qualquer
rompimento de contrato".
Ou seja, o governo está disposto
a adequar a soja brasileira às exigências chinesas, mas não aceita
perder o acesso ao mercado da
China.
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