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AQUECIMENTO
Cenários interno e externo alavancam Lula
Sérgio Lima - 24.mai.2006
![](../images/b0106200601.jpg) |
O presidente Lula em cerimônia no Palácio do Planalto |
Presidente governa e faz ajustes sob melhor ambiente internacional em mais de 30 anos; especialistas prevêem PIB de 4%
Ao contrário de FHC, que
enfrentou crises de Ásia,
Rússia, EUA e Argentina,
petista aproveita condições
excepcionais para crescer
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A atual combinação entre cenários interno e externo favoráveis colocam o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em
posição mais confortável que
seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, no projeto de
reeleição do petista.
Por méritos próprios e por
um forte empurrão externo, segundo especialistas, Lula vem
governando sob uma taxa de juros real (descontada a inflação)
equivalente à metade da média
do primeiro mandato de FHC:
9,8% entre 2000 e 2006, contra
21,5% entre 1995 e 98.
Além de ter feito uma poupança consistente em seu mandato para pagar juros da dívida
interna (os superávits primários), a economia sob Lula teve
um vento a favor externo não
sentido em mais de 30 anos.
A liquidez internacional e o
forte crescimento de emergentes como China e Índia elevaram o fluxo de dólares para o
Brasil via aplicações financeiras e exportações, abrindo espaço para ajustes internos.
Confirmadas as projeções de
crescimento mundial deste ano
do FMI (Fundo Monetário Internacional), o mundo terá
crescido 4,75%, em média, nos
anos em que Lula governou o
Brasil. Será o melhor quadriênio internacional desde 1973.
"Os cenários externo e interno de 2006 são muito melhores
que os de 1998 e mesmo em relação aos de 2002", afirma Alexandre Bassoli, economista-chefe do banco HSBC.
Na prática, a primeira crise
externa do governo Lula foi
sentida nos últimos dias, com
turbulências na Bolsa e no
câmbio. A maioria das análises
indica que ela será passageira.
Já FHC sentiu, em plena
campanha à reeleição, em 1998,
os efeitos da crise na Ásia e na
Rússia. Reeleito, teve de pedir
dinheiro ao FMI e passou boa
parte de seu mandato no papel
que prometeu não assumir: o
de "gerente da crise".
No segundo mandato, FHC
teve de enfrentar os efeitos do
estouro da "bolha" da internet
(2000) e dos escândalos corporativos nos EUA e da crise argentina (2001). Em 2002, entregou o país a Lula com o dólar
beirando R$ 4,00 e com o
maior endividamento da história com o FMI. Coube a Lula
pagar a dívida, usando a atual
abundância de dólares.
"Lula não teve nada significativo contra ele no plano externo. E, internamente, vem tomando várias medidas para alavancar a economia", afirma o
norte-americano David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília.
Fleischer cita os quase R$ 9
bilhões do Bolsa-Família, os R$
10 bilhões do Pronaf (Programa
nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar), os cerca
de R$ 20 bilhões em investimentos previstos para 2006 e
um aumento para o funcionalismo que pode chegar a R$ 3,5
bilhões como alguns dos "estímulos" que o Lula candidato
vem dando à economia.
Segundo Guilherme Maia,
economista da consultoria
Tendências, as projeções do
PIB até o final de 2006 indicam
que a maior parte do crescimento virá do consumo interno. Ele cita os programas sociais e a proliferação do crédito
como fatores importantes para
esse crescimento.
No PIB do primeiro trimestre, dentre os componentes da
demanda interna, o "consumo
das famílias" alcançou a taxa
positiva de 4%.
"São ótimas notícias para o
presidente", diz Maia. Ele ressalta que o PIB trimestral registrou crescimento de 9% na
"formação bruta de capital fixo" (investimentos), o que afasta em boa medida o temor de
pressões inflacionárias provocadas por mais demanda.
"Com um cenário de queda
de juros (a taxa básica caiu mais
0,5 ponto ontem), a dinâmica
do PIB tende a aumentar até o
final do ano", afirma José Marcio Camargo, economista da
PUC-Rio. "Para um país como o
Brasil, uma taxa anual próxima
a 4% é ótima", afirma.
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