São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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Para evitar falsificação, novas cédulas de real devem ter tamanhos diferentes

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cédulas de tamanhos diferentes, com detalhes impressos com tintas que mudam de cor conforme a luz do ambiente, hologramas e faixas metálicas. Essas são algumas das características das novas notas de real que devem substituir as que circulam no país desde 1994.
O projeto técnico das novas cédulas já foi praticamente finalizado pelo Banco Central. Ainda falta decidir as figuras usadas para ilustrar cada nota. A idéia é usar personalidades da história do Brasil, que substituiriam os animais usados atualmente nas cédulas.
Segundo o Banco Central, não há data para que a mudança ocorra. Para que seja implantada, ela precisa ser aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central.
Uma das principais alterações está no tamanho das notas: quanto maior o valor, maior a cédula. Com isso, o governo pretende impedir o método de falsificação que consiste em apagar a tinta de uma cédula de valor mais baixo e imprimir por cima uma nota de valor mais alto. Essa técnica costuma ser usada, segundo técnicos do BC, porque a textura do papel-moeda é um dos aspectos mais difíceis de serem copiados. A diferença de tamanho também ajudaria na identificação das cédulas por parte dos portadores de deficiência visual, como já acontece hoje em dia com as moedas.
As maiores alterações estão nas notas de valor mais alto, mais sujeitas a falsificações. Em 2006, foram apreendidas 570 mil cédulas falsas, uma alta de 34% em comparação a 2005.
Notas de R$ 50 e de R$ 100, por exemplo, terão partes impressas com tinta que muda de cor conforme a luz do ambiente -em linguagem técnica, "tinta oticamente variável". Hologramas também serão colocados nessas duas notas, com o objetivo de impedir que sejam feitas cópias em máquinas de xerox ou de digitalização (os chamados "scanners").
O uso de outros materiais que não o papel na confecção das notas foi descartado depois da avaliação negativa feita sobre as notas de R$ 10, de plástico, fabricadas entre 2000 e 2001. Segundo pesquisa do BC, pessoas que têm muito contato com dinheiro -caixas de banco, por exemplo- reclamam que é comum as cédulas ficarem "grudadas" umas nas outras, dificultando a contagem.
Já a ilustração das novas notas ainda não foi definida. O BC deixou de incluir personagens históricos nas cédulas nos anos 90, antes do Plano Real, quando os herdeiros de um escritor se recusaram a ceder gratuitamente ao governo os direitos do uso de sua imagem.
Assim, embora exista a intenção de abandonar o uso da figura de animais, ainda não há uma definição sobre os problemas legais que poderiam ser enfrentados, dependendo dos homenageados escolhidos.
A idéia de uma nova família de cédulas do real é antiga. O projeto que hoje está nas mãos do BC começou a ser desenvolvido em 2004. Um dos argumentos usados para justificar a troca é que não houve tempo, durante a elaboração do Real, para criar notas mais sofisticadas, que fossem mais difíceis de serem falsificadas. Depois de 13 anos, as cédulas em circulação acabaram obsoletas, o que facilita a ação dos falsificadores.


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