São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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Infra-estrutura cria mais empregos

Ritmo de abertura de vagas na área já supera o registrado na construção civil ligada à edificação residencial e comercial

Empresários prevêem forte consolidação no setor de infra-estrutura pública e privada ao longo de 2009 com mais investimentos


DA REPORTAGEM LOCAL

O ritmo da criação de empregos formais na construção civil dirigida a obras de infra-estrutura superou pela primeira vez o da contratação de trabalhadores para edificações residenciais e comerciais.
Entre janeiro e março, o emprego com carteira assinada na infra-estrutura cresceu 18%. Na área de edificações, 15%. No saldo de admissões e contratações de março, a infra-estrutura respondeu por um terço das 182 mil novas vagas.
Segundo Ana Maria Castelo, da FGV Projetos e que faz estatísticas para o Sinduscon-SP, na média o emprego na construção civil cresceu 15,7% no primeiro trimestre.
Já o ritmo de contratações na infra-estrutura foi, em março, o maior desde que esse tipo de estatística tornou-se disponível pelo Ministério do Trabalho, em dezembro de 2006.
Segundo José de Freitas Mascarenhas, presidente do Conselho de Infra-Estrutura da CNI (Confederação Nacional da Indústria), várias regiões do país já começam a sofrer com a falta de mão-de-obra destinada à infra-estrutura.
Mascarenhas afirma que existe uma especial apreensão em relação às obras futuras como das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, e para a área de petróleo.
No caso do petróleo, o governo federal criou o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo e Gás), sob coordenação do Ministério de Minas e Energia e da Petrobras, exclusivamente para buscar e qualificar mão-de-obra.
Para Paulo Godoy, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), só para o setor de petróleo e gás a expectativa é que serão realizados investimentos anuais de R$ 41 bilhões nos próximos anos. Já na área de energia elétrica, seriam R$ 21 bilhões.
A Abdib deve concluir nos próximos dias um mapa completo dos investimentos em infra-estrutura previstos e em andamento no país.
Segundo Godoy, na comparação com o primeiro ano do governo Lula (2003), os investimentos no setor em 2007 foram 90% maiores, atingindo R$ 84 bilhões.
"Mas o grande ano da infra-estrutura será 2009, quando esperamos um salto importante com uma série de investimentos públicos e privados."
Na área pública, um dos grandes obstáculos a novos investimentos é a ausência de projetos. Como o país ficou muito tempo sem grandes obras, há déficit de projetos aprovados para execução.
Muitos dos existentes estão desatualizados, o que inclui traçados de estradas e vias de escoamento de produtos que deveriam passar do lado de fora de alguns municípios.
Como foram realizados há quase uma década e as cidades próximas cresceram no período, vários desses traçados hoje atravessam zonas metropolitanas e foram abandonados.
Para José Ribamar Miranda Dias, vice-presidente da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga), as avaliações do governo federal em relação ao PAC no setor rodoviário têm sido "otimistas demais".
Dias lembra que a execução do Orçamento da pasta dos Transportes tem sido precária desde o início do governo Lula. "Na prática, o governo nunca consegue gastar em um ano valores superiores a R$ 3 bilhões, apesar de ter orçamento e restos a pagar bem maiores do que isso", afirma. (FERNANDO CANZIAN)


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