São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Valor elevado é comum na publicidade

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local

Publicitários brasileiros estão entre os mais bem pagos do mundo. Essa constatação não vale, porém, para todos: na verdade, alguns publicitários estão entre os mais bem pagos do mundo.
Salários de R$ 35 mil ou R$ 40 mil (sem contar bônus de final de ano) são relativamente comuns entre diretores de criação que trabalham para médias e grandes empresas.
Pesquisa feita em março pelo Sindicato dos Publicitários de São Paulo comprova esses dados. O levantamento mostra que, em média, o salário de um diretor de criação era de R$ 16 mil.
O maior salário encontrado para essa categoria foi de R$ 39.999 e o menor, de R$ 3.285. Já o salário médio de um redator era de R$ 8.927, e o maior salário, de R$ 45 mil. E esses valores não incluem benefícios indiretos ou bonificações anuais.
Poucos publicitários concordam em falar abertamente sobre o assunto.
Francesc Petit, o "P" da DPZ (a maior agência brasileira), deu, porém, uma dimensão do tema ao escrever, num artigo para a Folha, que muitas agências no país pagam "salários astronômicos, superiores aos pagos em Nova York ou Londres a verdadeiros cobras da profissão".
Essa situação não é generalizada. Salários realmente elevados são pagos para publicitários da área de criação enquanto profissionais de outros setores -como atendimento aos clientes, planejamento e pesquisa- têm remuneração em média um pouco menor.
O salário médio de um gerente de atendimento, por exemplo, supera R$ 6.000 (o de um diretor está próximo de R$ 8.000).
Uma explicação para os altos salários dos publicitários é o volume elevado de recursos envolvidos nas grandes campanhas.

Campanhas

Os 30 maiores anunciantes do país investem a cada ano mais de US$ 30 milhões, cada um, em publicidade e, com frequência, a divulgação de um produto, especialmente no seu lançamento, consome algo como US$ 5 milhões.
A Antarctica, por exemplo, investiu aproximadamente R$ 13 milhões em marketing para lançar sua nova marca de cerveja, Bavaria, apenas em São Paulo.
Com esses valores em jogo, o risco de fracasso é alto, o que justificaria altos salários.
O pagamento de salários elevados para pelo menos uma parte dos seus funcionários faz com que a folha de pagamento seja a maior despesa de uma agência.
Segundo cálculos da consultoria Price Waterhouse, entre 50% e 70% dos gastos de uma agência são com pessoal (salários, encargos trabalhistas e bonificações).



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.