São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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BC projeta taxa de 6,4% neste ano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A inflação deste ano ficará em 6,4%, segundo projeção divulgada ontem pelo Banco Central. Isso significa que a alta dos preços deve superar o centro da meta fixada pelo governo, que é de 5,5%, embora esteja dentro da margem de erro de 2,5 pontos percentuais prevista pelas regras em vigor.
O BC nega que tenha desistido de perseguir os 5,5%. "Não podemos desistir do centro da meta", afirmou o diretor de Política Econômica da instituição, Afonso Bevilaqua. Em tese, diante de sinais de que a inflação possa ficar acima da meta, o BC aumenta os juros -ou, pelo menos, deixa de reduzi-los.
Bevilaqua disse que ainda é possível que a meta seja cumprida. Para isso, seria preciso que as turbulências do mercado internacional se reduzissem, o que colaboraria para estabilizar a taxa de câmbio no Brasil e, assim, conter pressões inflacionárias.
Ele evitou comentar o impacto dessas estimativas sobre as decisões relativas aos juros básicos da economia. "Tudo isso será avaliado em cada reunião do Copom", disse Bevilaqua, ao se referir ao Comitê de Política Monetária, instância do BC responsável pelo assunto.
A avaliação foi feita ontem na sede do BC, em Brasília, durante a divulgação do Relatório de Inflação, documento elaborado a cada três meses com análises sobre a economia brasileira.
Há três meses, o BC projetava em 5,2% a inflação deste ano. "Desde o último relatório [publicado em março], a mudança mais importante do cenário [...] diz respeito ao ambiente de volatilidade do ambiente externo", afirma o documento de ontem.
No começo do ano, a expectativa -tanto do BC quanto de analistas do setor privado- era que os juros dos EUA subissem gradualmente, para combater a alta da inflação no país. Recentemente, surgiram sinais de que a alta pudesse ser feita de forma mais agressiva, o que causou instabilidade no mercado internacional.
Para o ano que vem, o BC estima uma alta de 4,4% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice que serve de parâmetro para as metas de inflação do governo. A meta de 2005 foi fixada em 4,5%, também com uma margem de 2,5 pontos.
O BC manteve em 3,5% a previsão para o crescimento da economia neste ano, mesmo valor apresentado no Relatório de Inflação anterior. "Quando fizemos a projeção [em março], já imaginávamos que tudo ia acontecer como de fato aconteceu", afirmou Bevilaqua para justificar a manutenção da estimativa.
Isso significa que o ritmo de expansão da economia registrado no primeiro trimestre deste ano não deve se repetir ao longo dos próximos meses. Entre janeiro e março, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,6% em relação ao último trimestre de 2003. Se esse valor se repetisse nos trimestres seguintes, a economia cresceria mais de 6% neste ano.
"Não é normal observar vários trimestres consecutivos com esse crescimento elevado", afirmou Bevilaqua. "É possível, mas não é provável", disse ele, para quem a economia brasileira, depois da queda de 0,2% do PIB em 2003, não conseguiria crescer a taxas elevadas no ano imediatamente seguinte.
O documento do BC também aponta que, devido ao baixo nível de investimentos feitos no país, o crescimento de longo prazo pode ser prejudicado. "Indicações das contas nacionais a prazo mais longo sugerem preocupação com as taxas de poupança e investimento da economia brasileira, de modo a sustentar um crescimento mais pujante do PIB potencial", diz o texto.


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