|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC projeta taxa de 6,4% neste ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A inflação deste ano ficará em
6,4%, segundo projeção divulgada ontem pelo Banco Central. Isso
significa que a alta dos preços deve superar o centro da meta fixada
pelo governo, que é de 5,5%, embora esteja dentro da margem de
erro de 2,5 pontos percentuais
prevista pelas regras em vigor.
O BC nega que tenha desistido
de perseguir os 5,5%. "Não podemos desistir do centro da meta",
afirmou o diretor de Política Econômica da instituição, Afonso Bevilaqua. Em tese, diante de sinais
de que a inflação possa ficar acima da meta, o BC aumenta os juros -ou, pelo menos, deixa de reduzi-los.
Bevilaqua disse que ainda é possível que a meta seja cumprida.
Para isso, seria preciso que as turbulências do mercado internacional se reduzissem, o que colaboraria para estabilizar a taxa de câmbio no Brasil e, assim, conter pressões inflacionárias.
Ele evitou comentar o impacto
dessas estimativas sobre as decisões relativas aos juros básicos da
economia. "Tudo isso será avaliado em cada reunião do Copom",
disse Bevilaqua, ao se referir ao
Comitê de Política Monetária,
instância do BC responsável pelo
assunto.
A avaliação foi feita ontem na
sede do BC, em Brasília, durante a
divulgação do Relatório de Inflação, documento elaborado a cada
três meses com análises sobre a
economia brasileira.
Há três meses, o BC projetava
em 5,2% a inflação deste ano.
"Desde o último relatório [publicado em março], a mudança mais
importante do cenário [...] diz
respeito ao ambiente de volatilidade do ambiente externo", afirma o documento de ontem.
No começo do ano, a expectativa -tanto do BC quanto de analistas do setor privado- era que
os juros dos EUA subissem gradualmente, para combater a alta
da inflação no país. Recentemente, surgiram sinais de que a alta
pudesse ser feita de forma mais
agressiva, o que causou instabilidade no mercado internacional.
Para o ano que vem, o BC estima uma alta de 4,4% para o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), índice que serve de parâmetro para as metas de inflação
do governo. A meta de 2005 foi fixada em 4,5%, também com uma
margem de 2,5 pontos.
O BC manteve em 3,5% a previsão para o crescimento da economia neste ano, mesmo valor apresentado no Relatório de Inflação
anterior. "Quando fizemos a projeção [em março], já imaginávamos que tudo ia acontecer como
de fato aconteceu", afirmou Bevilaqua para justificar a manutenção da estimativa.
Isso significa que o ritmo de expansão da economia registrado
no primeiro trimestre deste ano
não deve se repetir ao longo dos
próximos meses. Entre janeiro e
março, o PIB (Produto Interno
Bruto) cresceu 1,6% em relação ao
último trimestre de 2003. Se esse
valor se repetisse nos trimestres
seguintes, a economia cresceria
mais de 6% neste ano.
"Não é normal observar vários
trimestres consecutivos com esse
crescimento elevado", afirmou
Bevilaqua. "É possível, mas não é
provável", disse ele, para quem a
economia brasileira, depois da
queda de 0,2% do PIB em 2003,
não conseguiria crescer a taxas
elevadas no ano imediatamente
seguinte.
O documento do BC também
aponta que, devido ao baixo nível
de investimentos feitos no país, o
crescimento de longo prazo pode
ser prejudicado. "Indicações das
contas nacionais a prazo mais
longo sugerem preocupação com
as taxas de poupança e investimento da economia brasileira, de
modo a sustentar um crescimento
mais pujante do PIB potencial",
diz o texto.
Texto Anterior: TJLP é mantida em 9,75% ao ano Próximo Texto: Saiba mais: Meta de inflação não é cumprida desde 2001 Índice
|