São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grandes empresas investem mais

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os investimentos da indústria, impulsionados especialmente pelas exportações, se concentraram ainda mais em grandes empresas nos últimos anos no país. É o que revela a Pesquisa Industrial Anual do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2002, a participação das 20 maiores companhias no total dos investimentos da indústria ficou em 40% -esse percentual era de 37% em 1996. Dessas 20 companhias, 19 eram exportadoras. O peso delas nas vendas ao exterior, porém, cresceu de 15% para 18% de um período para o outro.
Por outro lado, a participação das pequenas empresas (até cem funcionários) no total investido caiu de 7,7% para 7,2%.
"Os dados mostram que o investimento é determinado pela decisão das maiores empresas e que há uma relação grande com as exportações", disse Silvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.
Além dos exportadores, a pesquisa mostrou ainda que os ramos ligados ao petróleo e ao agronegócio ganharam espaço não só no total de investimentos mas também no valor da produção. Na contramão, os segmentos mais voltados para o mercado interno perderam participação.
Por setores, os sete ramos que mais investiram concentraram 73% do total aplicado em 2002. Os investimentos da indústria totalizaram R$ 50 bilhões em 2002. As 20 maiores empresas, sozinhas, responderam por R$ 20 bilhões.
A maior expansão foi a do ramo de refino de petróleo e álcool, cuja participação subiu de 8,5% em 1996 para 18% em 2002. O motivo é o forte crescimento da produção de óleo nos últimos anos, segundo o IBGE. Também avançaram os investimentos do setor de minerais metálicos (principalmente ferro).
Prioritariamente voltados para o mercado interno, os segmentos de alimentos, veículos e minerais não-metálicos (insumos da construção civil) perderam espaço.
A julgar pelo crescimento das exportações em 2003 e em 2004, Sales acredita que os ramos relacionados com o comércio exterior tenham ganho participação em 2003 e que o mesmo deve acontecer neste ano.
Ao comentar o caso da indústria de veículos (cuja participação nos investimentos totais baixou de 13,4% para 9,6%), Sales disse que em 1998 o setor vivia seu melhor momento, batendo recordes de produção. Isso explica a maior fatia no bolo de investimentos dois anos antes, devido à instalação de novas unidades.

Valor da produção
Setores voltados ao mercado interno também perderam terreno no valor de transformação da indústria, uma medida que é semelhante ao PIB do setor.
O ramo de alimentos e bebidas, por exemplo, representava 17,6% do total em 1996 e passou para 16,8% em 2002. Já o de celulose e papel, destinado ao mercado externo, subiu de 3,8% para 4,6%. Em 2002, o valor da produção da indústria somou R$ 334 bilhões.


Texto Anterior: Momento positivo: Furlan estima que o país vá crescer 4%
Próximo Texto: SP perde espaço na produção e no investimento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.