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Grandes empresas investem mais
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Os investimentos da indústria,
impulsionados especialmente pelas exportações, se concentraram
ainda mais em grandes empresas
nos últimos anos no país. É o que
revela a Pesquisa Industrial Anual
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Em 2002, a participação das 20
maiores companhias no total dos
investimentos da indústria ficou
em 40% -esse percentual era de
37% em 1996. Dessas 20 companhias, 19 eram exportadoras. O
peso delas nas vendas ao exterior,
porém, cresceu de 15% para 18%
de um período para o outro.
Por outro lado, a participação
das pequenas empresas (até cem
funcionários) no total investido
caiu de 7,7% para 7,2%.
"Os dados mostram que o investimento é determinado pela
decisão das maiores empresas e
que há uma relação grande com
as exportações", disse Silvio Sales,
chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.
Além dos exportadores, a pesquisa mostrou ainda que os ramos ligados ao petróleo e ao agronegócio ganharam espaço não só
no total de investimentos mas
também no valor da produção.
Na contramão, os segmentos
mais voltados para o mercado interno perderam participação.
Por setores, os sete ramos que
mais investiram concentraram
73% do total aplicado em 2002. Os
investimentos da indústria totalizaram R$ 50 bilhões em 2002. As
20 maiores empresas, sozinhas,
responderam por R$ 20 bilhões.
A maior expansão foi a do ramo
de refino de petróleo e álcool, cuja
participação subiu de 8,5% em
1996 para 18% em 2002. O motivo
é o forte crescimento da produção
de óleo nos últimos anos, segundo o IBGE. Também avançaram
os investimentos do setor de minerais metálicos (principalmente
ferro).
Prioritariamente voltados para
o mercado interno, os segmentos
de alimentos, veículos e minerais
não-metálicos (insumos da construção civil) perderam espaço.
A julgar pelo crescimento das
exportações em 2003 e em 2004,
Sales acredita que os ramos relacionados com o comércio exterior tenham ganho participação
em 2003 e que o mesmo deve
acontecer neste ano.
Ao comentar o caso da indústria de veículos (cuja participação
nos investimentos totais baixou
de 13,4% para 9,6%), Sales disse
que em 1998 o setor vivia seu melhor momento, batendo recordes
de produção. Isso explica a maior
fatia no bolo de investimentos
dois anos antes, devido à instalação de novas unidades.
Valor da produção
Setores voltados ao mercado interno também perderam terreno
no valor de transformação da indústria, uma medida que é semelhante ao PIB do setor.
O ramo de alimentos e bebidas,
por exemplo, representava 17,6%
do total em 1996 e passou para
16,8% em 2002. Já o de celulose e
papel, destinado ao mercado externo, subiu de 3,8% para 4,6%.
Em 2002, o valor da produção da
indústria somou R$ 334 bilhões.
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