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VACA DOENTE
Acordo permite retomada da exportação, mas mantém veto a Mato Grosso, por estar próximo ao foco de aftosa no Pará
Rússia suspende parte do embargo à carne
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Rússia suspendeu parcialmente o embargo à compra de
carne brasileira. As exportações
para o país foram liberadas, exceto as de Mato Grosso, responsável
por 4,9% das vendas de carne bovina para o parceiro. Em 2003, o
Brasil vendeu US$ 100 milhões do
produto para a Rússia. "Hoje
mesmo as exportações podem ser
reiniciadas", disse o ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues,
ao anunciar o acordo entre os
dois países, assinado em Moscou.
"Dentro do acordo, há um pequeno senão", lamentou Rodrigues, ao comentar que Mato
Grosso continuava proibido de
vender carne para a Rússia. Essa
restrição foi mantida devido a
uma cláusula do acordo fitossanitário entre o Brasil e a Rússia, que
prevê a suspensão das importações de carne de Estados que fazem fronteira com a região na
qual surgiu algum foco de doença.
A Rússia proibiu a compra de
carne brasileira na sexta-feira da
semana retrassada, após o Brasil
confirmar um foco de febre aftosa
no Pará, Estado que faz fronteira
com Mato Grosso. Não há exportação de carne produzida no Pará.
Ontem, Rodrigues reclamou do
orçamento para as ações de defesa sanitária do seu ministério.
"Temos um orçamento pequeno", disse ele, que espera a liberação de mais R$ 44 milhões para a
área. O orçamento atual é de R$
68 milhões, menor do que a média dos últimos sete anos.
Contrapartida
A missão brasileira que conseguiu reabrir o mercado russo desembarcou em Moscou no início
da semana. A Rússia compra 12%
das exportações brasileiras de
carne. É o principal comprador de
carne suína do país.
Apesar de o ministro negar
qualquer relação entre o caso da
carne e uma eventual abertura do
mercado de trigo brasileiro à Rússia, os dois temas estiveram presentes na mesa de negociação.
Para Rodrigues, o Brasil deveria
ter comunicado pessoalmente a
constatação do foco para alguns
parceiros estratégicos. Segundo
ele, o Brasil seguiu os acordos internacionais e comunicou à OIE
(Organização Internacional de
Epizootia), que divulga a informação para os demais sócios.
Para Antônio Ernesto de Salvo,
presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil), "a alegação de problemas
sanitários muitas vezes esconde
problemas comerciais".
Argentina
A Argentina mantém o embargo a carne brasileira, pelo mesmo
motivo que levou a Rússia a adotar a medida. Na semana passada,
Rodrigues falou pessoalmente
com o secretário de Agricultura
da Argentina, Miguel Campos,
sobre o problema.
Segundo ele, Campos havia
prometido uma solução até ontem, mas a proibição não havia sido revogada até o fechamento
desta edição. O Brasil decidiu enviar missão técnica a Buenos Aires para discutir o embargo.
O Ministério da Agricultura forneceu ontem mais informações às
autoridades sanitárias argentinas
sobre o foco de febre aftosa no Pará.
O novo relatório, entregue durante um encontro veterinário no
Uruguai, não garantiu o fim do
embargo à carne brasileira.
Segundo o Serviço Nacional de
Sanidade e Qualidade Alimentar
da Argentina (Senasa), o documento será avaliado e não há data
prevista para o fim das restrições.
Colaborou Cláudia Dianni
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