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Desavenças no
G20 ameaçam
negociações
DA ENVIADA ESPECIAL A GENEBRA
Não é apenas a queda de
braço entre os EUA e a União
Européia que ameaça levar a
rodada de Doha a uma crise e
inviabilizar toda negociação
que vem ocorrendo desde
2001 para reduzir os subsídios agrícolas e as barreiras
comerciais e industriais no
mundo.
Interesses conflitantes
dentro do G20 colocam o
Brasil em lado oposto à Índia
e podem criar um racha no
grupo que reúne as economias em desenvolvimento,
fortes exportadoras agrícolas e também importadoras
de outros produtos.
Além disso, países menores e considerados vulneráveis ameaçam boicotar a rodada de negociações, que foi
oficialmente aberta ontem
em Genebra, se não tiverem
suas reivindicações incluídas
nesse debate.
A discussão central nas
reuniões desta semana na
OMC (Organização Mundial
do Comércio) é a redução
dos subsídios dados pelo governo dos EUA aos seus agricultores. A UE acena com um
corte maior das tarifas de importação dos seus produtos
agrícolas se houver essa flexibilização.
Depois de uma série de
reuniões prévias nos últimos
dois dias, chegou-se a um
ponto em que para conseguir
um avanço mínimo nessa
área é preciso discutir como
ficarão as exceções ao regime
que nem está fechado, os
chamados produtos sensíveis e especiais.
Entretanto, essa discussão
gera um embate dentro do
G20. O Brasil, nessa área, se
alia aos EUA e quer que seja
desenhado um regime com o
mínimo de exceções possíveis. Já a Índia está ao lado
dos europeus por uma lista
maior de produtos com tratamentos diferenciados ou
fora das regras.
Ontem, durante entrevista
coletiva, o ministro do comércio da Índia, Kamal
Nath, mostrou-se bastante
irritado com os encontros
ocorridos ao longo do dia.
"Subsídios são uma distorção ao comércio. Os mecanismos de defesa contra os
subsídios são as tarifas. Minha única possibilidade é
usá-las porque não farei isso", questionou.
Segundo ele, nessa rodada
de negociação inverteu-se a
pauta de discussão acertada
no final do ano passado, durante encontro em Hong
Kong. "Em Hong Kong decidiu-se que os países em desenvolvimento teriam mais
acesso na área agrícola. Agora, em Genebra, só se fala em
dar acesso aos mercados dos
países em desenvolvimento
para as economias desenvolvidas".
Como se não bastasse mais
essa batalha, há ainda outra
briga que corre nos bastidores da OMC e envolve países
mais pobres e tidos como
vulneráveis.
Eles querem que seja ampliado o acesso privilegiado
aos mercados desenvolvidos
que ficou previamente acertado na negociações do ano
passado.
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