São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Desavenças no G20 ameaçam negociações

DA ENVIADA ESPECIAL A GENEBRA

Não é apenas a queda de braço entre os EUA e a União Européia que ameaça levar a rodada de Doha a uma crise e inviabilizar toda negociação que vem ocorrendo desde 2001 para reduzir os subsídios agrícolas e as barreiras comerciais e industriais no mundo.
Interesses conflitantes dentro do G20 colocam o Brasil em lado oposto à Índia e podem criar um racha no grupo que reúne as economias em desenvolvimento, fortes exportadoras agrícolas e também importadoras de outros produtos.
Além disso, países menores e considerados vulneráveis ameaçam boicotar a rodada de negociações, que foi oficialmente aberta ontem em Genebra, se não tiverem suas reivindicações incluídas nesse debate.
A discussão central nas reuniões desta semana na OMC (Organização Mundial do Comércio) é a redução dos subsídios dados pelo governo dos EUA aos seus agricultores. A UE acena com um corte maior das tarifas de importação dos seus produtos agrícolas se houver essa flexibilização.
Depois de uma série de reuniões prévias nos últimos dois dias, chegou-se a um ponto em que para conseguir um avanço mínimo nessa área é preciso discutir como ficarão as exceções ao regime que nem está fechado, os chamados produtos sensíveis e especiais.
Entretanto, essa discussão gera um embate dentro do G20. O Brasil, nessa área, se alia aos EUA e quer que seja desenhado um regime com o mínimo de exceções possíveis. Já a Índia está ao lado dos europeus por uma lista maior de produtos com tratamentos diferenciados ou fora das regras.
Ontem, durante entrevista coletiva, o ministro do comércio da Índia, Kamal Nath, mostrou-se bastante irritado com os encontros ocorridos ao longo do dia. "Subsídios são uma distorção ao comércio. Os mecanismos de defesa contra os subsídios são as tarifas. Minha única possibilidade é usá-las porque não farei isso", questionou.
Segundo ele, nessa rodada de negociação inverteu-se a pauta de discussão acertada no final do ano passado, durante encontro em Hong Kong. "Em Hong Kong decidiu-se que os países em desenvolvimento teriam mais acesso na área agrícola. Agora, em Genebra, só se fala em dar acesso aos mercados dos países em desenvolvimento para as economias desenvolvidas".
Como se não bastasse mais essa batalha, há ainda outra briga que corre nos bastidores da OMC e envolve países mais pobres e tidos como vulneráveis.
Eles querem que seja ampliado o acesso privilegiado aos mercados desenvolvidos que ficou previamente acertado na negociações do ano passado.


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