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Sob contestação, telefone popular chega ao mercado
Entidades de defesa do consumidor pedem a revogação do serviço; produto pretende universalizar telefonia fixa no país
Serviço é considerado caro e
traria poucas vantagens; ele não oferece descontos nos pulsos ou possibilidade de receber chamadas a cobrar
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De uso mais caro que o plano
básico atual e com poucos benefícios, o chamado telefone
popular começa a ser oferecido
hoje pelas operadoras aos consumidores de São Paulo e outras 31 cidades do país com
mais de 500 mil habitantes.
Tecnicamente conhecido como Aice (Acesso Individual de
Classe Especial), o serviço de
telefone fixo na modalidade
pré-paga enfrenta resistência
de representantes de defesa do
consumidor antes mesmo de
sair do papel.
Com o lançamento hoje do
novo serviço, dez entidades enviaram carta ao governo e ao
Ministério Público Federal pedindo a revogação do serviço
(leia texto ao lado).
O objetivo com o Aice é a universalização do acesso à telefonia fixa. Por isso, o protesto das
entidades, que vêem mais desvantagens que vantagens. Os
benefícios: menor valor da assinatura mensal e possibilidade
de evitar surpresas com a conta
no final do mês, já que se utilizarão cartões pré-pagos -em
São Paulo custará R$ 15.
O valor da assinatura obedece a um teto de no máximo 60%
da assinatura comum. Em São
Paulo, será de R$ 22,87, no Rio
de Janeiro, R$ 24,74, e em Brasília, R$ 23,15 -já incluídos os
impostos cobrados.
Mas as desvantagens são, de
fato, mais numerosas. Cada ligação paga uma taxa equivalente a dois minutos de conversa;
não é possível receber chamadas a cobrar; todos os minutos
têm o mesmo preço, inclusive
aos finais de semana, feriados e
depois das 22h; as taxas como
mudança de endereço e instalação são salgadas -em SP chega
a R$ 107,21. Quem optar pelo
Aice não poderá ter outra linha.
E, diferentemente do plano
básico, cuja assinatura dá direito a uma franquia de pulsos, o
valor pago mensalmente pelo
Aice não inclui direito a nem
um minuto de ligação.
Segundo a coordenadora do
Pro-Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor),
Maria Inês Dolci, o Aice só é
vantajoso para quem recebe ligações ou fala até 60 minutos
por mês. "Se falar três minutos
por dia, em 20 dias já estourou
o total", afirma Dolci, que também é colunista da Folha.
Um dos grandes problemas
na estratégia da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) apontado por Dolci é a
falta de divulgação dos detalhes
do serviço, algo previsto no Código do Consumidor.
"Nada foi divulgado. Faltam
informações para o consumidor fazer uma boa escolha",
afirmou.
Telefone popular
De acordo com a Anatel, as
cidades com mais de 500 mil
habitantes serão atendidas a
partir de hoje. Em São Paulo,
estão incluídas Campinas, Guarulhos, Ribeirão Preto, Santo
André, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Sorocaba, Osasco e a capital.
Em 1º de janeiro do ano que
vem, será a vez das cidades com
mais de 300 mil pessoas. Depois, em 1º de julho, os municípios com mais de 100 mil habitantes. Finalmente, no dia 1º de
janeiro de 2008, todo o território nacional terá o serviço.
Quem optar pelo Aice pode
solicitar o plano na operadora,
que terá um prazo de 30 dias a
contar do pedido para fazer a
instalação do telefone.
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