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Número de jogadores "exportados" não bate com informações do Banco Central
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de controle fiscal sobre os times brasileiros causa
prejuízo não apenas aos clubes
mas também aos cofres públicos.
Segundo o BC (Banco Central), no ano passado os contratos de câmbio registrados no
Sisbacen (Sistema de Informações do Banco Central) referentes à transferência de atletas profissionais somaram US$
131 milhões. Esse total foi proveniente da exportação de 343
atletas, dos quais 95% eram jogadores de futebol.
O número, entretanto, está
subestimado. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) registrou a transferência de 851
jogadores brasileiros no ano
passado. Em 2005, haviam sido
804. O número refere-se apenas aos jogadores profissionais,
sem contar os que são vendidos
nas categorias de base.
A CBF não define valores,
mas especialistas estimam que
nos últimos cinco anos a receita de exportação de jogadores
tenha superado US$ 1 bilhão.
Pelos registros do BC, entre
2001 e 2006, o Brasil exportou
US$ 558 milhões em jogadores.
Os jogadores expatriados
saem dos mais remotos rincões
do país para os quatro cantos
do mundo. Os times de origem
têm nomes como Esporte Clube Primavera (SP) ou Horizonte Futebol Clube (CE). Os de
destino, Siroki Brijeg, na Bósnia-Herzegóvina. Ou Wofoo
Tai Po, de Hong Kong -região
chinesa que contratou 15 jogadores nacionais.
Para o professor Carlos Henrique Ribeiro, pós-doutorando
em esporte e imigração na Universidade de Stirling (Escócia),
o aumento no número de clubes desconhecidos na exportação de atletas deve-se ao fato de
vários deles serem criados apenas para isso. Em toda transferência, o clube de origem recebe pelo menos 5% como compensação por sua formação.
Outro lado ruim da mesma
moeda é que muitos dos jogadores voltam ao país com o passe mais valorizado. Isso significa custo maior para os clubes
brasileiros. No ano passado, 311
atletas retornaram ao Brasil.
Em 2005, tinham sido 491.
Made in Brazil
"O fato de um jogador ter
nascido no Brasil serve como
marca de qualidade no futebol", diz Peter Draper, ex-diretor de marketing do Manchester United. "Mas isso prejudica
times locais que não conseguem formar bons quadros."
Edgar Jabbour, sócio da consultoria Deloitte que coordena
os trabalhos do estudo "Latin
American Football League",
concorda. Para ele, o Brasil tem
nos campos a mesma atitude
que adota na política industrial.
"Geramos muita matéria-prima, mas falta competência
na hora de fazer produto acabado", afirma. "É como na soja ou
no café: produzimos grãos, outros países os processam e nós
importamos de volta, custando
muito mais."
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