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Tarifa de energia aumenta até 15% em SP
Reajuste autorizado para a Eletropaulo supera inflação em 12 meses, que ficou em menos de 5%; para residências, alta será de 13%
Fatores que mais pesaram no aumento foram o câmbio, que corrige energia de Itaipu, e o custo das termelétricas, repassado aos consumidores
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tarifa de energia cobrada
pela Eletropaulo aumentará no
sábado. Para consumidores residenciais, o reajuste será de
12,96%. Para a indústria, o aumento chega a 15,25%. Os índices superaram a inflação medida pelo IPCA, de junho do ano
passado a maio deste ano, que
ficou em 4,67%. A distribuidora
atende a 5,8 milhões de clientes
em 24 municípios da região
metropolitana de São Paulo, incluindo a capital.
Assim como no caso das demais distribuidoras do Sul, do
Sudeste e do Centro-Oeste, que
tiveram fortes reajustes (veja
quadro nesta página), o principal culpado do aumento foi o
dólar. As alterações na taxa
cambial chegam à tarifa por
meio da hidrelétrica de Itaipu,
responsável por boa parte da
energia consumida nessas regiões. A usina binacional (Brasil-Paraguai) vende sua energia
pela moeda norte-americana.
Dessa forma, quanto mais caro o dólar, maior o custo da
energia de Itaipu e maior o repasse para o consumidor, via
tarifa. No caso da Eletropaulo,
25% da energia vendida vem
dessa usina hidrelétrica. No
ano passado, na época do reajuste, o dólar estava cotado em
R$ 1,63. No aumento anunciado ontem, foi levada em consideração a cotação de R$ 1,93
-valorização de 18,4%.
Além do efeito cambial, houve um aumento no valor em dólar cobrado pela energia da usina. A energia de Itaipu é comprada compulsoriamente pelas
distribuidoras brasileiras, como parte do esquema montado
para viabilizar a construção da
hidrelétrica na década de 80. O
valor está atrelado ao cronograma de pagamento da dívida
contraída naquela ocasião. A
usina deverá ser quitada até
2023. Até o final do ano passado, o saldo devedor era de US$
19 bilhões.
Preocupações
Os reajustes elevados preocupam o órgão regulador do setor. O diretor-geral da agência,
Nelson Hubner, já havia declarado a necessidade de rever alguns critérios quando do anúncio do reajuste da CPFL, em
abril. Na ocasião, a tarifa do
consumidor aumentou 20,19%,
e a da indústria, 24,8%.
A agência, no entanto, aplica
regras que foram definidas no
momento da privatização, nos
anos 1990. De acordo com essas
regras, uma pequena parte dos
custos das empresas é reajustada pelo IGP-M acumulado. A
maior parte, no entanto, tem
sua variação integralmente repassada ao consumidor.
Esse é o caso da energia comprada da hidrelétrica de Itaipu.
Para a Eletropaulo, os custos
com essa energia aumentaram
28,18% de 2008 para 2009.
"Não tem muito jeito. No caso de Itaipu, o ideal é que a
energia fosse vendida em
reais", disse Edvaldo Santana,
diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que
relatou o processo de reajuste
da Eletropaulo. "A partir do segundo semestre e ao longo do
ano que vem, os reajustes serão
menores", disse.
Termelétricas
A usina de Itaipu não foi a
única vilã no reajuste. As termelétricas, ligadas para evitar o
esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas, também
pressionaram a tarifa. Os consumidores da Eletropaulo vão
arcar com R$ 234 milhões para
compensar o gasto com essas
usinas, que consomem óleo,
carvão ou gás.
O governo determina o acionamento das termelétricas para garantir a segurança do abastecimento de energia. No entanto, isso acaba onerando o
consumidor e poluindo mais o
ambiente.
Por outro lado, a energia limpa de fontes renováveis, do programa Proinfa (como eólica e
solar), apesar de mais benéfica
para o planeta, é cara. De 2008
para 2009, as despesas da Eletropaulo comprando energia
de usinas desse programa aumentaram 78,28%, tudo repassado para o consumidor.
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