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BNDES capta US$ 1 bi fora do país para reforçar caixa
Demanda pelos títulos foi de cerca de US$ 4 bilhões
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou ontem
uma captação de US$ 1 bilhão
no mercado internacional, com
prazo de vencimento de dez
anos. Os recursos são destinados a complementar o orçamento de empréstimos do banco para 2009, estimado entre
R$ 100 bilhões e R$ 110 bilhões.
Denominados em dólar, os
títulos pagarão juros de 6,5% ao
ano -ou seja, superior à TJLP
(Taxa de Juro de Longo Prazo),
reduzida agora para 6% ao ano
pelo governo.
Para o BNDES, a operação foi
"excelente". "Apesar da instabilidade, as condições para o
Brasil e para alguns nomes [de
empresas] do país melhoraram
muito no mercado externo",
disse Marco Aurélio Cardoso,
chefe do Departamento Internacional do BNDES.
A demanda pelos títulos chegou perto de US$ 4 bilhões, superando com folga o valor de fechamento da operação.
"Decidimos limitar em US$ 1
bilhão porque esse é um bom
tamanho para dar liquidez aos
papéis e para a dívida não pesar
no balanço", disse Cardoso.
Historicamente, o BNDES
sempre teve o FAT (Fundo de
Amparo ao Trabalhador) como
maior fonte de recursos. Nos
anos 90, durante a gestão do
PSDB, o banco se modernizou,
procurou novas fontes de captação e lançou empréstimos
corrigidos pela variação de uma
cesta de moedas -com taxas
mais voláteis do que a tradicional TJLP. Naquele período, o
banco fez 22 emissões externas, somando US$ 6,4 bilhões.
Após uma longa ausência, de
2002 a 2007, o banco voltou ao
mercado externo com a ida de
Luciano Coutinho para a presidência da instituição. No ano
passado, o BNDES realizou
uma captação de US$ 1 bilhão.
Segundo Cardoso, a operação
fechada ontem será provavelmente a única emissão do banco no mercado externo em
2009. Novas captações em dólar, diz, estão descartadas. Dependendo das condições, ele
afirma que poderão ser feitas
emissões em euros ou em ienes,
mas não há nada definido.
A estratégia, diz, é realizar
operações externas ao menos
um vez por ano para dar "visibilidade ao BNDES" e ao papel da
instituição de fomento.
Diante da crise e da necessidade de incentivar a economia,
o BNDES teve seu caixa reforçado neste ano pelo governo. O
Tesouro, por meio de mudanças contábeis, autorizou o banco a considerar como patrimônio líquido até R$ 11 bilhões
que estavam inscritos como dívida com a União. Desse modo,
o banco pôde ampliar seu orçamento de empréstimos, sem ferir regras de alavancagem estabelecidas pelo Banco Central.
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