São Paulo, Quinta-feira, 01 de Julho de 1999
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BALANÇO
Planalto comemora cinco anos e atribui aspectos negativos, como o crescimento da dívida, às crises externas
Livro defende resultados do Plano Real

da Sucursal de Brasília

A Presidência concluiu um livro comemorativo dos cinco anos do Plano Real, lançado em 1º de julho de 1994. No livro são celebradas as "realizações econômicas e conquistas sociais" do período -enquanto boa parte das sequelas como desemprego e déficit público é atribuída ao efeito das crises externas.
O livro "5 Anos do Real - Estabilidade e Crescimento" tem texto de apresentação assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo o qual antes do plano "havia recessão, inflação e concentração de renda".
"A partir dele tivemos estabilização, crescimento e distribuição de renda", completa Fernando Henrique. Quanto ao último benefício apregoado, o livro não traz dados que o sustentem.
Aponta-se que cresceram o rendimento médio dos trabalhadores e o poder de compra do salário mínimo, o que não é suficiente para demonstrar que cresceu a participação dos mais pobres na renda nacional.
FHC diz que o país teve que enfrentar um cenário externo adverso a partir do lançamento da nova moeda, com crises no México (94/ 95), na Ásia (97) e na Rússia (98).
"Essas crises tiveram como sequelas mais visíveis o aumento das taxas de desemprego e a elevação do déficit fiscal."
É verdade que o país foi obrigado a elevar as taxas de juro -e com eles o desemprego e o déficit público- durante essas crises, mas isso só aconteceu porque a política de controle da inflação tornou o país muito dependente de capital externo.
Para FHC, o Brasil mostrou melhor capacidade de recuperação diante de choques externos do que outros países, numa referência aos índices de inflação e recessão registrados nas economias subdesenvolvidas que desvalorizaram recentemente suas moedas.
O país, de fato, teve inflação menor que a do México, recessão menor que a da Ásia e não foi obrigado a decretar moratória da dívida, como a Rússia.
A dívida pública, porém, deu um salto com a alta do dólar, passando de R$ 389 bilhões, no final de 98, a R$ 468 bilhões em abril último -um crescimento de quase R$ 80 bilhões em apenas quatro meses.

Preço e emprego
Há quatro anos, no primeiro aniversário do Plano Real, FHC foi até a padaria Júnior Pães e Complementos, no Gama (cidade-satélite de Brasília), mostrar a estabilidade dos preços conquistada.
Ontem, parte da bancada do PT no Congresso visitou a mesma padaria e constatou que o pão francês continua com o mesmo preço do início do real: R$ 0,08.
Mas o dono da padaria, Pacífico Peres, afirmou que teve de demitir quatro funcionários por causa da queda nas vendas.
Segundo o comerciante, o primeiro semestre deste ano foi o período "mais apertado" do Real.


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