São Paulo, Domingo, 01 de Agosto de 1999
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HISTÓRIA

Jornal cresce a partir de fusão com rival

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

Ao chegar às bancas da "City", o centro financeiro de Londres, pela primeira vez, no dia 13 de fevereiro de 1888, com apenas quatro páginas impressas de um lado só, o "Financial Times" apresentou-se como um "amigo do banqueiro honesto, do investidor de boa-fé e do corretor respeitável".
Hoje, mais de 111 anos depois, com uma circulação total de 398 mil exemplares, lido por uma elite internacional de cerca de um milhão de pessoas, o "FT" é o jornal econômico-financeiro mais respeitado do mundo.
Por muitos anos, competiu ferozmente com o rival "Financial News". Para se distinguir do concorrente, adotou, em 1893, o papel de cor-de-rosa, que fez escola a tal ponto de ter sido adotado por outros diários de informação econômica na Europa.
Mas, muitos anos antes das megafusões causarem assombro na atual era da globalização, os dois títulos se uniram. O sóbrio e influente "FT" de hoje é, na verdade, o resultado da fusão, em 1945, dos dois pequenos jornais que circulavam somente na "City", os até então rivais "Financial Times" e "Financial News".
Por isso, David Kynaston, historiador da Universidade de Oxford, que lançou o livro "História do "Financial Times'" para comemorar o centenário do jornal, em 1988, diz que essa história deveria se chamar "1945 e mais o que se segue", pois aquele ano foi "a data mais importante para o jornal".
A fusão teve mais sucesso do que se poderia imaginar. Editorialmente, o novo "Financial Times" transcendeu os assuntos tradicionais do jornalismo financeiro e estabeleceu uma cobertura de primeira classe nas áreas de indústria, comércio, ciência e notícias internacionais. É considerado o jornal que faz a melhor página de artes no Reino Unido.
Hoje, o "FT" é impresso simultaneamente em oito países, tendo uma circulação internacional de 160 mil exemplares.
Em 1988, no auge das comemorações do centenário, as impressoras do "Financial Times" deixaram a "City" de Londres, seguindo a romaria dos principais jornais britânicos rumo ao leste da capital para as Docklands, a área das antigas docas londrinas, onde surgiu uma nova cidade que abriga residências modernas e indústrias leves de alta tecnologia. Os departamentos editorial e de publicidade de jornal também se mudaram. Estão desde 1988 num moderno edifício ao sul da Southwark Bridge, a poucos passos do centro financeiro de Londres.
Qualificado de "A Bíblia do mercado financeiro londrino", o austero "FT" adota posições conservadoras, mas surpreendeu seus leitores, quando, em polêmico editorial, apoiou o candidato trabalhista, Neil Kinnock, nas eleições gerais de 1992, que acabaram sendo vencidas, por pequena margem, pelo candidato conservador, John Major.
Uma das campanhas mais bem-sucedidas da história da publicidade empresarial, que destaca a influência do "FT", está em cartaz nos países europeus há 15 anos.
O slogan da campanha tornou-se uma marca registrada do "Financial Times": "No "FT", no comment", ou seja, quem não leu o "Financial Times" não deve fazer comentários.


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