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HISTÓRIA
Jornal cresce a partir de fusão com rival
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
Ao chegar às bancas da "City", o
centro financeiro de Londres, pela primeira vez, no dia 13 de fevereiro de 1888, com apenas quatro
páginas impressas de um lado só,
o "Financial Times" apresentou-se como um "amigo do banqueiro
honesto, do investidor de boa-fé e
do corretor respeitável".
Hoje, mais de 111 anos depois,
com uma circulação total de 398
mil exemplares, lido por uma elite
internacional de cerca de um milhão de pessoas, o "FT" é o jornal
econômico-financeiro mais respeitado do mundo.
Por muitos anos, competiu ferozmente com o rival "Financial
News". Para se distinguir do concorrente, adotou, em 1893, o papel de cor-de-rosa, que fez escola
a tal ponto de ter sido adotado por
outros diários de informação econômica na Europa.
Mas, muitos anos antes das megafusões causarem assombro na
atual era da globalização, os dois
títulos se uniram. O sóbrio e influente "FT" de hoje é, na verdade, o resultado da fusão, em 1945,
dos dois pequenos jornais que
circulavam somente na "City", os
até então rivais "Financial Times"
e "Financial News".
Por isso, David Kynaston, historiador da Universidade de Oxford, que lançou o livro "História
do "Financial Times'" para comemorar o centenário do jornal, em
1988, diz que essa história deveria
se chamar "1945 e mais o que se
segue", pois aquele ano foi "a data
mais importante para o jornal".
A fusão teve mais sucesso do
que se poderia imaginar. Editorialmente, o novo "Financial Times" transcendeu os assuntos
tradicionais do jornalismo financeiro e estabeleceu uma cobertura
de primeira classe nas áreas de indústria, comércio, ciência e notícias internacionais. É considerado o jornal que faz a melhor página de artes no Reino Unido.
Hoje, o "FT" é impresso simultaneamente em oito países, tendo
uma circulação internacional de
160 mil exemplares.
Em 1988, no auge das comemorações do centenário, as impressoras do "Financial Times" deixaram a "City" de Londres, seguindo a romaria dos principais jornais britânicos rumo ao leste da
capital para as Docklands, a área
das antigas docas londrinas, onde
surgiu uma nova cidade que abriga residências modernas e indústrias leves de alta tecnologia. Os
departamentos editorial e de publicidade de jornal também se
mudaram. Estão desde 1988 num
moderno edifício ao sul da Southwark Bridge, a poucos passos do
centro financeiro de Londres.
Qualificado de "A Bíblia do
mercado financeiro londrino", o
austero "FT" adota posições conservadoras, mas surpreendeu
seus leitores, quando, em polêmico editorial, apoiou o candidato
trabalhista, Neil Kinnock, nas
eleições gerais de 1992, que acabaram sendo vencidas, por pequena
margem, pelo candidato conservador, John Major.
Uma das campanhas mais bem-sucedidas da história da publicidade empresarial, que destaca a
influência do "FT", está em cartaz
nos países europeus há 15 anos.
O slogan da campanha tornou-se uma marca registrada do "Financial Times": "No "FT", no
comment", ou seja, quem não leu
o "Financial Times" não deve fazer comentários.
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