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COMÉRCIO
União Européia e mais seis países também poderão aplicar sanções após americanos manterem mecanismo julgado ilegal
OMC dá direito ao Brasil de retaliar EUA
DA REDAÇÃO
A OMC (Organização Mundial
do Comércio) autorizou ontem a
União Européia, o Brasil e mais
seis países a aplicar sanções comerciais que chegam a US$ 150
milhões ao ano contra os EUA devido ao fato de os americanos não
terem eliminado uma lei que já
havia sido declarada ilegal anteriormente pela entidade.
Conhecida como "Emenda
Byrd" e promulgada em 2000, o
mecanismo autoriza o repasse do
dinheiro arrecadado com as medidas antidumping (contra a importação de alguns bens) aos produtores que solicitaram ou apoiaram a imposição das taxas. A medida antidumping impõe uma sobretaxa para importar um bem,
sob a alegação de que ele é vendido abaixo do preço de custo.
Desde então, o dispositivo já reverteu cerca de US$ 800 milhões a
produtores americanos, entre os
quais se destacam os do setor siderúrgico. O departamento do
Congresso que trata do Orçamento já havia projetado que outros
US$ 2,35 bilhões seriam distribuídos entre 2005 e 2009.
Os países que entraram com a
ação alegaram que a emenda permite aos EUA punir os exportadores duas vezes, ao impor sobretaxas e ao distribuí-las internamente aos produtores, constituindo um subsídio ilegal.
A OMC julgara ilegal a emenda
no início de 2003. Na ocasião, os
EUA receberam um prazo, até dezembro, para eliminar o mecanismo. Como não o fizeram, receberam novo parecer desfavorável.
Segundo a decisão do Órgão de
Solução de Controvérsias da
OMC, Canadá, China, Coréia do
Sul, Índia, Japão e México, além
da UE e do Brasil, poderão impor
sanções equivalentes a 72% da soma recebida pelas empresas americanas com a emenda.
O governo brasileiro disse estar
"muito satisfeito com o desfecho", mas não anunciou se aplicará as sanções, assim como o comissário da UE para o Comércio,
Pascal Lamy. "Espero que agora
os EUA removam essa medida,
evitando, dessa forma, o risco de
sanções", afirmou ontem Lamy.
O porta-voz do USTr (espécie
de ministério de comércio exterior dos EUA), Christopher Padilla, disse que o governo "cumprirá
suas obrigações no âmbito da
OMC e que trabalhará com o
Congresso para fazê-lo de modo
que possa defender o emprego e
os trabalhadores americanos".
Adversário de George W. Bush
na eleição presidencial, o candidato democrata, John Kerry, afirmou que, "uma vez mais, a administração Bush falhou ao amparar
empresas e trabalhadores americanos na OMC", o que acarreta
prejuízos à economia.
Não é a primeira vez que os
americanos perdem. Neste ano,
de forma inédita desde a criação
da OMC (1995), a UE decidiu retaliar os EUA ao aplicar sobretaxas
para vários produtos americanos,
de jóias a bens alimentícios.
Os europeus adquiriram o direito ao vencerem um processo
aberto contra um subsídio dos
EUA às empresas exportadoras
do país, também no âmbito da
OMC. Como o Congresso americano não se dispôs a eliminar a
ajuda, a UE começou a aplicar as
sanções em março -os valores
permitidos nessa contenda chegam a US$ 4 bilhões.
Com o "Financial Times"
e agências internacionais
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