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PÉ NO FREIO
Investimento perde fôlego e recua 2,2%
No primeiro trimestre, expansão do indicador havia sido de 3,7% em relação aos três meses imediatamente anteriores
Analistas dizem que queda já era esperada após ritmo mais forte de janeiro até março, mas que intensidade da redução surpreendeu
DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Os investimentos captados
no PIB no segundo trimestre
de 2006 caíram 2,2% em relação ao período anterior. Foi a
maior queda desde o primeiro
trimestre do ano passado.
O apetite por mais investimentos dentro do setor produtivo diminuiu, apesar de terem
aumentado tanto o consumo
das famílias (1,2%) quanto o do
governo (0,8%).
No primeiro trimestre deste
ano, os investimentos haviam
crescido 3,7% em relação aos
três meses finais de 2005.
Em relação ao segundo trimestre do ano passado, os investimentos (ou FBCF, Formação Bruta de Capital Fixo) aumentaram 2,9%. O consumo
das famílias, 4%, e o do governo, 1,8%.
No primeiro trimestre (em
relação a janeiro-março de
2005), os investimentos haviam crescido 9%.
"O resultado do primeiro trimestre é que foi atípico, resultado de um acúmulo de estoques na indústria", afirma o
economista Celso Toledo, da
MCM Consultores. "Não há
milagre na área de investimentos com uma política monetária tão restritiva [com juros elevados] quanto a atual."
Toledo afirma que já era esperada uma redução no ritmo
dos investimentos depois do
primeiro trimestre, quando
eles subiram fortemente. "O
que surpreendeu foi o tamanho
da queda", afirma.
Construção civil
O setor de construção civil
responde por cerca de 60% da
FBCF. Seu crescimento foi de
2,6% no segundo trimestre de
2006 contra o mesmo período
do ano passado. No primeiro
trimestre, havia sido de 3,7%.
Para Ana Maria Castelo, da
GV Consult, que realiza pesquisas para o Sinduscon (sindicato
da indústria da construção civil), há a expectativa de recuperação no setor ao longo do segundo semestre.
"Apesar da queda no trimestre, o setor continua prevendo
um crescimento geral de 5,1%
no ano", afirma. Ela destaca
que o ritmo de criação de empregos na construção "permanece bastante firme".
O real valorizado, no entanto,
é apontado como o "fator estrutural" que vem inibindo os investimentos, principalmente
no setor industrial exportador.
Bráulio Borges, economista
da LCA, diz que o resultado dos
investimentos foi "surpreendentemente ruim". Segundo
ele, o fraco desempenho da
construção civil já era previsto,
mas o setor de máquinas e
equipamentos decepcionou.
A julgar pelo comportamento do volume importado de
bens de capital no segundo trimestre (crescimento de 24,5%
ante igual período de 2005), o
economista previa um resultado melhor no período.
Alex Agostini, economista da
Austin Asis, afirma ser "natural" uma retração nos investimentos depois do crescimento
de 9% no primeiro trimestre do
ano. "Mas ainda há muito a ser
feito na área de crédito para
ajudar a alavancar a construção
civil", ressaltou.
Para a economista Tatiana
Pinheiro, do banco ABN Amro-Real, a queda dos investimentos reflete, em parte, a crise de
confiança que afetou os mercados em razão do temor de uma
desaceleração da economia
norte-americana.
"Isso atrapalhou as decisões
de investimento, mas foi um
ponto fora da curva. No segundo semestre, esperamos que
eles voltem a crescer", afirma.
(PEDRO SOARES E FERNANDO CANZIAN)
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