São Paulo, Sexta-feira, 01 de Outubro de 1999
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MERCADO FINANCEIRO
Derrota do governo faz Bovespa sofrer maior queda desde junho; dólar fecha a R$ 1,937
STF derruba Bolsa e faz dólar subir

MAURO TEIXEIRA
da Reportagem Local

A derrota do governo no STF (Supremo Tribunal Federal), que julgou inconstitucional a cobrança previdenciária de servidores, inativos e pensionistas, derrubou ontem os mercados no Brasil.
A Bolsa de São Paulo sofreu a maior queda desde 24 de junho. O mercado paulista, que operou a maior parte do dia em alta, sofreu forte recuo após as notícias vindas de Brasília e fechou com uma perda de 2,86%. Antes da decisão do STF, o pregão paulista registrava uma alta de 1,17%.
O impacto também foi grande na cotação do dólar, que alcançou seu nível mais alto desde 27 de agosto, quando fechou a R$ 1,941. A moeda norte-americana teve uma valorização de 0,73% e fechou a R$ 1,937.
O valor final do câmbio refletiu uma leve queda registrada no fechamento dos negócios. O pico do dia foi de R$ 1,947.
A decisão da Justiça teve ainda maior impacto porque ontem o mercado vivia um dia de tranquilidade, principalmente por causa das boas notícias vindas dos EUA.
A Bolsa de Nova York viveu um dia positivo, fechando com uma forte alta de 1,21%, resultado do otimismo gerado pela revisão para baixo do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano do segundo trimestre.
O índice revisado foi interpretado pelos mercados como um indicador de que o Fed (banco central dos EUA) não deve aumentar a taxa de juros em sua próxima reunião, no dia 5.
"A decisão do STF foi uma ducha de água fria no mercado, que apresentou resultado surpreendentemente bom em setembro", afirmou Hitosi Hassegawa, diretor de câmbio do Banco CCF.
Nas últimas duas semanas, a Bovespa ""descolou" de Wall Street na maior parte dos dias e vinha apresentando ganhos, enquanto a Bolsa nova-iorquina sofria pesadas perdas.
A Bolsa de São Paulo fechou o mês de setembro com alta de 5,13% -antes da decisão do STF, o ganho era de 9,95%.
Apesar da oscilação de ontem, os analistas ficaram divididos sobre a chance de a alta do dólar se sustentar nos próximos dias.
"Houve um pânico exagerado no final do dia, e a cotação deve voltar a um nível mais realista na próxima semana", disse Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Por outro lado, a diretora de câmbio da corretora Renova, Miriam Tavares, afirma que o comportamento dos mercados vai depender da resposta que o governo dará ao estrago causado pela decisão da Justiça, que deve afetar o fechamento das contas públicas.
"É preciso ficar claro de onde virão os recursos para cobrir a perda com a previdência dos inativos", disse Miriam.


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