GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou ontem o fechamento de um acordo com a Globopar (Globo Comunicações e Participações) no qual se compromete a vender as ações com direito a voto da Net, maior operadora de TV paga do país. A decisão facilita a entrada da mexicana Telmex, dona da Embratel, no capital da empresa.
O BNDES venderá cada ação ordinária por R$ 0,90, somando um total de R$ 54,124 milhões. Em 2002, quando a Net estava em grave situação financeira, o banco comprou as ações com direito a voto por R$ 0,70 cada uma. Ele tem 22,1% do capital total da Net, sendo que 7,26% são de ações ordinárias (com direito a voto). A Globopar é a acionista principal.
Em junho deste ano, a Telmex anunciou um acordo com a Net para a compra de parte do capital da empresa. O objetivo dos mexicanos é assumir o controle da empresa brasileira no futuro, tão logo a legislação do setor permita. Pelas leis atuais, sócios estrangeiros não podem ultrapassar 49% de participação no capital votante de empresas que operam serviços de TV paga no país.
Está no Senado desde 2001 um projeto que visa acabar com essa limitação. Como ainda não foi votado, os mexicanos planejam ter 49% do capital votante da Net para poder influenciar nas decisões da empresa. Por isso, a importância de a Globopar conseguir comprar as ações dos outros sócios, para depois revendê-las à Telmex.
Em agosto já havia sido realizada uma permuta de ações entre a Globopar e outro sócio, a Bradesplan, empresa ligada ao Bradesco. A Bradesplan trocou suas ações ordinárias por preferenciais e levou ainda mais R$ 15,6 milhões. Com os acordos com a Bradesplan e o BNDES, o mercado vê praticamente consolidada a entrada da Telmex, o que deverá ocorrer após a reestruturação da dívida da Net, avaliada em R$ 1,395 bilhão.


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