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Tensão faz juro subir e reduz prazo de crediário
Taxa média em setembro foi de 7,45%, diz Anefac
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise financeira nos EUA e
a alta da Selic (a taxa de juros
básica da economia brasileira)
resultaram no encarecimento
de crédito e na redução de prazos de financiamento para os
consumidores neste mês.
Levantamento preliminar da
Anefac (associação de executivos de finanças, administração
e contabilidade) mostra que a
taxa média de juros cobrada
dos consumidores em setembro está em torno de 7,45% ao
mês e de 136,85% ao ano. No
mês passado, a taxa era de
7,39% ao mês (135,27% ao ano).
Os prazos de financiamento,
que chegavam a 36 meses, principalmente para a aquisição de
veículos, não passam de 24 meses. As lojas que ofereciam até
24 meses para pagamento de
produtos eletroeletrônicos e de
informática reduziram esse
prazo para até 12 meses, segundo levantamento da Anefac.
"As instituições financeiras
estão mais seletivas na concessão de financiamento, cobrando juros mais altos e reduzindo
os prazos de financiamento, especialmente neste mês, por
conta da crise nos Estados Unidos", diz Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
Se o pacote para socorro financeiro dos bancos nos Estados Unidos for aprovado nesta
semana, é provável, na avaliação de Oliveira, que as instituições mantenham os prazos de
financiamento verificados neste mês. "Caso contrário, os prazos devem diminuir ainda mais
e o crédito, ficar mais caro."
O prazo de financiamento vai
encolher, especialmente para a
compra de veículos, na avaliação de Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. "Aquela situação de o consumidor poder comprar carro
sem pagar entrada em até 99
meses acabou, como seqüela da
crise financeira internacional."
A cautela nos empréstimos,
segundo Borges, deve durar de
seis a nove meses. "Não falta liquidez na economia doméstica,
só que as instituições brasileiras estão com receio de repassar essa liquidez para o consumo e para bancos médios. Os
bancos só devem relaxar um
pouco quando o Banco Central
começar a reduzir juros", diz.
"Se o custo do dinheiro sobe
porque a captação de recursos
no exterior ficou mais difícil, o
prazo de financiamento diminui, e a taxa de juros para o consumidor aumenta. É isso que já
começamos a perceber neste
mês. O problema não é grave no
Brasil, mas deve haver contração do ritmo de crescimento do
crédito. Como conseqüência, as
vendas a prazo devem diminuir", afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
A LCA Consultores já prevê
retração da atividade econômica por conta da restrição do
crédito para o consumidor.
"O último trimestre deste
ano e o primeiro trimestre de
2009 devem ser os períodos
mais fracos de atividade econômica no país desde 2003. Isso
quer dizer vendas de comércio
crescendo pouco e desemprego
subindo", diz Borges, da LCA.
Se o pacote de ajuda aos bancos norte-americanos for aprovado, o PIB (Produto Interno
Bruto) brasileiro cresce 5,1%
neste ano e 3,7% no ano que
vem, segundo estimativa da
LCA. E as vendas no comércio
crescem 9,6% e 4,5%, respectivamente. O setor automobilístico, segundo Borges, é que deverá sofrer mais. "As vendas de
carros devem subir 21% neste
ano e 4% em 2009. É que esse
setor foi o que mais surfou na
onda de ampliação de prazos de
financiamento", afirma Borges.
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