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AVIAÇÃO
Regras para o transporte aéreo divulgadas ontem prevêem que só uma empresa poderá voar para um destino no exterior
Passageiros vão subsidiar linhas deficitárias
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os passageiros das linhas aéreas
nacionais pagarão uma tarifa adicional sobre o preço das passagens para financiar rotas estratégicas para o desenvolvimento do
país que não são rentáveis comercialmente.
A decisão consta das diretrizes
que o Conac (Conselho Nacional
de Aviação Civil) aprovou anteontem para regulamentar o
transporte aéreo no país. Segundo
o ministro da Defesa, José Viegas,
ainda não se sabe qual será o impacto do subsídio pago pelos passageiros no preço dos bilhetes.
O Conac recomenda que o total
de recursos arrecadados com a
sobretarifa não exceda 1% do valor que as empresas arrecadam
com a venda de passagens domésticas. Para entrar em vigor, essa
medida precisa de uma lei aprovada pelo Congresso.
Os recursos arrecadados serão
aplicados no Programa de Estímulo à Malha de Integração Aérea, que poderá financiar rotas estratégicas não-rentáveis a partir
de um processo de licitação. Hoje
não existe esse fundo.
As recomendações do Conac
também alteram as regras no
mercado de vôos internacionais.
Apenas uma empresa, em quase
todos os casos, poderá voar para
um destino no exterior. Só poderá
haver uma outra companhia no
mesmo trecho quando for necessário coibir abusos de preços ou
complementar a oferta.
Segundo Viegas, a escolha das
empresas respeitará, em princípio, as concessões que as companhias já têm. Como a Varig praticamente domina esse mercado,
ela se beneficiará com a regra.
No caso dos vôos chamados regionais (América do Sul), mais de
uma empresa poderá oferecer
seus serviços.
Viegas afirmou que o objetivo é
incentivar aeroportos regionais a
receberem vôos desse tipo. A resolução que trata do assunto se
baseia na estratégia do governo de
aproximar-se dos vizinhos sul-americanos.
Ontem, Viegas divulgou 17 resoluções aprovadas pelo Conac
para estabelecer as novas regras
do setor. O Ministério da Defesa,
ao contrário do que desejavam os
ministérios da Fazenda e da Justiça, conseguiu manter barreiras à
entrada de novas empresas em
rotas que já são atendidas por outras companhias.
"O acesso ao mercado, no caso
de linhas já atendidas, ficará sujeito à análise e aprovação, pelo
DAC (Departamento de Aviação
Civil), observadas as diretrizes do
Conac", diz o documento. As diretrizes para regular a oferta de
vôos ainda não foram finalizadas.
Tarifas
Embora a posição da Defesa tenha prevalecido nesse ponto, os
ministérios da Justiça e da Fazenda conseguiram retirar do projeto
o poder do DAC de estabelecer tarifas máximas ou mínimas em rotas nas quais fossem identificados
problemas de falta de concorrência ou competição predatória.
"As tarifas serão definidas pelo
mercado", diz resolução do Conac. Abusos de preços ou práticas
anticompetitivas serão analisados
pelo Sistema Brasileiro de Defesa
da Concorrência.
Outros dois pontos recomendados pelo Conac que são de interesses das empresas são: a revisão
da carga tributária (representa
hoje 17,5% dos custos das empresas, segunda a Defesa) do setor e a
criação de um mecanismo para
baratear o preço do combustível.
O conselho pede ao Ministério de
Minas e Energia que analise a
"adequação da política de preços
dos combustíveis de aviação".
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