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Santander investe R$ 2,5 bi e quer passar Bradesco e Itaú
No plano para absorver o Real, executivos do grupo não falam em demissões
Integração começou nas áreas de apoio, atacado e atendimento a grandes empresas; fusão no varejo inicia só no final de 2009
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Santander reforçou ontem
os elogios ao Brasil e anunciou
um plano de investimentos de
R$ 2,5 bilhões, que se somarão
a ganhos de sinergia de R$ 2,7
bilhões com a absorção do banco Real até 2010.
Segundo o presidente mundial do grupo, Emilio Botín, o
objetivo do plano é um só: ultrapassar Bradesco e Itaú e se
tornar o maior banco privado
no país.
Na apresentação, o banco
vislumbrou cenários até 2050,
ano em que o PIB brasileiro
atingiria US$ 6,074 trilhões e o
país se tornaria a quinta maior
economia do mundo, atrás só
de China, EUA, Índia e Japão.
"O Brasil é o presente e o futuro da América Latina. Sempre falei que quem não estiver
no Brasil não está na América
Latina. Hoje, somos um banco
tão europeu quanto latino-americano. Metade de nossas
filiais e mais da metade de nossos funcionários estão aqui. Investimos US$ 31 bilhões na
América Latina, sendo 75% disso no Brasil. Apoiamos o Brasil
tanto nos momentos bons
quanto nos ruins. Quando os
mercados, em 2002, deram as
costas ao Brasil, nós mantivemos nossa posição a favor."
Um dos poucos bancos globais a registrar lucros sólidos
na atual crise, o Santander se
comprometeu com seus 2,8 milhões de acionistas a elevar seu
lucro no país de R$ 4,8 bilhões,
neste ano, para R$ 6,1 bilhões,
em 2009, até atingir R$ 7,9 bilhões em 2010 -patamar hoje
do Bradesco e do Itaú. "Não investimos em produtos [investimentos] tóxicos. Somos muito
prudentes e estamos enfrentando a crise atual com mais garantia do que os concorrentes."
Na apresentação dos planos,
nem Botín nem nenhum dos
outros executivos sequer falaram na palavra demissão. O
Santander emprega 22 mil funcionários, enquanto o Real tem
outros 32 mil. Enquanto sindicalistas faziam protestos em
frente às sedes dos bancos, o
presidente do Santander no
Brasil, Fabio Barbosa, afirmava
que o banco pretendia, inclusive, contratar pessoal para trabalhar em 400 novas agências
que serão abertas até 2010. "A
idéia não é de fechamento de
agências, mas de abertura. Vamos priorizar [os empregos] o
lado comercial", disse Barbosa.
Diferentemente de quando
comprou o Banespa, quando o
Santander abriu um programa
demissões que atraiu cerca de
8.000 dos 22.300 bancários
empregados à época, desta vez
o banco afirma que não precisará incentivar demissões.
O banco alega que não terá
necessidade de demitir porque
haveria uma complementaridade geográfica entre o Real e
Santander, além de alta rotatividade dos funcionários.
Por enquanto, o banco vai
trabalhar com duas bandeiras
separadamente. A questão será
reavaliada até 2010. A integração já aconteceu em algumas
áreas de atacado, que atende
grandes empresas e comércio
exterior. O private bank (gestão
de fortunas) deve ser fundido
no início de 2009. A integração
do varejo, que demanda a convergência de tecnologia, está
prevista para começar somente
a partir do terceiro trimestre de
2009. As últimas áreas que serão fundidas são as de internet
banking e o caixa do varejo.
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