São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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Santander investe R$ 2,5 bi e quer passar Bradesco e Itaú

No plano para absorver o Real, executivos do grupo não falam em demissões

Integração começou nas áreas de apoio, atacado e atendimento a grandes empresas; fusão no varejo inicia só no final de 2009

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Santander reforçou ontem os elogios ao Brasil e anunciou um plano de investimentos de R$ 2,5 bilhões, que se somarão a ganhos de sinergia de R$ 2,7 bilhões com a absorção do banco Real até 2010.
Segundo o presidente mundial do grupo, Emilio Botín, o objetivo do plano é um só: ultrapassar Bradesco e Itaú e se tornar o maior banco privado no país.
Na apresentação, o banco vislumbrou cenários até 2050, ano em que o PIB brasileiro atingiria US$ 6,074 trilhões e o país se tornaria a quinta maior economia do mundo, atrás só de China, EUA, Índia e Japão.
"O Brasil é o presente e o futuro da América Latina. Sempre falei que quem não estiver no Brasil não está na América Latina. Hoje, somos um banco tão europeu quanto latino-americano. Metade de nossas filiais e mais da metade de nossos funcionários estão aqui. Investimos US$ 31 bilhões na América Latina, sendo 75% disso no Brasil. Apoiamos o Brasil tanto nos momentos bons quanto nos ruins. Quando os mercados, em 2002, deram as costas ao Brasil, nós mantivemos nossa posição a favor."
Um dos poucos bancos globais a registrar lucros sólidos na atual crise, o Santander se comprometeu com seus 2,8 milhões de acionistas a elevar seu lucro no país de R$ 4,8 bilhões, neste ano, para R$ 6,1 bilhões, em 2009, até atingir R$ 7,9 bilhões em 2010 -patamar hoje do Bradesco e do Itaú. "Não investimos em produtos [investimentos] tóxicos. Somos muito prudentes e estamos enfrentando a crise atual com mais garantia do que os concorrentes."
Na apresentação dos planos, nem Botín nem nenhum dos outros executivos sequer falaram na palavra demissão. O Santander emprega 22 mil funcionários, enquanto o Real tem outros 32 mil. Enquanto sindicalistas faziam protestos em frente às sedes dos bancos, o presidente do Santander no Brasil, Fabio Barbosa, afirmava que o banco pretendia, inclusive, contratar pessoal para trabalhar em 400 novas agências que serão abertas até 2010. "A idéia não é de fechamento de agências, mas de abertura. Vamos priorizar [os empregos] o lado comercial", disse Barbosa.
Diferentemente de quando comprou o Banespa, quando o Santander abriu um programa demissões que atraiu cerca de 8.000 dos 22.300 bancários empregados à época, desta vez o banco afirma que não precisará incentivar demissões.
O banco alega que não terá necessidade de demitir porque haveria uma complementaridade geográfica entre o Real e Santander, além de alta rotatividade dos funcionários.
Por enquanto, o banco vai trabalhar com duas bandeiras separadamente. A questão será reavaliada até 2010. A integração já aconteceu em algumas áreas de atacado, que atende grandes empresas e comércio exterior. O private bank (gestão de fortunas) deve ser fundido no início de 2009. A integração do varejo, que demanda a convergência de tecnologia, está prevista para começar somente a partir do terceiro trimestre de 2009. As últimas áreas que serão fundidas são as de internet banking e o caixa do varejo.


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