São Paulo, Quarta-feira, 01 de Dezembro de 1999


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Desemprego cresceu 15% em 98

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

A taxa de desemprego brasileira saltou de 7,8% para 9,0% entre 1997 e 1998. O crescimento do índice no ano passado foi de 15% -maior do que o verificado nos anos anteriores do governo Fernando Henrique Cardoso. Tanto entre 1995 e 1996 quanto entre 1996 e 1997 a taxa aumentara 13%.
A Folha chegou a esses números a partir dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - 1998) divulgados ontem pelo IBGE.
A taxa de desemprego calculada pela Pnad é a mais importante porque é a única com abrangência nacional. As taxas divulgadas mensalmente pelo IBGE e pela Fundação Seade, de São Paulo, refletem apenas a situação nas regiões metropolitanas.
Na prática, a recessão do final de 1998 significou a perda do emprego para mais 1 milhão de brasileiros. Com esse reforço, o contingente de desocupados em todo o país chegou a 6,923 milhões de pessoas no ano passado.
É esse número que, dividido pela População Economicamente Ativa (PEA -total de pessoas ocupadas ou que procuram emprego), resulta na taxa de desemprego de 9%.
Os anos 90 vão ficar marcados na história do país como a década do desemprego. Apenas entre 1989 e 1998 o estoque de desempregados foi acrescido de mais de 5 milhões de brasileiros.
Os principais motivos foram a recessão provocada pelo Plano Collor nos primeiros anos da década, seguida de duas "ondas" de abertura aos produtos importados, que resultaram na perda de muitos postos de trabalho na indústria.
De 1993 a 1997 a recuperação da economia -lembra Marcio Pochmann, professor de Economia da Unicamp- não produziu uma recuperação substancial da taxa de emprego. "Como há uma pressão demográfica forte por emprego e não há geração suficiente de novas vagas, o resultado é o desemprego", afirma.
Para agravar, nos últimos dois anos as crises financeiras na Ásia e na Rússia engolfaram o Brasil e levaram à recessão do segundo semestre de 1998. Foi esse fenômeno que destruiu postos de trabalho e produziu o contingente de 1 milhão de novos desempregados captados pela Pnad.
Do ponto de vista regional, o maior crescimento do desemprego no ano passado aconteceu justamente na região mais industrializada do Brasil. A taxa de desocupação no Sudeste aumentou 21%, chegando a 10,8% da PEA.
Ultrapassou o índice de desemprego da região Norte urbana(10,1%) e tornou-se, assim, a mais alta do país.
A indústria não foi a única afetada. A perda de vagas na agricultura também provocou crescimento acelerado do desemprego na região Centro-Oeste, onde a taxa subiu 20% em relação a 1997 e alcançou o patamar inédito de 8,8% da PEA.
Os Estados do Sul também sofreram aumento expressivo no percentual de desocupados: 15%. Sua taxa de desemprego foi a 7,4% da PEA, e a região perdeu o status de menor índice de desocupação do país.
Esse mérito cabe agora ao Nordeste. Embora o desemprego nos Estados nordestinos também tenha aumentado entre 1997 e 1998, o crescimento foi menor do que nas outras regiões. Sua taxa de desocupação passou de 6,7% para 7,1% da PEA.
A taxa de desemprego entre as mulheres cresceu de 10% para 11,6% (mais 16%) entre 97 e 98. O percentual de homens ativos que ficaram desocupados cresceu menos: 14%, com a taxa de desemprego atingindo 7,2% da PEA.



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