|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desemprego cresceu 15% em 98
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
A taxa de desemprego brasileira
saltou de 7,8% para 9,0% entre
1997 e 1998. O crescimento do índice no ano passado foi de 15%
-maior do que o verificado nos
anos anteriores do governo Fernando Henrique Cardoso. Tanto
entre 1995 e 1996 quanto entre
1996 e 1997 a taxa aumentara 13%.
A Folha chegou a esses números a partir dos dados da Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios - 1998) divulgados
ontem pelo IBGE.
A taxa de desemprego calculada
pela Pnad é a mais importante
porque é a única com abrangência nacional. As taxas divulgadas
mensalmente pelo IBGE e pela
Fundação Seade, de São Paulo, refletem apenas a situação nas regiões metropolitanas.
Na prática, a recessão do final
de 1998 significou a perda do emprego para mais 1 milhão de brasileiros. Com esse reforço, o contingente de desocupados em todo
o país chegou a 6,923 milhões de
pessoas no ano passado.
É esse número que, dividido pela População Economicamente
Ativa (PEA -total de pessoas
ocupadas ou que procuram emprego), resulta na taxa de desemprego de 9%.
Os anos 90 vão ficar marcados
na história do país como a década
do desemprego. Apenas entre
1989 e 1998 o estoque de desempregados foi acrescido de mais de
5 milhões de brasileiros.
Os principais motivos foram a
recessão provocada pelo Plano
Collor nos primeiros anos da década, seguida de duas "ondas" de
abertura aos produtos importados, que resultaram na perda de
muitos postos de trabalho na indústria.
De 1993 a 1997 a recuperação da
economia -lembra Marcio
Pochmann, professor de Economia da Unicamp- não produziu
uma recuperação substancial da
taxa de emprego. "Como há uma
pressão demográfica forte por
emprego e não há geração suficiente de novas vagas, o resultado
é o desemprego", afirma.
Para agravar, nos últimos dois
anos as crises financeiras na Ásia
e na Rússia engolfaram o Brasil e
levaram à recessão do segundo
semestre de 1998. Foi esse fenômeno que destruiu postos de trabalho e produziu o contingente
de 1 milhão de novos desempregados captados pela Pnad.
Do ponto de vista regional, o
maior crescimento do desemprego no ano passado aconteceu justamente na região mais industrializada do Brasil. A taxa de desocupação no Sudeste aumentou 21%,
chegando a 10,8% da PEA.
Ultrapassou o índice de desemprego da região Norte urbana(10,1%) e tornou-se, assim, a
mais alta do país.
A indústria não foi a única afetada. A perda de vagas na agricultura também provocou crescimento acelerado do desemprego
na região Centro-Oeste, onde a
taxa subiu 20% em relação a 1997
e alcançou o patamar inédito de
8,8% da PEA.
Os Estados do Sul também sofreram aumento expressivo no
percentual de desocupados: 15%.
Sua taxa de desemprego foi a
7,4% da PEA, e a região perdeu o
status de menor índice de desocupação do país.
Esse mérito cabe agora ao Nordeste. Embora o desemprego nos
Estados nordestinos também tenha aumentado entre 1997 e 1998,
o crescimento foi menor do que
nas outras regiões. Sua taxa de desocupação passou de 6,7% para
7,1% da PEA.
A taxa de desemprego entre as
mulheres cresceu de 10% para
11,6% (mais 16%) entre 97 e 98. O
percentual de homens ativos que
ficaram desocupados cresceu menos: 14%, com a taxa de desemprego atingindo 7,2% da PEA.
Texto Anterior: Indicadores sociais mostram evolução Próximo Texto: BNDES quer segurar tarifa pública Índice
|