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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Mesmo com a venda de ações pelos investidores, em busca de lucro, gestores prevêem estabilidade

Bolsa deve manter índice de 20 mil pontos


MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de bater recordes na semana passada, a Bolsa deve agora se firmar em torno de 20 mil pontos, com a possibilidade de os investidores embolsarem parte dos lucros, segundo gestores. O próximo alvo passa a ser 21 mil pontos, se o cenário continuar favorável.
Liquidez e busca de retorno ainda forte no exterior, além de inflação em baixa, câmbio tranquilo e atividade ainda patinando para se recuperar, o que possibilita novas quedas dos juros, justificariam a trajetória ainda de alta, afirmam gestores.
Números redondos como 20 mil pontos costumam representar uma barreira psicológica e afugentar o investidor.
Temerosos da grande valorização -79,12% no ano, no Ibovespa (índice das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo)-, investidores tendem a vender ações para ficar com o lucro, o que costuma derrubar o índice. Desta vez, porém, apesar das vendas, o Ibovespa deverá oscilar menos na semana, graças ao grande fluxo para a Bolsa.
O Ibovespa bateu os dois recordes mais recentes (19.960 pontos e 20.183 pontos) nos dois últimos pregões da semana, dias de fraco movimento de estrangeiros -e de liquidez- devido ao feriado nos Estados Unidos na quinta-feira, o que gera desconfiança.
"Talvez [o Ibovespa] abra na próxima segunda-feira [hoje] com algum recuo", diz Jorge Simino, diretor do Unibanco Asset Management. "Mas a Bolsa deve se consolidar nessa faixa."
Resultados das empresas no terceiro trimestre também colaboraram. "Esses números mostram que, apesar das dificuldades, as empresas melhoraram a gestão e os bons resultados devem se alavancar em 2004", diz Gustavo Alcântara, gestor do banco Prosper.
Embora Wall Street também venha ajudando -boas notícias relativas ao PIB dos EUA impulsionaram as Bolsas-, esta semana deve ser mais fraca. "Mas mais para cima do que para baixo. Aqui [no Brasil] subiu um pouco demais", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da Planner.
Há cerca de dois meses, era difícil encontrar quem previsse que o Ibovespa ultrapassaria os 20 mil pontos no final de novembro.

Elétricas
O IEE (Índice de Energia Elétrica) da Bovespa, com 11 ações, subiu 9,2% na semana passada, com a expectativa de um modelo regulatório para o setor, que está sendo discutido pelo governo.
As elétricas vêm sofrendo há quatro anos devido à falta de regras, ao endividamento em dólar, à alta do câmbio e ao apagão.
"Subiu porque é uma tentativa de solução estrutural -não mais um remendo, um empréstimo. Somam-se ainda preços deteriorados a um ambiente favorável para a Bolsa", diz Simino.
Em dólar, porém, a recuperação está longe dos níveis em que o setor já negociou suas ações. "O mercado está antecipando que sairá o modelo porque o país precisa do setor para crescer. Ele tornará as empresas mais rentáveis. Podem estar baratas se ele vier, mas é uma aposta", diz Alcântara.
Na sexta-feira, muitos papéis do setor caíram. Analistas esperam atraso na divulgação do modelo. Versões da minuta não foram bem recebidas. "Não havia razão para subir, com tantas críticas às versões da minuta", diz Neves.

Agenda
O índice mais importante da semana, pela sinalização que pode oferecer, é o de desemprego nos EUA, que será conhecido na sexta-feira. Nesse dia, saem o INPC e o IPCA brasileiros de novembro.


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