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MERCADO FINANCEIRO
Mesmo com a venda de ações pelos investidores, em busca de lucro, gestores prevêem estabilidade
Bolsa deve manter índice de 20 mil pontos
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de bater recordes na semana passada, a Bolsa deve agora
se firmar em torno de 20 mil pontos, com a possibilidade de os investidores embolsarem parte dos
lucros, segundo gestores. O próximo alvo passa a ser 21 mil pontos,
se o cenário continuar favorável.
Liquidez e busca de retorno ainda forte no exterior, além de inflação em baixa, câmbio tranquilo e
atividade ainda patinando para se
recuperar, o que possibilita novas
quedas dos juros, justificariam a
trajetória ainda de alta, afirmam
gestores.
Números redondos como 20
mil pontos costumam representar uma barreira psicológica e afugentar o investidor.
Temerosos da grande valorização -79,12% no ano, no Ibovespa (índice das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São
Paulo)-, investidores tendem a
vender ações para ficar com o lucro, o que costuma derrubar o índice. Desta vez, porém, apesar das
vendas, o Ibovespa deverá oscilar
menos na semana, graças ao
grande fluxo para a Bolsa.
O Ibovespa bateu os dois recordes mais recentes (19.960 pontos e
20.183 pontos) nos dois últimos
pregões da semana, dias de fraco
movimento de estrangeiros -e
de liquidez- devido ao feriado
nos Estados Unidos na quinta-feira, o que gera desconfiança.
"Talvez [o Ibovespa] abra na
próxima segunda-feira [hoje]
com algum recuo", diz Jorge Simino, diretor do Unibanco Asset
Management. "Mas a Bolsa deve
se consolidar nessa faixa."
Resultados das empresas no terceiro trimestre também colaboraram. "Esses números mostram
que, apesar das dificuldades, as
empresas melhoraram a gestão e
os bons resultados devem se alavancar em 2004", diz Gustavo Alcântara, gestor do banco Prosper.
Embora Wall Street também venha ajudando -boas notícias relativas ao PIB dos EUA impulsionaram as Bolsas-, esta semana
deve ser mais fraca. "Mas mais
para cima do que para baixo.
Aqui [no Brasil] subiu um pouco
demais", diz Luiz Antonio Vaz
das Neves, diretor da Planner.
Há cerca de dois meses, era difícil encontrar quem previsse que o
Ibovespa ultrapassaria os 20 mil
pontos no final de novembro.
Elétricas
O IEE (Índice de Energia Elétrica) da Bovespa, com 11 ações, subiu 9,2% na semana passada, com
a expectativa de um modelo regulatório para o setor, que está sendo discutido pelo governo.
As elétricas vêm sofrendo há
quatro anos devido à falta de regras, ao endividamento em dólar,
à alta do câmbio e ao apagão.
"Subiu porque é uma tentativa
de solução estrutural -não mais
um remendo, um empréstimo.
Somam-se ainda preços deteriorados a um ambiente favorável
para a Bolsa", diz Simino.
Em dólar, porém, a recuperação
está longe dos níveis em que o setor já negociou suas ações. "O
mercado está antecipando que
sairá o modelo porque o país precisa do setor para crescer. Ele tornará as empresas mais rentáveis.
Podem estar baratas se ele vier,
mas é uma aposta", diz Alcântara.
Na sexta-feira, muitos papéis do
setor caíram. Analistas esperam
atraso na divulgação do modelo.
Versões da minuta não foram
bem recebidas. "Não havia razão
para subir, com tantas críticas às
versões da minuta", diz Neves.
Agenda
O índice mais importante da semana, pela sinalização que pode
oferecer, é o de desemprego nos
EUA, que será conhecido na sexta-feira. Nesse dia, saem o INPC e
o IPCA brasileiros de novembro.
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