São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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Economia reage no final do ano, mas empresário mantém cautela

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira se recuperou neste quarto trimestre. Em outubro, subiram a produção de embalagens, de veículos e de aço bruto, o fluxo de veículos nas estradas, o consumo de energia elétrica, o ritmo da construção civil e a arrecadação de IPI (Imposto sobre produtos Industrializados) em relação a igual mês de 2005. E a expectativa é que a reação tenha se mantido em novembro.
Além de o quarto trimestre ser, tradicionalmente, o mais forte do ano devido às festas de final de ano, ao pagamento do 13º salário e ao fato de concentrar reajustes de importantes categorias profissionais -como bancários, metalúrgicos e petroleiros-, juros em queda, maior oferta de crédito e aumento do rendimento médio do trabalhador dão mais gás à economia neste período.
"Este trimestre será melhor do que o terceiro, mas isso não quer dizer que o país já cresce de forma sustentada. É preciso ter cautela, pois a indústria, por exemplo, é muito dependente do setor automobilístico", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados. Em outubro, a produção de veículos cresceu 14,2% sobre igual mês de 2005, após cair 5,1% em setembro.
A indústria de embalagens de papelão, considerada termômetro da economia, reagiu a partir de outubro porque houve atraso nas compras de embalagens pelas indústrias.
"Com as eleições, os empresários postergaram as compras. Vamos vender caixas de papelão até a metade de dezembro, diferentemente do que acontece normalmente", diz Paulo Peres, presidente da ABPO, associação dos fabricantes de papelão ondulado. De junho a setembro, o setor vendeu menos que em igual período de 2005. Em outubro, as vendas subiram 6,6% sobre igual mês de 2005.
Essa recuperação deve levar o setor a vender em 2006 entre 1,5% e 2% mais que no ano passado, menos, porém, do que o previsto no início deste ano -entre 3% e 5% mais. "O desempenho do setor está parecido com o de 2002, o que não é algo ainda para comemorar."
André Rebelo, gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias de SP), diz que este trimestre será melhor do que o terceiro, "mas ainda não inspira estabilidade." Em outubro, o nível de atividade da indústria paulista cresceu 0,2% sobre setembro, desconsiderando os efeitos sazonais.

Bem e mal
Alguns setores vão bem; outros, mal, diz ele. "Até setembro, as indústrias extrativa mineral, de refino de petróleo e álcool, de informática e de equipamentos elétricos contribuíram com 55% do crescimento da indústria. O desempenho ainda é definido por poucos setores, o que não é bom sinal."
A indústria eletroeletrônica tem boas perspectivas para este trimestre -vendas 10% maiores do que as de igual período do ano passado. "É um bom crescimento, mas está abaixo do potencial do mercado. Em 1996, vendemos 8,5 milhões de televisores. Neste ano, a expectativa é de 10 milhões de aparelhos. É um aumento pequeno para dez anos", diz Paulo Saab, presidente da Eletros, associação dos fabricantes do setor.


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