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Braskem incorpora ativos e vira a 3ª maior das Américas
Empresa fica com 100% de participação em petroquímicas que pertenciam à Petrobras; estatal eleva parcela na Braskem para 25%
Braskem terá receita líquida anual de US$ 9,1 bilhões e
ativos de US$ 11,5 bilhões; operação deve ser
concluída em até seis meses
YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE
A Braskem, por meio de seus
acionistas majoritários Odebrecht e Norquisa, fechou acordo com a Petrobras e seu braço
químico Petroquisa para consolidar seus principais ativos.
Pelo acordo, a Braskem incorpora os ativos que pertenciam à Petrobras na Copesul,
na Ipiranga Química, na Ipiranga Petroquímica, na Petroquímica Paulínia -que deve
entrar em operação apenas em
abril de 2008- e na Petroquímica Triunfo.
Criada em 2002, a Braskem
passará a ser dona de 100% da
participação dessas empresas.
O valor total do negócio não foi
divulgado, o que deve ocorrer
nas próximas semanas.
A operação tem um prazo de
conclusão de seis meses. A
Braskem deve emitir 103,4 milhões de novas ações -das
quais 46,9 milhões de ações ordinárias e 56,5 milhões de
ações preferenciais. Dessa forma, Petrobras e Petroquisa devem aumentar sua participação
no capital social da Braskem de
6,8% para 25%. Considerando
somente o capital votante, a
participação aumenta de 8,1%
para 30%.
Segundo o presidente da
Braskem, José Carlos Grubisich, a integração dos ativos
transforma a Braskem na terceira maior petroquímica das
Américas (atrás das americanas ExxonMobil e Dow Química) em receita e a coloca entre
as 11 maiores do mundo por valor de mercado. "A Braskem
não só consolida a sua posição
no Brasil como passa a ter voz
ativa nos rumos do setor petroquímico mundial", disse.
Com a operação, a empresa
ainda elimina quase todas as
fragmentações de controle
acionário das petroquímicas
sob o seu teto. Isso só não ocorre ainda com a participação na
Petroflex -que deve ser vendida quando houver uma proposta que agrade a Braskem- e na
Triunfo, alvo de uma discussão
judicial entre a Petrobras e a
Petroplastic.
A Braskem terá a partir da
união dos ativos uma receita líquida anual de US$ 9,1 bilhões,
Ebitda (lucro antes juros, impostos, amortizações e depreciações) de US$ 1,7 bilhão e ativos de US$ 11,5 bilhões.
Veto
Sobre o fato de a Petrobras
ter participações significativas
nas duas maiores petroquímicas do país, o presidente da Petroquisa, José Lima de Andrade Neto, disse que não haverá
problema. Os acordos, tanto
com a Braskem como com a
Unipar, prevêem que a Petrobras não deterá direito a veto
sobre as decisões de ambas.
No caso da Braskem, só determinadas decisões -como a
criação de nova classe de ações,
emissão de debêntures, mudança no número de conselheiros ou possíveis aquisições-
deverão ser discutidas com a
estatal. Isso seria necessário,
diz Andrade Neto, para que o
poder político da Petrobras na
Braskem não se dilua.
Segundo o acordo, a Petrobras terá 3 das 11 cadeiras do
Conselho de Administração e
manterá tal índice enquanto a
estatal tiver ao menos 18% do
capital votante.
Próximos passos
Dado o passo de consolidação, novos investimentos deverão ser anunciados. Um dos alvos de novos acordos é o nascente Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Ele não foi incluído no acordo
entre Braskem e Petrobras, o
que deve ser colocado na mesa
de negociação em breve.
O Comperj é considerado vital para a expansão da petroquímica brasileira, já que foi
concebido para reforçar a produção de matéria-prima para o
setor.
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