São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Braskem incorpora ativos e vira a 3ª maior das Américas

Empresa fica com 100% de participação em petroquímicas que pertenciam à Petrobras; estatal eleva parcela na Braskem para 25%

Braskem terá receita líquida anual de US$ 9,1 bilhões e ativos de US$ 11,5 bilhões; operação deve ser concluída em até seis meses

YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE

A Braskem, por meio de seus acionistas majoritários Odebrecht e Norquisa, fechou acordo com a Petrobras e seu braço químico Petroquisa para consolidar seus principais ativos.
Pelo acordo, a Braskem incorpora os ativos que pertenciam à Petrobras na Copesul, na Ipiranga Química, na Ipiranga Petroquímica, na Petroquímica Paulínia -que deve entrar em operação apenas em abril de 2008- e na Petroquímica Triunfo.
Criada em 2002, a Braskem passará a ser dona de 100% da participação dessas empresas. O valor total do negócio não foi divulgado, o que deve ocorrer nas próximas semanas.
A operação tem um prazo de conclusão de seis meses. A Braskem deve emitir 103,4 milhões de novas ações -das quais 46,9 milhões de ações ordinárias e 56,5 milhões de ações preferenciais. Dessa forma, Petrobras e Petroquisa devem aumentar sua participação no capital social da Braskem de 6,8% para 25%. Considerando somente o capital votante, a participação aumenta de 8,1% para 30%.
Segundo o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, a integração dos ativos transforma a Braskem na terceira maior petroquímica das Américas (atrás das americanas ExxonMobil e Dow Química) em receita e a coloca entre as 11 maiores do mundo por valor de mercado. "A Braskem não só consolida a sua posição no Brasil como passa a ter voz ativa nos rumos do setor petroquímico mundial", disse.
Com a operação, a empresa ainda elimina quase todas as fragmentações de controle acionário das petroquímicas sob o seu teto. Isso só não ocorre ainda com a participação na Petroflex -que deve ser vendida quando houver uma proposta que agrade a Braskem- e na Triunfo, alvo de uma discussão judicial entre a Petrobras e a Petroplastic.
A Braskem terá a partir da união dos ativos uma receita líquida anual de US$ 9,1 bilhões, Ebitda (lucro antes juros, impostos, amortizações e depreciações) de US$ 1,7 bilhão e ativos de US$ 11,5 bilhões.

Veto
Sobre o fato de a Petrobras ter participações significativas nas duas maiores petroquímicas do país, o presidente da Petroquisa, José Lima de Andrade Neto, disse que não haverá problema. Os acordos, tanto com a Braskem como com a Unipar, prevêem que a Petrobras não deterá direito a veto sobre as decisões de ambas.
No caso da Braskem, só determinadas decisões -como a criação de nova classe de ações, emissão de debêntures, mudança no número de conselheiros ou possíveis aquisições- deverão ser discutidas com a estatal. Isso seria necessário, diz Andrade Neto, para que o poder político da Petrobras na Braskem não se dilua.
Segundo o acordo, a Petrobras terá 3 das 11 cadeiras do Conselho de Administração e manterá tal índice enquanto a estatal tiver ao menos 18% do capital votante.

Próximos passos
Dado o passo de consolidação, novos investimentos deverão ser anunciados. Um dos alvos de novos acordos é o nascente Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Ele não foi incluído no acordo entre Braskem e Petrobras, o que deve ser colocado na mesa de negociação em breve.
O Comperj é considerado vital para a expansão da petroquímica brasileira, já que foi concebido para reforçar a produção de matéria-prima para o setor.


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