São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Ipea rebaixa e diminui salário de economista

Marcelo Abi-Ramia Caetano perde cargo de confiança

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Duas semanas depois do afastamento pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de quatro técnicos considerados não-alinhados com o pensamento econômico do governo, o economista Marcelo Abi-Ramia Caetano, defensor da reforma da Previdência, foi rebaixado e teve seus vencimentos reduzidos.
A portaria assinada pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, foi publicada ontem no "Diário Oficial" da União. Caetano, 37, há dez anos funcionário de carreira do instituto, perdeu a condição de ocupante de cargo de confiança, que dava a ele mais status interno e um extra de R$ 1.500 no contracheque. Ele continua como servidor concursado.
Em 15 de novembro, a Folha divulgou que os economistas Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli, tidos como independentes, foram afastados pelo Ipea, que negou perseguição ideológica.
Caetano estava vinculado à Diretoria de Estudos Macroeconômicos (Dimac), que lida com temas como emprego, renda e previdência (sua especialidade), e agora está na Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos (Dirur), cujo escopo é mais específico, focado em assuntos relativos a Estados e municípios.
Por meio de sua assessoria, Pochmann afirmou que a mudança teve caráter meramente administrativo. Caetano estaria ocupando um cargo de confiança da Dimac, quando na verdade trabalhava para a Dirur. O Ipea estaria apenas corrigindo essa distorção.
O instituto declarou ainda que Caetano continua prestigiado e com liberdade total. Prova disso seria o fato de que ele está coordenando um seminário sobre Previdência na semana que vem.
A assessoria de Pochmann disse ainda que mudanças na condição de servidores que ocupam cargos de confiança são corriqueiras.
Caetano foi procurado, mas não quis se pronunciar. Afinado com o pensamento liberal, publicou trabalhos em que alerta para os crescentes custos previdenciários para o governo e defende reformas. A tese contraria o pensamento dominante do governo, que nega a existência de um rombo na Previdência e descarta mudanças nas regras da aposentadoria.


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