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Ipea rebaixa e diminui salário de economista
Marcelo Abi-Ramia Caetano perde cargo de confiança
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Duas semanas depois do
afastamento pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de quatro técnicos considerados não-alinhados com o
pensamento econômico do governo, o economista Marcelo
Abi-Ramia Caetano, defensor
da reforma da Previdência, foi
rebaixado e teve seus vencimentos reduzidos.
A portaria assinada pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, foi publicada ontem no
"Diário Oficial" da União. Caetano, 37, há dez anos funcionário de carreira do instituto, perdeu a condição de ocupante de
cargo de confiança, que dava a
ele mais status interno e um extra de R$ 1.500 no contracheque. Ele continua como servidor concursado.
Em 15 de novembro, a Folha
divulgou que os economistas
Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis
Bonelli, tidos como independentes, foram afastados pelo
Ipea, que negou perseguição
ideológica.
Caetano estava vinculado à
Diretoria de Estudos Macroeconômicos (Dimac), que lida
com temas como emprego,
renda e previdência (sua especialidade), e agora está na Diretoria de Estudos Regionais e
Urbanos (Dirur), cujo escopo é
mais específico, focado em assuntos relativos a Estados e
municípios.
Por meio de sua assessoria,
Pochmann afirmou que a mudança teve caráter meramente
administrativo. Caetano estaria ocupando um cargo de confiança da Dimac, quando na
verdade trabalhava para a Dirur. O Ipea estaria apenas corrigindo essa distorção.
O instituto declarou ainda
que Caetano continua prestigiado e com liberdade total.
Prova disso seria o fato de que
ele está coordenando um seminário sobre Previdência na semana que vem.
A assessoria de Pochmann
disse ainda que mudanças na
condição de servidores que
ocupam cargos de confiança
são corriqueiras.
Caetano foi procurado, mas
não quis se pronunciar. Afinado com o pensamento liberal,
publicou trabalhos em que
alerta para os crescentes custos
previdenciários para o governo
e defende reformas. A tese contraria o pensamento dominante do governo, que nega a existência de um rombo na Previdência e descarta mudanças
nas regras da aposentadoria.
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