São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Com crise, UBS renova gestão de fortunas

Qual investidor deixaria parte expressiva de seu patrimônio ser gerida por um banco com perdas sucessivas que somaram bilhões de dólares e com incertezas sobre sua solidez expressas diariamente no noticiário? A resposta óbvia à pergunta foi um dos maiores desafios enfrentados pela equipe de gestão de fortunas do UBS Pactual, no ano passado: segurar um investidor que, além de estar sofrendo perdas no mercado, sentia a ameaça de viver uma quebra.
"Nós sofremos muito com a crise", afirma Eduardo Oliveira, diretor da área de gestão de fortunas do UBS Pactual. "Procuramos tomar atitudes pró-ativas no sentido de tranquilizar clientes."
Na prática, isso significou dezenas de telefonemas, explicações, cafés e encontros com clientes preocupados. Tudo para mostrar que os aportes feitos no banco significavam liquidez, em caso de necessidade.
Muitos, é claro, preferiram não pagar para ver. A tal ponto que a consultoria PricewaterhouseCoopers acredita que haverá uma importante dança de cadeiras na gestão de fortunas e private banking no mundo, em 2008. O UBS é o maior gestor global da área, com ativos sob gestão da ordem de US$ 1,9 trilhão, em setembro de 2008.
"Houve um processo importante de migração de clientes nos meses de setembro e outubro, com mudanças consideráveis na carteira de clientes", afirma João Santos, sócio da área de gestão de investimentos da Price. "Alguns por motivos racionais, outros nem tanto, mas a preocupação dizia respeito à situação das matrizes."
Outro movimento importante percebido pela consultoria foi a redução acentuada nos volumes investidos, por conta da desvalorização dos ativos. Isso tende a fazer com que os próximos rankings e estudos mostrem o setor de gestão de fortunas muito mais magro em todo o mundo.
A consultoria WealthBriefing acredita que a área só voltará a se recompor em dois anos, quando os bilhões de dólares em estímulo à economia aplicados por vários governos voltarem a gerar fortunas. No Brasil, o fim da janela para abertura de capital e a saída dos estrangeiros diminuíram a possibilidade de criação de novos milionários.
De todo modo, Oliveira diz que vários clientes mais conservadores que saíram ou tiraram parte do patrimônio da gestão do UBS começam a voltar. Como parte da estratégia de atração dos investidores, o banco criou uma área de fusões e aquisições dentro do departamento de gestão de fortunas. Também passou a oferecer uma gama de serviços que vão além da gestão financeira, como reestruturação financeira, tributária e planejamento sucessório. Os serviços se estendem ao planejamento da empresa e do patrimônio familiar.

AVANTE

Arcadio Martinez, proprietário do restaurante espanhol Eñe, planeja abrir mais uma casa no Brasil neste ano. O local escolhido foi a zona sul do Rio, mas ele ainda não confirma o endereço da casa, que deve abrir as portas em abril. Martinez diz que não vai cancelar investimentos por conta da crise, mas afirma que renegociou preços com fornecedores para cortar custos do restaurante.

Rede de laboratório popular começa a funcionar na Sé

Começa a funcionar neste mês, na praça da Sé, o Vapt Vupt Saúde. Espécie de Poupa Tempo das análises clínicas, o laboratório pretende oferecer exames sem a necessidade de guias, autorizações de plano de saúde e agendamento, com preços médios 50% menores que os praticados pelo mercado.
"Há um grande espaço de atuação nessa área com a população mais carente", afirma Rogério Saladino, presidente do grupo Biofast, controlador do Vapt Vupt. "O objetivo é levar aos mais pobres exames com a mesma qualidade e rapidez dos oferecidos aos ricos, só que a preços mais acessíveis."
Segundo Saladino, enquanto um hemograma feito num laboratório localizado em regiões nobres da cidade sai a R$ 50, no Vapt Vupt ele custará R$ 7. O segredo para o preço baixo, diz ele, está na escala. O Biofast tem capacidade de processamento de 3 milhões de exames por mês. A cidade de São Paulo, por exemplo, processa 2 milhões.
Com o projeto de atender a planos de saúde e de criar seu próprio plano a partir de 2010, o empresário acredita que o grande volume de pagamentos, no entanto, será feito em dinheiro vivo. "Funcionaremos em áreas de grande concentração populacional, perto de terminais de ônibus, metrô e regiões como a 25 de Março", diz Saladino. "Nessas áreas, a quantidade de trabalhadores informais é grande e, provavelmente, haverá muitos pagamentos em dinheiro vivo."
Com investimentos de R$ 2 milhões previstos para 2009, a intenção é ter dez unidades abertas até o fim do ano, sendo cinco em São Paulo. Para 2010, o plano é investir mais R$ 4 milhões e chegar também a cidades do Nordeste.

SEM PAPEL
A SulAmérica quer economizar R$ 1 milhão com o corte no uso de papel para prestação de contas médicas e hospitalares. A empresa iniciou uma campanha para que seus 27 mil prestadores de serviços na área médica adotem o novo sistema de certificação digital de documentos que a companhia acaba de lançar. A meta é tirar de circulação 17 milhões de folhas ou 215 toneladas de papel.

LENÇOL
As vendas do segmento de cama, mesa e banho cresceram 3,5% em 2008 em relação a 2007, segundo levantamento do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo.

Governo baiano gasta R$ 150 mi em dívida fiscal

O governo da Bahia fechou o ano passado com o pagamento de R$ 150 milhões em dívidas da Lei Kandir, que retira o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) das vendas externas de produtos primários, e incentivos fiscais concedidos pelo Estado a diversas companhias.
Entre as primeiras empresas que fizeram o acordo com o governo baiano, estão a Oxiteno e a Elekeiroz, do polo petroquímico de Camaçari. As companhias estavam aguardando a liberação do pagamento dos créditos há mais de dez anos.
A Oxiteno firmou um acordo para receber R$ 69,9 milhões, em 48 parcelas mensais. Já a Elekeiroz, controlada pela holding Itaúsa, deve receber R$ 83 milhões em 66 parcelas.
O governo da Bahia exigiu uma contrapartida das empresas para o pagamento dos créditos. Elas terão que realizar investimentos na ampliação e na modernização de suas plantas industriais localizadas no Estado.
A Oxiteno também vai destinar 5% do valor a ser transferido ao Inovatec (Programa Estadual de Incentivos à Inovação Tecnológica).

MÃOS AO ALTO
A crise econômica fez aumentar os roubos a banco em Nova York, de acordo com informações do jornal "The New York Times". O número de assaltos aumentou 54%, passando de 280 em 2007 para 431 no ano passado.

BACALHAU
O governo português aprovou no dia 30 de dezembro um decreto que permite acelerar, em 2009 e 2010, a contratação de serviços públicos. Criada para combater a crise econômica internacional, a medida permite a locação de bens móveis ou a contratação de serviços de até 206 mil. O valor total do pacote de estímulo público é de 5,5 bilhões.



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