Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Maior agência do país busca manter conta das Casas Bahia
ENTREVISTA - MARCOS QUINTELA
Novo presidente da Y&R
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
O executivo Marcos Quintela
assume na próxima segunda-feira a presidência da Young&Rubicam -agência que há
oito anos lidera o ranking da
publicidade no país.
Seu maior desafio será manter a principal conta da agência,
a das Casas Bahia.
Desde que o Grupo Pão de
Açúcar adquiriu o controle
-unindo na Globex as operações de Casas Bahia e Ponto
Frio-, uma das grandes incógnitas é justamente qual será o
futuro daquela que é a maior
conta publicitária do país, que
envolve gastos com mídia superiores a R$ 2,4 bilhões ao ano.
O Pão de Açúcar gosta de trabalhar com uma agência interna. Mas, desde que comprou o
Ponto Frio, em junho do ano
passado, os contratos com as
agências que trabalham com a
rede, Fala! e DM9DDB, não foram alterados.
Quintela entrou no grupo
Newcomm, de Roberto Justus,
em 2004. Em agosto de 2008
foi promovido a diretor-geral
de operações da Y&R. Desde
então, vinha sendo preparado
para suceder Justus no comando da principal agência do grupo. A seguir, a entrevista concedida à Folha.
FOLHA - Como fica a publicidade
das Casas Bahia após a aquisição pelo Pão de Açúcar?
MARCOS QUINTELA - Para nós ainda é uma incógnita o que vai
acontecer com Casas Bahia ou
Ponto Frio. Quem disser que
sabe o que vai acontecer está
mentindo. A Globex só vai começar a pensar em fornecedores, incluindo serviços de publicidade, a partir de 15 de janeiro. É quando vão começar a
avaliar sinergias e sobreposições de uma maneira geral. De
qualquer forma, antes de uma
decisão do Cade não pode haver nenhum tipo de fusão nas
operações das empresas.
FOLHA - Qual a importância dessa
conta para a agência?
QUINTELA - As Casas Bahia correspondem a 32% do faturamento da Y&R. Mas a decisão
de manter ou não conosco cabe
aos gestores, aos acionistas.
FOLHA - A ideia de que o Pão de
Açúcar é um supermercado de elite,
caro, não pode suscitar no consumidor das Casas Bahia a ideia de que os
preços poderão subir?
QUINTELA - Minha percepção é
exatamente o oposto. A união
pode ser vista como uma forma
de reduzir preços. Elas vão poder comprar volumes maiores
de mercadorias, repassando
descontos maiores.
FOLHA - Como foi o ano de 2009
para o mercado publicitário?
QUINTELA - O ano começou com
muita preocupação e muita
cautela. Mas a cautela maior
partiu de clientes internacionais. No Brasil, apesar da marola, o mercado ficou muito aquecido.
FOLHA - Houve caso de aumento
de verba?
QUINTELA - Sim. A Danone aumentou os investimentos em
relação a 2008, a TAM também. Mas isso é muito peculiar
de cada cliente.
Não sentimos, aqui na Y&R,
nenhum corte significativo de
verba, mas uma mudança no tipo de comunicação.
FOLHA - Em que sentido?
QUINTELA - Geralmente as empresas fazem comunicação institucional para fortalecer a
marca e uma comunicação de
varejo para vender produtos,
serviços. Com a crise, no final
de 2008, houve uma migração
da campanha institucional para o varejo -que é o que gera
caixa mais rapidamente. O foco
passou a ser produto, preço,
forma de pagamento.
FOLHA - A Y&R faturou brutos
R$ 4,58 bilhões em 2008, segundo o
Ibope Monitor, considerando a compra de mídia. De janeiro a novembro
desde ano, o faturamento foi de
R$ 4,3 bilhões. Vai haver crescimento em 2009?
QUINTELA - Vamos conseguir
manter o número de 2008. Os
últimos 15 dias de dezembro
são muito importantes para a
publicidade.
FOLHA - Qual a expectativa para
2010?
QUINTELA - Temos a intenção
de crescer dois dígitos em termos de receita com os mesmos
clientes. Isso tem que andar
junto com a compra de mídia.
Para a maior empresa de publicidade do país, 10% é muito significativo. Ano de Copa do
Mundo é sempre mais aquecido e cheio de oportunidades. Os
veículos de comunicação ficam
mais aguçados e oferecem diversos pacotes ligados à Copa.
FOLHA - E novos clientes?
QUINTELA - Fomos sondados
para duas concorrências privadas no primeiro quadrimestre.
Cada uma com investimentos
em mídia inferiores a R$ 100
milhões. Haverá concorrência
para algumas contas de governo também. Estamos abertos a
isso. Nos últimos cinco anos,
não tivemos nenhuma conta
longa de governo.
FOLHA - Como a queda na audiência nos meios tradicionais e o crescimento da internet estão mudando a
propaganda?
QUINTELA - A internet vem crescendo de forma sólida e nossos
profissionais estão se adequando a esse mundo moderno,
pensando em ferramentas de
busca, em redes sociais. Mas a
publicidade tradicional, o filme
de 30 segundos na TV, não vai
morrer. O meio jornal, por sua
vez, está crescendo. Há espaço
para todo mundo: internet, TV,
mídia exterior, impresso, rádio.
Texto Anterior: Indicadores Econômicos Próximo Texto: Crise molda o Estado interventor ideal Índice
|