São Paulo, sábado, 02 de janeiro de 2010

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Maior agência do país busca manter conta das Casas Bahia

ENTREVISTA - MARCOS QUINTELA
Novo presidente da Y&R

MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O executivo Marcos Quintela assume na próxima segunda-feira a presidência da Young&Rubicam -agência que há oito anos lidera o ranking da publicidade no país. Seu maior desafio será manter a principal conta da agência, a das Casas Bahia.
Desde que o Grupo Pão de Açúcar adquiriu o controle -unindo na Globex as operações de Casas Bahia e Ponto Frio-, uma das grandes incógnitas é justamente qual será o futuro daquela que é a maior conta publicitária do país, que envolve gastos com mídia superiores a R$ 2,4 bilhões ao ano. O Pão de Açúcar gosta de trabalhar com uma agência interna. Mas, desde que comprou o Ponto Frio, em junho do ano passado, os contratos com as agências que trabalham com a rede, Fala! e DM9DDB, não foram alterados.
Quintela entrou no grupo Newcomm, de Roberto Justus, em 2004. Em agosto de 2008 foi promovido a diretor-geral de operações da Y&R. Desde então, vinha sendo preparado para suceder Justus no comando da principal agência do grupo. A seguir, a entrevista concedida à Folha.

 

FOLHA - Como fica a publicidade das Casas Bahia após a aquisição pelo Pão de Açúcar?
MARCOS QUINTELA - Para nós ainda é uma incógnita o que vai acontecer com Casas Bahia ou Ponto Frio. Quem disser que sabe o que vai acontecer está mentindo. A Globex só vai começar a pensar em fornecedores, incluindo serviços de publicidade, a partir de 15 de janeiro. É quando vão começar a avaliar sinergias e sobreposições de uma maneira geral. De qualquer forma, antes de uma decisão do Cade não pode haver nenhum tipo de fusão nas operações das empresas.

FOLHA - Qual a importância dessa conta para a agência?
QUINTELA - As Casas Bahia correspondem a 32% do faturamento da Y&R. Mas a decisão de manter ou não conosco cabe aos gestores, aos acionistas.

FOLHA - A ideia de que o Pão de Açúcar é um supermercado de elite, caro, não pode suscitar no consumidor das Casas Bahia a ideia de que os preços poderão subir?
QUINTELA - Minha percepção é exatamente o oposto. A união pode ser vista como uma forma de reduzir preços. Elas vão poder comprar volumes maiores de mercadorias, repassando descontos maiores.

FOLHA - Como foi o ano de 2009 para o mercado publicitário?
QUINTELA - O ano começou com muita preocupação e muita cautela. Mas a cautela maior partiu de clientes internacionais. No Brasil, apesar da marola, o mercado ficou muito aquecido.

FOLHA - Houve caso de aumento de verba?
QUINTELA - Sim. A Danone aumentou os investimentos em relação a 2008, a TAM também. Mas isso é muito peculiar de cada cliente. Não sentimos, aqui na Y&R, nenhum corte significativo de verba, mas uma mudança no tipo de comunicação.

FOLHA - Em que sentido?
QUINTELA - Geralmente as empresas fazem comunicação institucional para fortalecer a marca e uma comunicação de varejo para vender produtos, serviços. Com a crise, no final de 2008, houve uma migração da campanha institucional para o varejo -que é o que gera caixa mais rapidamente. O foco passou a ser produto, preço, forma de pagamento.

FOLHA - A Y&R faturou brutos R$ 4,58 bilhões em 2008, segundo o Ibope Monitor, considerando a compra de mídia. De janeiro a novembro desde ano, o faturamento foi de R$ 4,3 bilhões. Vai haver crescimento em 2009?
QUINTELA - Vamos conseguir manter o número de 2008. Os últimos 15 dias de dezembro são muito importantes para a publicidade.

FOLHA - Qual a expectativa para 2010?
QUINTELA - Temos a intenção de crescer dois dígitos em termos de receita com os mesmos clientes. Isso tem que andar junto com a compra de mídia. Para a maior empresa de publicidade do país, 10% é muito significativo. Ano de Copa do Mundo é sempre mais aquecido e cheio de oportunidades. Os veículos de comunicação ficam mais aguçados e oferecem diversos pacotes ligados à Copa.

FOLHA - E novos clientes?
QUINTELA - Fomos sondados para duas concorrências privadas no primeiro quadrimestre. Cada uma com investimentos em mídia inferiores a R$ 100 milhões. Haverá concorrência para algumas contas de governo também. Estamos abertos a isso. Nos últimos cinco anos, não tivemos nenhuma conta longa de governo.

FOLHA - Como a queda na audiência nos meios tradicionais e o crescimento da internet estão mudando a propaganda?
QUINTELA - A internet vem crescendo de forma sólida e nossos profissionais estão se adequando a esse mundo moderno, pensando em ferramentas de busca, em redes sociais. Mas a publicidade tradicional, o filme de 30 segundos na TV, não vai morrer. O meio jornal, por sua vez, está crescendo. Há espaço para todo mundo: internet, TV, mídia exterior, impresso, rádio.


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